Não entendo tudo isso...

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Capítulo 21

Ouvi a história de vida do Max mexeu muito comigo. Olhar em seus lindos olhos azuis e ver sinceridade, me deu forças para me abrir com ele e de certa forma, ele me dá segurança, conforto e confiança. Precisava me abrir com alguém e por que não com o Max, já que Guilherme tinha ido a Inglaterra ver seus pais e Erick estava em Paris. Além do mais ele é meu namorado e precisamos estreitar o relacionamento.
- Me fala Mon Ange, o que tanto deixa seus olhos tristes?
- Max - sinto meus olhos marejarem - Estou sem entender o que aconteceu e tudo que eu conhecia da minha vida nesses 24 anos de vida é tudo mentira.
- Como assim mon ange, o que te fez chegar a essa conclusão?
- Não quero ser um problema em sua vida Max, mas não tenho ninguém para conversar e estou sufocada e sinto que algo ruim vai acontecer.
- Você está me assustando mon ange, nunca deixarei nada de ruim acontecer com você e não está só, sou seu namorado e estarei sempre com você, nunca te abandonarei.
- Obrigada Max - sou puxada pela cintura e colocada em seu colo e sua boca toma a minha em possessão, me fazendo gemer em sua boca. Logo nossas línguas estão em sincronia e o ar nos falta, nos obrigando a afastar com nossas testas coladas.
- Realmente estou apaixonado por você Manuela.
- E eu por você Maxine.
- Confie em mim Manuela e me deixe cuidar de você como seu homem!?
- Nunca ninguém cuidou de mim Max, a não ser na infância com o Guilherme e a três anos com o Erick, sempre estive só, e mesmo com eles, sempre estive só.
- Agora você tem a mim mon ange, quero cuidar de você, mas precisa me dizer o que vai aqui ó - põe a mão no meu coração - para eu poder te ajudar.
Encosto minha cabeça em seu ombro e inalo seu delicioso cheiro de homem e fecho meus olhos para memorizar este delicioso aroma, ele aperta minha cintura num ato de encorajamento e percebo o carinho emanando dele, não me restando alternativa, a não ser falar.
- Fui deixada num orfanato no Rio de Janeiro ainda bebê, cresci vendo meus amigos sendo adotados, tendo alguém que os queria, uma família. Toda vez que as famílias visitavam o orfanato, eu era levada para a sala da pastora Rosângela para alguma atividade ou como muitas outras vezes, era levada pelas voluntárias para a cozinha. No dia seguinte, ficava sabendo da adoção. Nunca liguei muito pra isso, afinal, Guilherme estava comigo e nada mais importava.
Passaram-se alguns anos e a pastora ficou doente e saiu do orfanato, assumindo outra diretora, chamávamos ela de vassourinha, o cabelo dela parecia piaçava e o corpo igual ao cabo, não que fôssemos racistas, mas éramos crianças e tudo dávamos apelidos. A vida num orfanato tem pouca distração e o que tínhamos era apelidar os colegas.
Quando completei onze anos, Guilherme já tinha quinze e uma família queria um filho já grande, talvez para ensinar a administrar as empresas ou dar menos trabalho que uma criança menor e o escolhido foi Guilherme.
Perdi meu amigo e ainda tinha sete anos para ficar naquele lugar, e a cada dia ver crianças chegando e crianças saindo.
Não fiz novos amigos, me isolei e vi na pintura uma forma de estravazar toda a minha dor. Dor do abandono, dor da perda e dor da solidão. Foram longos anos, mas enfim, completei a maior idade. Uma semana antes de sair do orfanato, houve um concurso pela prefeitura de novos talentos e o orfanato foi convidado para apresentar alguns artistas, me inscrevi e fui sorteada como uma das vinte participantes.
Sai do orfanato e arrumei um emprego de balconista no bar do seu Vicente, um senhor que sempre nos visitava e me ofereceu o emprego até eu arrumar coisa melhor. Ganhei o concurso como revelação na pintura, guardei o dinheiro e continuei a trabalhar, com o premio comprei um apartamento na zona sul e fui trabalhar no Le Monde, sempre estive sozinha, até conhecer o Erick e chegar a Paris. Sempre sonhei em me tornar uma pintora famosa, mas nunca achei que conseguiria tão rápido e com os meus esforços.
Tudo estava indo bem até o nosso almoço. Fui chamada pela Lydi e levada e uma praça para conversarmos - senti os músculos de Max enrigecerem - não entendi o que ela queria, até ela me falar algumas coisas que eu não tinha conhecimento.
- O que ela te falou mon ange, que te afastou de mim?
- Ela disse que antes de trabalhar pra qualquer pessoa investiga seu passado e tenta não deixar que o mesmo influencie no seu presente. Estranhei, pois todos sabem que cresci num orfanato e meus pais biológicos sumiram, mas descobri que a história que me foi contada não é verdadeira.
- Como assim?
Retiro a carta da minha mãe da bolsa e entrego a Max, que me olha sem entender nada.
- Lydi me disse que uma amiga dela que é detetive, descobriu uma carta endereçada a pastora Rosângela e que ela deveria ter me entregado quando completasse dezoito anos, mas a pastora faleceu antes. A detetive foi atrás do pastor Agnaldo e descobriu a carta nos guardados da pastora e esta mandou por e-mail pra Lydi, que me entregou. Quero que leia Max e me ajude a entender o que aconteceu com os meus pais.
Ainda em seu colo, Max abre a carta e lê. Fico encolhida em seu peito, me sinto protegida e acolhida, não quero sair daqui.
- Manuela - ele respira fundo - algo muito grave aconteceu para que sua mãe tivesse esta atitude. Nenhum pai que ama seu filho, como a sua mãe relata aqui, abriria mão de estar junto se não fosse por segurança. Não sabemos de fato o que aconteceu, mas se me permitir, posso deixar esta carta com Adam, meu chefe de segurança e amigo pessoal, para ele descobrir mais. Não quero sua vida em risco, pedirei Adam sigilo e qualquer informação conversaremos juntos, tudo bem pra você?
- Não quero ser a última a saber das coisas Max, deixarei você me ajudar, mas terá que prometer que sempre me faltará a verdade.
- Não sou dado a mentiras Manuela, quero seu bem e sei que isso é muito importante pra você, afinal, é sua história de vida e você tem o direito de saber. Conte comigo mon ange e deixe Adam com o resto.
- Obrigada Max, não sei como te agradecer.
- Mas eu sei - sou beijada com tanto carinho que me entrego mais uma vez aos beijos apaixonantes de Maxine Charmont.
Nos afastamos aos poucos e um sorriso lindo se forma em seu rosto, me pego sorrindo também e nos beijamos de novo.
- Tenho planos pra hoje - ele fala depois de nós afastarmos.
- E quais seriam senhor Maxine Charmont!?
- Sequestrar um pintora famosa para os Alpes Suíços até amanhã, o que acha?
- Porventura Joe estaria incluso nesta aventura?
- Infelizmente não. Ele está na Colônia de férias que o hotel tem e Melissa está com ele, seremos só nós dois, vamos?
Um frio intenso se aloja na minha barriga, sei o que acontecerá se ficarmos juntos num quarto de hotel e ao mesmo tempo que me dá um medo, sinto uma necessidade de estar com ele. Durante estes poucos dias com ele, senti como se fôssemos alma gêmea e meu corpo responde a isso, uma vontade de algo mais, de uma entrega total, mas tenho medo dele recuar e me frustrar. Nunca estive com um homem antes, mas sei que se esta for a primeira vez, estarei com a pessoa certa.
- Vamos. O que preciso levar?
- Uma roupa bem quente e objetos de uso pessoal e se agasalhe bem, partiremos em uma hora.
- Preciso correr então.
- Não antes de me beijar - e assim foi.
Fui para o quarto, peguei uma pequena valise e arrumei com minhas roupas e abjetos pessoais, pego meu celular e envio uma mensagem para Lydi e depois pra Max avisando que já estou pronta.
Desço pro hall do hotel e fico aguardando Max, que surge em toda sua glória masculina.
S

Black Storm - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora