Holanda - 3 Anos Atrás

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Capítulo 1

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Capítulo 1

Saio do show e vou direto pro camarim tomar um banho e me trocar, afinal não posso sair pra jantar com Christine e  Joe com cheiro de suor. Moro com ela a dois anos e o pequeno Joe foi o motivo. Conheci Christine no autódromo de Silverstone, na Inglaterra. Seu pai é apaixonado por fórmula 1 e com isso investiu pesado na Massut, tornando-se um grande campeão.
Já fazia sucesso com a banda e fomos para a divulgação do novo carro de fórmula 1, usariam a música  strenght is strenght (força é força ) para representar a potência do carro no evento.
Fomos recepcionados por Christine e logo senti a conexão com ela, namoramos por seis meses e a dificuldade de nos ver e os shows acabaram por nos afastar. Fiquei sabendo da gravidez três meses depois de nos separar e dei toda a assistência e acabamos morando juntos assim que Joe nasceu, não queria ficar longe do meu filho.
Hoje irei pedi-la em casamento e escolhi a Holanda para isso. Faremos o último show da turnê hoje e entraremos em recesso para novas composições, nosso álbum True Line está a dois meses nas paradas e é o mais vendido no mundo, com isso temos tempo para descansar.
Saio do  camarim e esbarro com meu amigo de banda.
-E aí Maxi, vamos pra comemoração com a galera?
-Não vai dar Dilan, vou levar Christine e Joe para jantar no Le Mond e pedi-la em casamento e depois vou leva-los ao Het Arrestuhius para a comemoração do noivado, afinal já temos o Joe e vamos oficializar a relação.
-Parabéns cara, fico feliz por vocês, amo sua família e vocês merecem ser felizes.
-Valeu cara. Vou indo nessa.
-Nos vemos na Inglaterra para o comemorar o último show da turnê?
-Com certeza, estaremos lá. 
O jantar foi numa área privada para termos mais liberdade, caso contrário os fãs não me deixariam jantar. Christine estava linda e meu Joe estava de roupa parecida com a minha. Faço todo o ritual de pedido de casamento e coloco finalmente o anel de ouro branco com uma safira e rodeado de pequenos diamantes em seu dedo, a alegria dela é contagiante. Brindamos com champanhe e suco de laranja para o Joe e pra fechar com chave de ouro, entrego a chave do Porsche vermelho que ela tanto queria. Seu rosto se ilumina de felicidade e vejo a ansiedade estampada em seu olhar. Ela ama velocidade, sua família é envolvida com automobilismo e sempre que podia estava no autódromo voando na pista.
Saímos do restaurante e o manobrista trás seu Porsche e a minha Ferrari, acomodamos Joe em meu carro e eu sigo logo atrás.
Pegamos a estrada em direção ao hotel  Het Arrestuhius na fronteira com a Alemanha. Reservei com um mês de antecedência, era um dos desejos de Christine que é apaixonada por lugares exóticos. Este hotel era uma antiga prisão e foi transformada em hotel de luxo.
Reparo que ela acelera pra experimentar a potência do motor tomando uma grande distância de mim, fico preocupado, ela está correndo muito numa pista desconhecida e de mão dupla, e as vezes Christine é imprudente, gosta de adrenalina. Tento acompanhar, mas ela já está bem adiante. Sinto um peso no peito e um mal pressentimento. Acelero  e quando me aproximo vejo um caminhão vindo na contra mão, consigo desviar para o barranco e não vejo o carro dela, vejo se Joe está bem e o pego no colo e corro pra ver se a vejo e me deparo com o Porsche capotado no meio da estrada. Corro em direção a ele e tento tira-la de lá, mais não consigo. Ouço sirenes e logo vejo as ambulâncias se aproximando e a polícia me impede de chegar próximo novamente. Observo os bombeiros retirarem Christine das ferragem e colocá-la em uma ambulância. Falo que é minha mulher e me deixam entrar e seguir com ela para o hospital. Joe está assustado e chora e me agarro a ele para buscar forças.
Christine teve traumatismo craniano e hemorragia interna e estava sendo operada, mas o estado de saúde é muito grave. 
Seus pais vieram da Inglaterra para me ajudar, os rapazes da banda revezavam comigo no hospital. Foram duas semanas entre paradas cardíacas e novas cirurgias, mas infelizmente ela não resistiu e faleceu. Meu mundo desabou em questão de horas. Tudo estava perfeito, minha mulher e meu filho sorrindo e brincando e agora estou sem ela, restando apenas nós dois.
Nossa comemoração na Inglaterra foi cancelada. Meus companheiros estiveram comigo o tempo todo e depois de deixar meu coração pra trás retornei a Paris com meu filho e me dedicarei a ele.

Brasil – 3 anos atrás

Minha vida nunca foi fácil, mas sempre lutei pelo que queria. Amo cozinhar e sou ajudante de cozinha no Le Mond, restaurante francês na orla de Ipanema no Rio do Janeiro, faço faculdade de artes e meu grande sonho é ir para Paris e mostrar meus trabalhos numa galeria de artes, não sou a típica garota de Ipanema, mas sou carioca da gema.
Moro na rua Anita Garibaldi próximo a Praça do bairro Peixoto com meu grande amigo Erick. Nos conhecemos de forma inusitada. Ele estava perdido na praia de Copacabana e ao pedir informação a pessoa errada, acabou sendo assaltado e ficou sentado no calçadão por horas, não sabia o que fazer.
Sempre corro pela orla, ida e volta e observei um lindo homem de cabelos castanhos e olhos penetrantes sentado em posição de derrota. Me aproximei e perguntei se poderia ajudar, percebi o medo nos seus olhos e perguntei o que havia, foi quando ele me contou sua história, seu sotaque era uma mistura de francegues, francês com português.
Chegara ao Rio de Janeiro para trabalhar no restaurante como chefe de cozinha para aprender cardápios brasileiros e acabara de ser assaltado e não sabia o que fazer.
Fiquei sabendo que trabalharia junto com Thierry, um renomado chefe francês do Le Mond, no mesmo restaurante que eu no mesmo turno.
Ajudei a chegar no restaurante e o apresentei a todos e logo nos encontraríamos pra trabalhar, com um humor maravilhoso e com uma simpatia cativante, Erick foi me conquistando e ganhando a minha confiança. Ainda morava no albergue em Santa Tereza e ficava distante do trabalho, ainda mais com engarrafamento. Após um ano o convidei pra morar comigo e dividir as despesas, pois desenvolvemos uma grande amizade. Não tenho família, se tenho estão por aí, cresci num orfanato na Zona Oeste e ao completar a maior idade saí pra viver a minha vida. Trabalhei em um bar como atendente, depois como caixa de padaria, num restaurante popular, como ajudante de cozinha numa churrascaria e enfim no Le Mond. Sei que o futuro me reserva surpresas e estarei esperando de bom grado, seja boa ou ruim, consigo vencer todas e me fortalecer cada vez mais.

Black Storm - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora