Era quase nove da noite quando fomos dispensadas. Acândia fumava um cigarro enquanto me guiava pelo jardim do palácio. Eu conseguia ouvir o barulho da fonte e das árvores balançando com o vento.
– Para onde estamos indo? – perguntei.
– Para a colônia, Meriya...
Colônia. Fazia tanto tempo que eu não ouvia esse nome.
De longe, avistei a enorme construção. Fiquei boquiaberta. A colônia era maior do que eu me lembrava!
Três andares e era tão longa e se expandia para todos os lados, era como uma mansão.
– Tem trezentos e oito quartos – Acândia disse, tragando mais uma vez o cigarro quando chegamos na entrada. – Cresceu bastante dês de que você era criança, não é? – Ela sorriu.
– Muito!
– Tem pelo menos cinquenta quartos desocupados aqui. Boa parte dos criados tem casa e família para onde ir, mas tem uma porcentagem que... Bem – ela coça o queixo –, não. Então, eles usam a colônia.
Acândia empurrou a porta de madeira escura e uma luz poderosíssima tomou conta da minha visão. O candelabro que se estendia pelo teto era enorme. Tinha algumas poltronas espalhadas e pessoas ali estavam sentadas lendo. Lá no final, havia um balcão muito grande. Aquilo tudo era a recepção. Acândia foi até o menino que cuidava do balcão e pediu alguma coisa. O menino olhou pra mim por alguns segundos.
Fiquei constrangida. Era estranho um garoto me encarar. As pessoas não encaravam uma princesa por tanto tempo sem se desculpar depois. Desviei o olhar.
– Aqui sua chave. – Acândia jogou a chave. Agarrei com as duas mãos.
Seguimos pelo corredor, ela ia falando sobre os meus "vizinhos de quarto" e eu só ouvia. Finalmente, encarei a porta branca com detalhes dourados que supostamente era a minha. Passei a chave e abri.
Fiquei estupefata com o que vi. O quarto era pequenino, mas era tão lindo!
– Eu dei um pouco da sua cara para o quarto.
Acândia tinha feito aquilo? Decorado meu quarto desse jeito? Só havia espaço para uma cômoda, uma cama de solteiro e um guarda-roupa mas, eu tinha de admitir, era sim a minha cara.
Passei as mãos pela cortina dourada e sorri. Virei para a Acândia e corri abraçá-la.
– Eu adorei. Obrigada.
Ela riu e então me disse:
– Melhor dormir agora, né? Foi um longo dia e amanhã será outro.
Ela tinha razão. Bocejei e agradeci mais uma vez. Tirei aquele uniforme e abri o armário. Havia três camisolas ali: uma rosa, outra azul e uma verde. Escolhi a azul e me arrastei para a cama.
Caí no sono tão rápido que não tive tempo reparar em como aquele lugar parecia solitário.
♔♔♔
Acordei por causa de um barulho ensurdecedor. Olhei para o horário:
5:15 - AM
Suspirei e bati no despertador, virando para o lado da parede e fechando os olhos de novo.
Cinco minutinhos não farão mal a ninguém.
Escutei alguém batendo na porta e resmunguei.
– Vamos levantar, Melissa! – Yanna dizia do outro lado, com uma ponta de empolgação. Quem conseguia estar animada às cinco da manhã?
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Realeza Oculta
RomanceMeriya Avaglow provavelmente é a princesa mais azarada de todas as gerações da Família Real de Hallenfy. Após várias ameaças envolvendo a princesa, o rei e a rainha decidem escondê-la até que todos os traidores fossem capturados e presos. Meriya en...