Ao longo da semana, não consegui conversar com Allen. Quer dizer, nós nos encontrávamos todas as noites junto com Yanna para treinar (começamos a aprender luta com esgrima faz pouco tempo!). Mas não conseguíamos conversar de verdade, fora que ele não parecia muito confortável conversando comigo e os assuntos que falávamos envolvia muito mais luta e técnica agora. Era como se eu estivesse falando com um treinador não com um amigo-mais-que-amigo.
E aquilo era culpa minha.
Por que, por que eu tive de beijar ele aquele dia? Por que eu deixei que continuasse me tocando e depois mandasse parar?
E a maior das dúvidas:
Por que eu o mandei parar?
Estou me confundindo. Minha cabeça está em um paradoxo sem fim! Em um momento eu estava me arrependendo de tudo, e no outro, inferno, eu estava relembrando cada sensação...
Tudo está uma porcaria, nem eu consigo me entender direito.
Naquela sexta, eu estava tomando chá com minha mãe na estufa. Ela tinha dispensado os guardas, então não tinha perigo em me sentir um pouco mais confortável. Minha mãe sempre dispensava os guardas por querer privacidade, então não era algo suspeito.
Despejei o chá na xícara dela, enquanto ela parecia me estranhar.
– Você está diferente – diz e a rainha carrega um sorrisinho discreto no rosto.
– Bem, obrigada. Mas já é um pouco tarde para perceber isso, não é? – brinquei.
– Não estou falando da sua aparência, amor. Estou falando de você.
Equilibrei o chá entre as mãos.
– Não sei o que está dizendo. – falo, distraidamente. Sopro o chá e bebo um gole.
– É um garoto, né? – diz sem se censurar e eu engasgo.
Tossi algumas vezes e quase derrubei a xícara.
– Oh – Ela pousou a xícara no prato e puxou o guardanapo, limpando os pingos de chá que caíram em meu braço –, parece que acertei em cheio!
Suspirei nervosa. Me abrir com meus irmãos era uma coisa, me abrir com meus pais era algo completamente diferente.
E como se tivesse lido meus pensamentos, ela disse:
– Pode me contar qualquer coisa, filha.
Filha. Minha mãe sabia que me chamar desse jeito sempre me fazia dizer tudo. E dessa vez, não foi diferente:
– Mãe, como você soube que amava papai?
Mea olhou de mim para os brownies de chocolate.
– Eu não sei. Apenas percebi. – Tirou um dos brownies e mordeu com um sorrisinho. – Você sabe como nos conhecemos, certo?
– Em um baile de máscaras que aconteceu no centro da cidade. Meu pai foi disfarçado no baile. Tipo Cinderela – respondi e ela sorriu de um jeito enigmatico. Faz eu sentir que talvez nunca vá saber os detalhes dessa história realmente.
– Tipo Cinderela – repete, revirando os olhos. Então, ela ajeita a postura e diz: – Amei ele dês do momento em que estendeu sua mão para me chamar para dançar.
Fiz uma careta.
– Um pouco cedo, não é mesmo?
– Humpf. – Cruzou os braços e me olhou com um ar divertido brincando na ponta das íris castanhas. – Falou a garota que admitiu estar apaixonada por um homem que só conheceu há poucas semanas.
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Realeza Oculta
RomanceMeriya Avaglow provavelmente é a princesa mais azarada de todas as gerações da Família Real de Hallenfy. Após várias ameaças envolvendo a princesa, o rei e a rainha decidem escondê-la até que todos os traidores fossem capturados e presos. Meriya en...