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Mudei de posição na minha cama, mas ela parecia de repente desconfortável. Levantei a cabeça e olhei o relógio: 6:02.

Suspirei e joguei as cobertas para lá. Não estava sendo uma noite muito boa.

Eu sonhei com Allen. Poderia estar com um sorrisinho bobo no rosto, se ele tivesse sussurrado palavras bonitas para mim no sonho, mas ele estava gritando, irritado, magoado.

Frustrado (Argh. Como eu detestava essa palavra.) 

Ele dizia que menti para ele.

E de certa forma, o Allen Do Sonho – ou seria Pesadelo? – tinha razão.

Vou evitar pensar em Allen. É muito egoísmo da minha parte pensar sobre isso quando ele está ocupado com a mãe dele. Bloqueio o pensamento e salto da cama, percebendo que não vou mais conseguir dormir.

Acho que vou acordar o Owen agora – pensei, certamente com saudade de provocar meus irmãos.

Cliquei no pequeno botão ao lado da minha penteadeira e corri para o closet, tirando o vestido de laços da prateleira e vestindo rapidamente.

Vestidos eram tradição nas mulheres da família real desde que me conheço por gente. A verdade é que era, sim, um pouco cansativo usá-los. Mas, ao menos eu não precisava usar coisas desconfortáveis como espartilhos ou crinolinas – faz mais de duzentos anos que ninguém mais usa isso, pelo amor de Deus! Além disso, não era sempre que eu usava vestidos tão pesados, apenas no inverno e em dias mais frios e chuvosos. Naquele dia, escolhi algo mais leve, embora longo. O clima em Hallenfy sempre tinha a tendência a cair. 

Enfim, vestidos são por pura tradição. E eu não fazia questão em usar calça jeans, então...

Alguns minutos depois, Jane apareceu na porta do closet, transtornada. Mas quando me olhou, soltou um suspiro de alívio.

– Ah, Mery, era você. – Ela coloca as mãos no peito e respira fundo. – Não sabia que voltara a ser princesa, que susto! Fiquei preocupada!

– Preocupada? – Ri e tirei os sapatos de dentro de uma das gavetas. – Só preciso de ajuda com o cabelo.

Vesti os sapatos e fomos para a penteadeira. Me sentei e Jane começou a pentear minhas madeixas.

– Como está Angel? – perguntei, bocejando.

– Oh, ela está tão bem! É um bebê muito esperto! Ela fica com a babá ou com o Arty quando não estou com ela. Espero que vocês se conheçam logo.

Sorri enquanto ouvia ela falar da família. Conseguia até imaginar Angel: pele morena, cabelos cacheados como os de Arty e olhos bem escuros!

Isso me lembrou da minha antiga babá. Eu a detestava. Se eu tivesse um filho, provavelmente nunca o deixaria com uma babá. 

Até que em um ponto da conversa, Jane resolve mudar de assunto:

– Ah, e como está Allen? Não vi ele hoje. Aconteceu algo?

– Na verdade, aconteceu sim. Mas isso é meio pessoal, não sei se deveria contar.

– Sim, você tem razão. Seria muita grosseria da sua parte dizer. – Jane observou. – Aliás, acabei.

Olhei meus cabelos presos em um coque grosso e aprovei. Jane pegou o pente e arrumou minha franja rapidamente.

Me levantei.

– Obrigada, Jenny! – falei carinhosamente.

– Às ordens. – A amiga piscou para mim e então saiu do quarto.

Realeza OcultaOnde histórias criam vida. Descubra agora