Não consegui pregar o olho. Fiquei encarando o teto do meu pequeno quarto até provavelmente às quatro da madrugada.
Senti vontade de chorar, e a única coisa que eu estava pensando naquele momento era em como eu ainda podia sentir os lábios de Allen sobre os meus...
Formigava. Era bom.
Era tão, tão, bom.
Resultado dessa noite em claras? Quando amanheceu eu estava cansada e despreparada para trabalhar. Só sei que depois que aquele dia acabou, deitei na cama como se fosse a nuvem mais macia do céu e adormeci.
O tempo voou após isso, passei uma semana inteira desviando de Allen e evitando seus locais de rotas. Quando notei, já era 17 de abril.
Quase chorei por dentro. Fazia treze dias que eu havia virado Melissa. Só queria que tudo aquilo acabasse. Não era mais divertido: era assustador, paranoico e perigoso.
Mas eu não ia desistir. Eu podia não ter muitas pistas – se é que um cadeado quebrado e um pino inútil possam ser considerados pistas –, estar apaixonada por um guarda – que não sabe que na verdade sou a princesa –, e estar totalmente em desvantagem contra o inimigo – que nem sei qual é –, mas não ia desistir. Não agora.
O problema agora era lidar com Allen. Passei muito tempo o evitando e dês de que Yanna soube sobre as aulas de auto-defesa que eu estava planejando, não parava de falar sobre isso. E parece que hoje era o primeiro dia da tão almejada aula. Eu não ia desistir disso também, o que significava olhar para Allen e acabar tendo de explicar o que deu em mim aquele dia.
Me levantei naquela manhã mais disposta – mais disposta à voltar pra cama –, e segui rumo à cozinha, como sempre.
Faltava apenas virar à esquerda e seguir até a metade do corredor para entrar na cozinha.
Mas o dia parecia ter outros planos para mim.
– Melissa! – Ouvi aquela voz que tanto fazia meu corpo estremecer. Não precisei me virar. Sabia exatamente quem era.
Fingi que não ouvi e comecei a andar mais rápido. Ele me chamou de novo e pude ouvir seus passos firmes vindo até mim.
Só faltava meio corredor... Foi quase.
Estava prestes a começar a correr até a cozinha quando senti um dos braços dele pousar no meu ombro.
– Pare de me evitar, droga! – Allen exigiu, aborrecido.
– Não estou evitando – menti.
– Então o que está fazendo?
– Trabalhando – Pelo amor de Deus, eu mereço um tapa.
Ele bufou. Não parecia contente com a minha resposta – nem eu estava contente com ela.
– Ainda cansada? – perguntou, cruzando os braços.
Ah, eu precisei me controlar. A vontade de beijar ele naquela hora foi tão forte que dei um passo em sua direção sem perceber. Allen era simplesmente muito atraente quando estava bravo!
Espantei os pensamentos. Nada bom. Pensamentos nada bons!
– Não...
Eu não sabia o que responder.
Certo Meriya, você ainda pode escapar. Vamos correr no três!
Um...
Dois...
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Realeza Oculta
RomansaMeriya Avaglow provavelmente é a princesa mais azarada de todas as gerações da Família Real de Hallenfy. Após várias ameaças envolvendo a princesa, o rei e a rainha decidem escondê-la até que todos os traidores fossem capturados e presos. Meriya en...