Realeza Oculta

~ 21 ~

O fato é que quando Yanna apareceu no meu quarto às quatro da tarde naquele domingo, não pude deixar de ficar confusa. Passei o dia todo trancada no quarto, chorando tanto que meus olhos ficaram inchados e avermelhados.

– Yanna...? – perguntei, bocejando e me levantando da cama. – O que está fazendo aqui?

– Você esqueceu? – Não respondi. Ela suspirou. – Você prometeu ir conosco festejar.

– "Conosco"?

– As meninas estão lá fora. Mas não são desconhecidas, não se preocupe. Apenas Mary Kime, Angeliz, Sophie e Jane estão lá. 

Engasguei.

– Jane?!

Só podia estar de brincadeira com a minha cara.

– Ah! Essa você não conhece. Ela é a criada particular da princesa. Estava com licença à maternidade até uma semana atrás. Quer saber? Depois eu te apresento à ela, coloque uma roupa. As meninas estão esperan... Espera, você estava chorando? 

Dei uma risada engasgada e ignorei a pergunta dela.

– Eu não sei se eu deveria ir. – disse, tensa.

– Ah, não diga isso, você vai adorar! Vamos festejar o dia inteiro! 

Ela foi em direção ao meu guarda-roupa e tirou de lá o meu vestido azul.

Não soube o que dizer.

Yanna suspirou e fechou o guarda-roupa lentamente. Então, girou sobre os calcanhares e me jogou o vestido.

– Vá tomar um banho, eu dou um jeito no seu cabelo quando terminar.

E eu realmente fui. E aquilo me lembrou a vez em que usei as duchas compartilhadas da colônia pela primeira vez. Estava tão constrangida com todas aquelas mulheres e murmúrios ao redor que quase desisti de tomar banho naquela noite. Mas após um tempo, você se acostuma.

Mas não entenda mal, eu sinto muito falta do meu banheiro privado e do meu quarto. Sorri comigo mesma. Eu só queria voltar pra minha vida em breve.

Vesti o vestido e Yanna penteou meus cabelos rapidamente.

O vestido azul me lembrava do meu encontro com Allen. Suspirei pesadamente e fechei meus olhos.

– Ei, o que está acontecendo? – Minha amiga perguntou, tombando a cabeça para o lado.

– Acho que eu e Allen brigamos – hoje de madrugada, quase acrescentei. 

– "Acho"?

– Sim... Quero dizer, eu acho.

Contei à ela o que aconteceu. Ela franziu a testa quando cheguei na parte em que eu disse para Allen que não poderia dizer o porquê de não podermos finalizar aquilo, mas Yanna não disse nada quando terminei a narrativa.

– Bem... É totalmente compreensível da parte dele.

– Eu sei...

– Mas você gosta dele, Mel? De verdade?

Fiz que sim várias vezes. E quando percebi que balançar a cabeça não era o suficiente para expressar o sentimento que chacoalhava meu peito, apenas disse:

– Muito.

Yanna sorriu e me abraçou forte.

– Não sei qual é o seu segredo, minha amiga. Mas, se você quer saber minha opinião, deveria contar para ele.

Fiz que sim.

– Eu vou contar. É só questão de tempo.

Eu só não sabia dizer quanto tempo.