Entre Nós - [Romance Gay]

#03 - Caio e o Jogo de Futebol

-15 minutos pra conversarem e depois o grupo 1 começa a apresentar. – Disse a professora interrompendo o novato, que começara a mover os músculos da boca pra falar alguma coisa. Ele simplesmente sorriu e balançou a cabeça, como se dissesse pra alguém ir primeiro.

-Ok, eu falo. Amábile, você fala sobre mim lá na frente? –– Perguntou Caroline. Amábile confirmou com a cabeça e Caroline começou sua autodescrição. – Meu nome é Caroline, tenho 15 anos, namoro um garoto lindo e estudo aqui desde a 7ª série? – afirmava ela, meio que em tom de questionamento.- Gosto muito de ler, ouvir música e sair com meus amigos. Gosto também de ver Tv e ficar em casa, tudo no seu tempo. Um defeito meu é que as vezes sou muito teimosa, dependendo do assunto. - ela riu ao final de tudo. – Agora você Gustavo. – Ela olhou pra mim, assim como os outros dois também faziam, já que prestavam atenção nela. Acho que fiquei vermelho instantaneamente.

-Meu nome é Gustavo. – falei meio envergonhado. –Tenho 16 anos, estudo aqui faz muito tempo e meu hobby é assistir filme, seja no cinema, em casa ou no computador, desde que o filme seja interessante. Gosto de ler também, mas nada muito exagerado, nada muito nerd. – eles riram da ultima parte. -Eu continuava depois de rir um pouco - Agora você. - falava eu, jogando a peteca para Amábile. 

- Amábile, 16 anos, sempre estudei aqui e pretendo terminar o ensino médio aqui também. Futura Bióloga, apaixonada por música e por séries de TV, muitas séries! – ela falava de um jeitinho impagável único dela, que fazia com que todos rissem das caretas dadas a cada frase dita. Caroline anotava alguma coisas na folha anteriormente destacada. - Agora, o novato também tem que se apresentar né?. – ela falava nos fazendo olhar para o garoto.

Ele nos olhou, sorriu um pouco envergonhado e começou a falar, devagar e suavemente.

- Meu nome é Caio. – ele hesitou um pouco, talvez estivesse com vergonha. Sua voz era um pouco rouca, mas muito agradável. - Eu tenho 16 anos e sou novo aqui né?, -ele soltou um sorriso, fazendo-nos rir também. Seu sorriso era o mais bonito que já tinha visto, quase impossível de não ser admirado. Percebi que ele era um daqueles garotos que se tornaria o engraçadinho da turma. - Bom, eu me mudei semana passada, mas na segunda eu perdi a hora e não consegui vir pra aula.- continuava ele. - Vim morar com minha irmã agora, já que meus pais acham que aqui o estudo é melhor pra mim. -explicava, logo sendo interrompido por Caroline.

-Ah, legal. Seus pais pensam em você, isso que importa. – falavasendo logo interrompida por Amábile.

-Gente, gamei nos seus pais. Queria ter pais assim, que me liberassem pra ir morar longe e ficar praticamente sozinha.

- Não é bem assim – falava Caio, a contradizendo. – Não é fácil, e minha irmã tá sempre ligando do trabalho dela atrás de mim à tarde pra saber o que estou fazendo e ela me exige todo dia a noite, pra onde eu fui, com quem andei e tudo mais.

A Professora nos interrompeu, dizendo que logo a dinâmica iria começar e que era para todos nós nos prepararmos. Logo, estávamos na frente da sala, onde iríamos apresentar o colega de grupo e vice versa.

Era chegada a vez do nosso grupo e eu seria o primeiro. Confesso que só de andar até lá na frente, meu rosto já estava mais vermelho do que um tomate. Percebi que todos me olhavam diretamente. Isso me causava calafrios.

- Eu vou falar do novato. – eu começava a falar, enquanto todos se aquietavam, declarando interessem para saber de Caio. – Seu nome é Caio, ele tem 16 anos e veio de uma cidade pequena do interior do Estado. Ele mora com a irmã mais velha dele desde semana passada. – eu terminava, falando tudo que eu sabia daquele garoto. Ele me olhou e riu com vergonha da sala. Até agora, nenhuma de suas atitudes denunciava que ele pudesse ter qualquer tendência ao mínimo “suspeita”. Logo depois de eu terminar, a professora já mandou que Caio começasse a falar de mim. Dito e feito, ele falou de mim e para minha mais grande surpresa, ele lembrara de tudo que eu havia o dito, da mesma maneira como eu havia dito.

Caroline e Amábile fizeram o mesmo processo. Se apresentaram, e a professora disse que poderíamos sentar e assim o fizemos. Quando demos por conta, a segunda aula estava acabando, assim como o tempo em sala daquela professora na semana. Aquela aula havia sido proveitosa pois pude saber mais de Caio e de alguns outros colegas de sala meus, alem de me aproximar um pouco de Caroline, que na verdade era uma menina mais legal do que eu imaginara.

Na saída para o intervaolo depois de Amábile me puxar para fora da sala, perdi Caio de vista, fiquei sem o ver durante todo o recreio. Na terceira aula, que seria de educação física, nossa professora atrasou 10 minutos e deu algum tempo pra Amábile puxar conversa comigo meio a sós, já que sentávamos no fundo, e todos estavam do lado de fora da sala esperando pela professora.

-Guga ?- perguntava ela, enquanto eu ficava com a cabeça encostada na parede de olhos fechados.

- Que foi Amábile? – respondi, ainda sem abrir os olhos.

- O que você achou do garoto novo?

- O Caio? – eu perguntava, querendo que ela fosse mais especifica em relação a “achar o que?.”

- Não não, do meu recém descoberto tio, Príncipe Charles. – eu tive de rir e abrir os olhos nessa hora. Só Amábile me fazia rir daquele jeito. – Claro que é o Caio né Gustavo.

- Ah, sei lá. Era pra mim achar algo?

- Lógico que sim, pelo menos legal, coisas do tipo.

- Não sei, não senti nada sobre ele. Ele parece ser legal, mas é muito tímido, pelo menos ainda.

- Eu achei ele gatinho. – Ria Amábile enquanto falava. Eu só ri e fiquei em silencio. Logo a professora Vera chegou na sala e nem se apresentou, afinal a turma toda já a conhecia de tempos atrás. Somente Caio ainda sobrava naquele inicio de aula, mas a professora nem deve ter o percebido de primeira vista. Depois da chamada, Vera nos levou para o ginásio onde as aulas eram feitas e lá ela explicou que precisava montar um time de futebol do ensino médio, para competir em campeonatos e, obrigatoriamente, alguns alunos tinham de ser da nossa sala. Pra nossa surpresa e até mesmo pra surpresa da professora, metade dos meninos da sala se candidatou, incluindo Caio. Não que o povo não gostasse de futebol, pelo contrario, eles eram preguiçosos demais para treinar regularmente e cumprir outras exigências do time. 

Após anotar o nome de todos os candidatos, Vera decidiu pô-los para jogar e nos fez assistir aquilo. Como haviam apenas duas vagas para o time, depois de ver o jogo deles ela decidiria quais dos alunos seriam os escolhidos para entrarem para o ‘time do colégio’, como já estava sendo chamado. Após muita enrolação que confesso não saber descrever pois nada sei de futebol, a professora apitou e chamou todos para o lugar onde estávamos sentados. Pediu a eles que sentassem também e disse que anunciaria os selecionados.  Pra minha surpresa e interior tristeza, Caio e Hugo foram os escolhidos.

- Legal, ele era o tímido da sala, agora vai ser o popular. Quer apostar? – disse Amábile. E era verdade, todos os garotos que praticavam algum esporte em nossa escola, assim como em muitas outras, acabam sendo os populares daquele colégio. Eu torcia pra aquilo não acontecer, não com ele.

Depois do fim da quarta aula, eu e Amábile fomos embora acompanhados de Carol, que agora pedira que a chamássemos assim. Durante todo o caminho Caio ficava na minha cabeça. Eu não conseguia me imaginar ficando com ele, mas já sentia um enorme carinho por aquele garoto. Uma vontade de abraçar, de ficar perto..mesmo longe.  Eu estava definitivamente perdido.