#06 - Jantar, Pt I

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No sábado acordei tarde, já passado do meio dia. Meus pais haviam saído e eu não sabia ao certo o que faria durante a tarde. Levantei da cama e fui direto ao banheiro, tomei um longo banho quente. Caio não saía da minha cabeça. Como ele estaria se sentindo? Como será que estavam os machucados dele? Será que já havia registrado o BO? Será que ele queria um abraço? Demorei mais de 40 minutos no banho e depois, ainda de toalha, andei pelo quarto procurando meu celular, depois de ter ligado o som. Cheguei tão pirado em casa com tudo que havia acontecido e joguei ele em qualquer canto. Para minha surpresa, haviam algumas mensagens de texto de Amábile, perguntando aonde fui e se tinha chegado em casa. No corre corre eu esqueci de avisa-la que já havia vindo pra casa. Vi também um torpedo de um número desconhecido, que dizia:

“Oi, ontem eu não soube te agradecer da forma adequada. Quer vir jantar conosco hoje a noite? Essa é minha forma de agradecer. Esse é o número da Marina. Abraço, Caio”

Eu fiquei estagnado, bobo. As mãos tremiam, e eu não sabia mais como agir. Ele estava me convidando pra jantar, gente! Eu estava em festa, mas ao mesmo tempo em pânico. Como ele tinha meu número?!.. Corri logo pro guarda roupa procurar o que vestir, sentindo aquela loucura típica de um primeiro encontro. Era tanta afobação que até esqueci de responder a mensagem.

Acho que tirei todas as roupas do guarda roupa. Eu não sabia o que usar, achava que nada combinava ou ficava legal. Meu cabelo não tava bom, surgiam espinhas no meu rosto até embaixo do nariz e tudo parecia ficar feio. Pensei em ligar para Amábile, mas logo depois fiquei medo de que se dessem errado minhas intenções com Caio , ela só iria me por mais pra baixo. Foi em meio a essa indecisão que lembrei de responder o Caio.

“Oi Caio, eu topo o convite. Que horas posso ir? Devo levar alguma coisa? Abraço, Gustavo”

Eu não estava gostando das roupas que tinha, nem do jeito que meu cabelo estava cortado. Logo pensei e lembrei que minha mãe sempre deixava um cartão de crédito em casa e sem pensar muito corri para trocar de roupa. Peguei o cartão e tomei rumo ao centro.

Comprei camisa, calça, cinto, meia, tênis, shorts, tudo que eu tinha direito. Também pudera, passei 3 horas andando entre lojas. Como todos os comércios desse tipo fecham apenas as 17 horas em sábados em Rio Claro por força de Lei Municipal, fiz a festa. Além disso cortei o cabelo e tomei milk shake.

-Pronto! - Agora já tenho tudo que preciso pra fisgar o coração dele. - Pensava eu colocando todas as roupas que havia comprado sob a cama.

A vontade e a ansiedade eram tantas que nem fome eu sentia. Um medo de algo dar errado, de falar demais ou de agir por impulso me dominavam. A essa altura Caio já havia me respondido que me esperava as 19 na casa dele, e agora já eram quase 6 horas da tarde. Fui tomar banho, alias, acho que nunca tomei um banho tão bom quanto naquele dia. Saí do banho e me vesti.

18:44 - Coloquei a camisa polo branca, calça jeans justa azul escuro e um tenis socialzinho bege. Meu relógio, fiel escudeiro pra lugares onde eu teria de ir mais “arrumado” me acompanharia naquele jantar. Escovei os dentes pela terceira vez e passei ainda mais perfume. Senti meu celular vibrar e era ele. Pronto, meu coração parou. Será que ele iria cancelar o jantar e tudo iria pelo ralo?.

“Oi Guga, você tá vindo? Vem logo! Kkkkkkkkkkkkk” - era o que estava escrito na mensagem dele. Eu ria, feliz e despreocupado.

Desci, abracei minha mãe e saí, prometendo dar mais explicações quando voltasse. Rumei para o endereço de Caio. Ao chegar respondi o sms avisando que estava no portão, e logo ele desceu para me receber.

- Você veio! - disse o menino, com o sorriso e o olhar mais fofo que eu já havia visto no mundo, pouco antes de me abraçar.

Meu coração parou de vez, e aquele era só o começo da noite.

Entre Nós - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora