Manhã de Terça Feira, 09 horas.
- Vem Gustavo, vamos comigo na cantina. – Amábile tinha essa mania de me arrastar junto dela para onde ela fosse.
Ao sairmos de nossa sala entravamos em um corredor com vários bancos, um em frente a cada sala de aula. Na maioria deles estavam sentados alunos da turma correspondente a localização do banco. Andávamos passando frente a esses bancos, e em todos os quais eu olhava via apenas mais do mesmo. No último deles, o que ficava em frente à secretaria, havia um garoto sentado. Um Garoto que eu não conhecia ou que pelo menos não me lembrava de já ter visto. Ele parecia ter a nossa idade e era realmente lindo, pelo menos para mim.
Acabamos por nem dar muita atenção pra ele ou pra quem ele era nesse momento. Fomos a cantina e voltamos à sala de aula. Sentamo-nos em nossas cadeiras de fundo de sala e ali ficamos lanchando. Vimos que a professora vinha para a sala, mas voltou quando a secretária veio chamá-la. Cerca de dez minutos depois, a professora voltava a caminhar em direção a porta da nossa sala, mas agora vinha acompanhada daquele mesmo garoto que antes estava sentado no banco da secretaria. Já eu engasuei com o último pedaço de sanduíche e Amábile riu, depois de me dar um tapa nas costas. A docente entrou e mandou o menino sentar, coisa que ele fez rapidamente como se quisesse se esconder. Também pudera, ele era o novo foco de atenção de todos, afinal era o ‘aluno novo’ - mesmo que no segundo dia letivo do ano. Ele se sentou na ultima cadeira da fila da parede contraria à qual eu me sentava.
A aula era Língua Portuguesa e a professora era uma mulher atenciosa, rígida. Exigia que toda a atenção da sala estivesse focada nela. Coisa que alguma das meninas não faziam, já que só observavam o garoto novo. Não havia muita gente bonita naquele colégio, e qualquer coisa nova um pouco mais aceitável que aparecesse já era um grande avanço. Pena que ele não retribuía nenhum dos olhares daquelas pobres e iludidas meninas. Na verdade, ele era o garoto mais centrado que eu já havia visto ou iria ver, já que não tirava os olhos da professora, meio que por vergonha da turma, meio que para passar uma boa impressão, quem sabe.
As duas ultimas aulas passaram-se rápidas e a hora de irmos embora chegou. Como sempre, eu e mnha amiga íamos embora juntos já que morávamos perto um do outro. O garoto novo - como ainda o chamavamos já que ninguém ainda tinha ido falar com ele - foi um dos primeiros a sair da sala, seguido por outros garotos e garotas metidos a populares e soberbos. Então saímos eu e Amábile e pudemos ver que os populares da sala -e alguns metidos a isso - já estavam o agorando. Até este momento, tudo normal pra mim.
Depois de deixar Amábile em frente de casa, cheguei e como minha mãe havia saído, subi pro quarto e liguei meu computador. Entrei no facebook e por ali fiquei a tarde toda. Por alguns momentos, flashes do menino me rondavam os pensamentos e me faziam suspirar.
Na Quarta de manhã tudo estava como antes, normal. Com exceção do garoto novato que continuava a ter aquele jeito tímido, no mesmo lugar que sentara ontem. Mesmo com o pessoal mais popular da sala tentando fazer ele se misturar, ele continuava sem falar muito com eles. Eu, que ainda não tinha ouvido sua voz, muito menos sabia seu nome, apenas o observava de longe e pensava que pobre menino, logo será mais um da corja dos pseudopopulares.
Durante a primeira aula da manhã, a professora nos manda formar grupos para fazer uma dinâmica. Esta meio inútil por sinal, já que a maioria da sala já se conhecia, e só a professora que era nova na cidade. Aleatoriamente, Dayana, a professora, distribuiu números de 1 a 6 , um para cada pessoa da fila, assim, cada número teria 4 pessoas, já que a sala tinha seus trinta alunos. Para tentarmos cair no mesmo grupo, eu e Amábile combinamos dela sentar num lugar vago na outra fileira, de modo a pegarmos o mesmo numero. Dito e Feito, ela se sentou e recebeu o número cinco. Logo depois, chegou a minha vez e recebi o mesmo número. Logo depois da professora ordenar que os números se juntassem, percebemos que ficamos no mesmo grupo que Caroline e o garoto novo. Caroline, é uma menina alta, extremamente magra e de lindos cabelos pretos. Seu aparelho nos dentes dava destaque à sua presença sempre que ela sorria daquele modo único que ela tem, abrindo o bocão e fazendo um barulho exorbitante. Ela ria de tudo, fosse uma piada nerd sem graça, suja ou engraçada, lá estava ela, se rachando em rir, chegando até mesmo a contagiar aos outros com sua risada. Estudamos juntos desde o1º ano do ensino médio, até conversávamos de vez em quando, mas nunca nada muito além do "o que fez no final de semana?". Estávamos Sentados com as cadeiras em círculos eu, Amábile, Caroline e o garoto novo. Caroline, tagarela como sempre, já foi abrindo a boca e falando:
- Gente, é pra gente fazer observações sobre os outros integrantes do grupo, né? – falou ela abrindo o caderno e pegando uma caneta em seu estojo rosa, quase nada chamativo.
- É sim, Carol. – Respondeu Amábile, que era mais amiga de Carol do que eu. Elas mantinham mais contato, mas não chegava a ser uma amizade das fortes.
-Hum, e o que faremos ?. – Carol perguntou.
-Simples. – respondeu Amábile com ar de superioridade. - Vamos começar pelo novato. Nome, idade, da onde veio, RG, CPF, essas coisas. - Terminou ela dando um sorriso para o novato que, timídamente, começava a se apresentar para minha alegria.
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Entre Nós - [Romance Gay]
Ficção AdolescenteVocê acredita no Amor? Acompanhe Gustavo na descoberta do amor, e na difícil tarefa de lidar com um relacionamento gay. Descubra que todas as formas de amor são válidas e que independente da condição natural de cada um, todos podem ser felizes.