Já faziam quase três semanas que Caio havia entrado em nosso colégio e ele já havia mudado totalmente. Em seus primeiros dias era apenas um garoto tímido que aparentava não ter futuro entre os mais desejados do colégio. Na segunda semana já era um deles, como se sempre tivesse estudado ali.
Era sexta feira de manhã, e a aula estava acabando. Amábile e Caroline iriam ficar na escola pra resolver uns problemas com as mães na secretaria, já que a professora de Biologia iria ter um filho caso as duas não entregassem novamente um trabalho que elas já haviam entregado.
Fui pra casa sozinho. A tarde eu não teria nada pra fazer, e Amábile não poderia sair de casa hoje por conta da confusão com a professora de Biologia, ou seja, essa seria uma tarde tediosa. A noite teríamos a Festa de Caroline para a qual estávamos convidados e eu ligava para Amábile a cada poucos minutos para saber se ela iria, até que ela atendeu e me confirmou que sim. Combinamos de nos encontrar na frente da minha casa as 19:00 horas para irmos para o local da festa, a casa de Caroline.
Sexta Feira, 19 horas.
-Guga, que lindo que você tá! – falava Amábile, que vestia um vestido azul marinho lindo. Alias, tudo ficava bem em Amábile. Eu vestia uma camisa polo preta e um jeans azul escuro.
- Digo o mesmo pra ti. – sorri de volta pra ela. – Vem, vamos. – eu falava. A Casa de Caroline não era muito longe e por isso decidimos ir de apé. Caso voltássemos muito tarde a mãe de Amábile nos buscaria.
Chegando na casa de Caroline fomos recebidos por ela. A casa dela é simplesmente linda. Na frente temos o portão para carros e o portão para entrada de pessoas, logo há uma calçadinha, rodeada por grama, por onde todos devem passar para chegar a casa principal. No fundo, atrás da garagem que é uma espécie de área coberta sem portas, temos uma piscina e um deck coberto ao lado do muro, onde está a churrasqueira e uma bancada ao estilo espaço gourmet. A reunião - que ela chamava de festa - seria ali. Haviam pessoas da nossa sala e de outras salas também, mesmo sendo a idéia da reunião convidar apenas os da sala e os mais chegados, mas sempre haviam intrusos e retirá-los ou não aceitá-los seria chato, palavras de Caroline.
Os pais dela fizeram um belo jantar com direito a Churrasco e tudo mais. Havia boa música tocando e as pessoas eram em sua grande maioria agradáveis. Depois de quase uma hora que eu e Amábile estávamos ali, chega alguém no portão e bate palmas, pouco depois de enviar um sms no celular de Carol, que estava do lado de Amábile. Caroline se levantou e foi atender o portão, parecendo já saber quem era. Pouco tempo depois, a vemos voltando para o quintal com Caio, que vestia o uniforme do time de futebol da escola, provavelmente ele havia passado na casa de Carol logo após o treino que a equipe fazia toda noite. Com ele, havia uma caixa de presente que ele entregou para Caroline, depois de abraçá-la. Ele cumprimentou o pessoal, inclusive a mim com um aperto de mão retribuído por um sorriso amarelo, comeu alguma coisa e ficou por mais de uma hora lá. Quando ele ia embora, atendi uma ligação de minha mãe, e vi no visor que eram quase 22 horas. Na ligação, minha mãe pedia onde eu estava e coisas do tipo que as mães sempre perguntam. Decidi ir pra casa, afinal eu estava com sono e Amábile estava empolgada conversando com um garoto do terceiro ano. Decidi que iria embora e depois mandaria um torpedo pra ela explicando que eu já estava em casa.
Dei um beijo de despedida e novamente dei os parabéns à Caroline e saí. Logo depois de andar poucos metros, dobrei a esquina e entrei em uma rua escura, para encurtar caminho pra casa. Na hora, um arrepio me correu pela espinha. As minhas opções eram voltar e fazer uma volta de quase 5 quadras e ter de passar pela rua debaixo, ou então seguir por essa. Não sei se o foi o destino, mas algo me guiou a ir por essa rua mesmo. Chegando na metade pude ouvir um choro baixinho. De primeiro momento ignorei com medo de ser uma armadilha ou algo do tipo. Ao continuar ouvindo o choro, decidi ver o que era. Mesmo com a rua escura, era possível ver que havia alguém deitado no chão poucos metros à minha frente. Cheguei perto e o garoto estava de costas pra mim. Ao me abaixar e olha-lo melhor, tomei um susto ao ver quem era.
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Entre Nós - [Romance Gay]
Novela JuvenilVocê acredita no Amor? Acompanhe Gustavo na descoberta do amor, e na difícil tarefa de lidar com um relacionamento gay. Descubra que todas as formas de amor são válidas e que independente da condição natural de cada um, todos podem ser felizes.