Caio ficava ainda mais lindo com aquele uniforme do time. Shorts de treino preto e camisa branca, ah como ele ficava sexy! Abri o portão e ele entrou apressado parecendo aflito com alguma coisa.
-Podemos ir para o seu quarto? - perguntava ele fechando a porta da sala. Apenas concordei e o guiei para o quarto. Tranquei a porta e o fui até ele, que aquela altura já estava no meio do cômodo. - Eu vim pra ficar um pouco com você. - aquelas palavras me deixaram muito feliz. Sem muito hesitar nem demorar, passei a mão por seu rosto e o abracei. Sorrimos, e com ternura no olhar começamos a nos beijar. Um beijo calmo, quente e com amor. Aquele tipo de beijo que se dá quando está feliz e na presença da pessoa que ama.
-Eu estava com saudade. - recomeçava ele, após um sorriso calmo.
-Eu também. - eu o respondia enquanto sentávamos na cama. Como ele estava suado, preferiu ficar apenas sentado e me ofereceu seu colo para eu me deitar. Aceitei. - eu estava com medo de acontecer alguma coisa com você. - ele me olhou com ternura e soltou um sorriso.
-Relaxa, não aconteceu nada.. - ele começava a falar me acalmando. Ficamos daquele jeito por algumas horas. Ele me fazia cafuné e seus olhos brilhavam ao me olhar. Conversavamos sobre a escola, as pessoas, nós, amigos, vida, etc. Sobre quase tudo. Caio era gentil e carinhoso comigo, e eu me sentia cada vez mais apaixonado. Quando nos importamos com a hora, já eram quase 2 da manhã. Estava frio, e eu não queria que o meu amor saísse da minha casa. O propus para dormir ali e ele aceitou na condição de sair antes de minha mãe acordar.
Dormíamos tranquilamente até que ouvimos minha mãe bater na porta. “Putz, não ouvimos o despertador tocar” era tudo que eu pensava. Por sorte, eram apenas 5:40 da manhã e dia sim dia não minha mãe saia mais cedo para o trabalho.
-Gustavo, abre a porta. Quero te ver. - falava ela ainda batendo na porta. Caio no susto se levantou e foi pra debaixo da cama, enquanto eu joguei o cobertor no chão para tentar disfarça-lo. Solução inteligente, não?
-Já to indo mãe. - falava sonolento indo em direção a porta. Destranquei e abri para que ela pudesse entrar.
-Só passei para te dar um abraço, filho. - falava ela antes de me abraçar. Dona Sônia era extremamente carinhosa comigo desde que eu me lembrava por gente. Já meu pai era mais seco, e um tanto quanto mais reservado.
-Bom trabalho mãe. - a abracei retribuindo o gesto de carinho dela. Me deu um beijo no rosto e saiu para o trabalho.
Fechei a porta e finalmente Caio pode sair do confinamento. Nos olhamos e começamos a rir descontroladamente daquela bagunça. É sempre bom rir com quem amamos. Essas memórias, por menores que forem frente as memórias de algo ruim, são as melhores e mais benéficas em um futuro momento ruim.
-Foi engraçado né? -perguntava ele ao mesmo em que afirmava que achara aquilo engraçado. Confirmei. Estar com Caio me fazia bem. Eu esquecia de todo e qualquer problema ou pessoa, e nada no mundo parecia mais importante. Me sentir amado em dava um gás que eu nunca antes havia sentido, era o ânimo que eu precisava para ser outra pessoa, alguém melhor e mais feliz.
-Foi, mas eu tive medo. - o respondia. Apesar da graça do acontecido, eu tinha medo de ser descoberto. Eu não queria que meus pais soubessem da minha “caracterista pouco esclarecida”, não daquele jeito. Se fosse para eles saberem, que fosse em uma vibe boa, adequada praquela revelação. Nosso sussego durou apenas mais alguns minutos, tempo esse em que ficamos deitados juntos na minha casa. Assim que o relógio marcou 6 horas da manhã, lá estava Caio se levantando e indo para casa, agora no amassado uniforme do treino.
Levantei-me, arrumei a cama e o quarto. Logo o celular, que estava sob a escrivaninha onde ficavam o som e alguns livros, vibrou. A tela acendeu e o ícone de nova mensagem SMS apareceu. No visor, o seguinte texto.
“Cheguei em casa. A saudade bateu, cade você?”
Aquilo era bom. Significava que Caio estava gostando de mim tanto quanto eu dele, e tudo indicava que viveríamos um romance daqueles que vemos apenas em filme. Mas era ruim também. Ruim pelo fato de que sempre ouvi que quando amávamos demais no primeiro amor verdadeiro, sofríamos na mesma intensidade quando o fim chegasse. E eu tinha medo, muito medo. Aquele amor era fulminante, certo, incapaz de deixar dúvidas ou sobressaltos. Será que a dor, quando o fim infelizmente viesse, seria assim também? Sei que não era certo pensar em algo ruim em um momento bom como o qual eu estava naquela época, mas era quase impossível. Quem ama tem medo de perder, ou de não ter a habilidade necessária para manter o amor próximo de si como desejado. E talvez esse tenha sido o meu defeito, mas isso é história para outra hora. O respondi, me entregando ao amor que eu estava descobrindo cada dia mais.
“Tô aqui, gostando de você ainda mais. Tô aqui doido pra te ver outra vez”
O clima de romance estava no ar. A cada vibrada do celular um novo frio no coração. Seria outra mensagem dele? E era. Era outro sorriso fácil, prazeroso de ser dado. Outro de encher o coração a modo de não desejar receber nada além daquilo.
O relógio marcava agora 6:45 da manhã, e eu saía de casa apressado para a escola. Eu me encontraria com Caio no caminho e iríamos juntos. Eu me sentia angustiado até chegar onde ele estava. Parecia que quanto mais eu caminhava, mais longo o caminho se tornava. Passo atrás de passo, finalmente eu me aproximava à esquina que daria na quadra da casa dele. A expectativa me dominava. Eu encontraria Caio na frente do portão da casa dele. Faltavam poucos metros, e um sorriso aparecia no meu rosto involuntariamente. Virei a esquina e o sorriso sumiu. Era Caroline, e ela estava ao lado do garoto que eu amava, assim como no dia anterior.
Escrito por Max Valentino
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Entre Nós - [Romance Gay]
Teen FictionVocê acredita no Amor? Acompanhe Gustavo na descoberta do amor, e na difícil tarefa de lidar com um relacionamento gay. Descubra que todas as formas de amor são válidas e que independente da condição natural de cada um, todos podem ser felizes.