Doubts

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 Iryna POV's

A primeira manhã na mansão Sakamaki será duvidosa para mim e para as minhas irmãs; habituámo-nos a irmos por conta própria para baixo e tomar o pequeno-almoço. Mas talvez com os seis irmãos fosse diferente. 

 Não vou mentir, estou nervosa. Reiji não nos tinha informado dos horários das refeições, e isso está a preocupar-me, afinal, sou a mais velha das irmãs, então teria que ser eu a mais responsável, não é?

 Estou numa pilha de nervos; a Seiko é sempre muito mais responsável que eu, e às vezes sinto-me uma miudinha por isso... Nem sei qual das irmãs vou acordar agora.

 Acho que vou optar, pela Shiro, afinal ela é a mais nova e preciso falar com alguém, e ela é compreensiva, ajuda bastante, na verdade.

 Enquanto estava distraída a pensar sobre tudo isto, sinto-me a tombar com alguém, o que me faz cair no chão.

 - Aii.. - murmurei.

 - Estás a pensar no quê para chocares comigo? - perguntou uma voz serena, que estava à minha frente, e estendia-me a mão.

 Aceitei a ajuda com um sorriso, e respondi-lhe:

 - É que.. Eu sou a mais velha, e por mais que eu tente ser a mais responsável, a Seiko toma o meu lugar naturalmente, e isso faz-me sentir estúpida. - admiti, cabisbaixa, à beira de lágrimas. 

 O loiro à minha frente levantou a minha cabeça com a mão esquerda, e olhou-me nos meus olhos que lacremijavam. Os seus olhos azuis profundos tomaram os meus com uma espécie de hipnoze, e a sua expressão mostrava cansaço e preguiça, o que tem bastante haver com ele e a sua personalidade.

  - Isso não quer dizer nada. - começou por dizer, serenamente, - Podes ter nascido primeiro que elas, mas isso não te dá a obrigação de seres a responsável e a babysitter. Deixa a Seiko fazê-lo já que tem esse empenho, tu deves ter outro papél importante. - disse, acabando o seu discurso.

 Continuei a olhar os seus olhos cor de mar em tempestade, sem expressão. Mas dentro de mim, pulava de felicidade com as suas palavras que me trouxeram à razão e à euforia de não ser a péssima irmã que pensei que eu fosse. Por fim, coloquei um sorriso amigável e agradeci-lhe:

 - Obrigada, Shuu-kun! - disse, alegremente.

Por muito que o loiro não quisesse admitir hoje ou até num futuro próximo, eu sei que ele corou ligeiramente, e isso eu guardaria para sempre.

 - De nada, loirinha. - disse, e sorriu de canto, avançando com o seu caminho.

 De um segundo para o outro, desapareceu no escuro, deixando-me completamente sozinha no corredor com tons da moda vaticana, com um sorriso na cara. Voltei a andar, e foi pela direção contrária à de Shuu.

                     (...)

 Já era a sexta vez que batia à porta do seu quarto, e tinha a certeza que ela estava lá. Decidi parar de esperar, e abri a porta bruscamente, deparando-me com Shiro a quase cair da cama, que ainda dormia e babava-se.

 - Shiroo! - chamei, e fechei a porta.

 - Humm... - respondeu, e virou-se para o outro lado.

 Puxei-a pela t-shirt que usava para fora da cama, e ao sentir-se puxada, gritou. Ela olhava para mim irritada, mas ignorei os olhares mortais.

 - Bom dia, dorminhoca! - cumprimentei, e limpei-lhe a baba com um lenço.

 - Só se for para ti. - reclamou.

 Fui até à sua casa de banho, e fui buscar a escova e um produto para ajudar a pentear o ninho de nós que fizera esta noite. É sério, ela deve ser sonâmbula, só pode. 

 Comecei a domesticar a juba branca de Shiro, cuidadosamente para não a magoar; de manhã ela é uma leoa se a irritam.

   :AUTORA:

 Reiji estava na biblioteca, a ler um dos poucos livros que lhe faltavam para acabar de ler. Aquela divisão era um silêncio total; apenas ele habitava naquela sala.

 A porta abriu-se com força, e uma rapariga de longos cabelos escuros apareceu a seu lado, a recuperar o fôlego e levemente zangada.

 - Reiji-kun, não acredito que não me contaste sobre a biblioteca! - reclamou.

 - Achei que aqueles bastassem. - disse, e fechou o livro.

 - Sim, mas esta biblioteca tem centenas de escolhas diferentes! - disse, sorridente. - E.. Eu queria passar mais tempo contigo, Reiji-kun! - disse, docemente e inocentemente o que o de óculos pensaria que fosse uma declaração.

 Reiji sorriu de canto, levantou-se, e saiu da divisão.

 - Gostas de chá? - perguntou.

 - Claro! - disse, e correu até ele.

                                      (...)

 Elaine tinha uma ideia das consequências que sofreria ao entrar no quarto de Ayato, mas não se importava; mais  cedo ou mais tarde, o ruivo sugaria o seu sangue denovo, então pelo menos faria valer a pena.

 Entrou surrateiramente no quarto, sempre atenta aos corredores, pois se um dos irmãos a visse ali, contariam ao ruivo. Torceu os dedos com força, rezou a quem não acreditava, e tentou não pensar no pior.

 O quarto era espaçoso, num tom vitoriano como a casa, mas com uns acessórios à Ayato. Havia um alvo na parede e na porta do armário, com dardos no chão ou presos nos mesmos,bandas desenhadas e ténis, juntos com outras roupas. O quarto tinha um tom vermelho, com um sofá e uma poltrona em cima de um tapete branco, havia um caixão, e Elaine arrepiou-se ao reparar nele.

 - Pelo menos as lendas acertaram em alguma coisa... - pensou alto, e passou o dedo no caixão de metal.

 O quarto tinha o cheiro de Ayato; um perfume masculino circulava pelo quarto, e o cheiro vinha, certamente, da cama, com os raios de sol a passarem ligeiramente pelos cortinados vermelhos, e pousavam no chão de madeira castanho. Havia também uma cômoda, e quando a ia revistar, reparou numa porta, que dava a uma outra divisão, porém menor. Ao entrar, deparou-se com uma cama de casal, com lençóis vermelhos e brancos, com dois criados mudos e uma lareira de mármore. Havia uma mochila caída no chão, com livros a caírem de lá de dentro, e nas mesas daquele quarto não havia muito, apenas uns cadernos finos, um estojo castanho com poucas canetas e um candeeiro.

 Vasculhou as suas coisas, e reparou que a janela da outra divisão estava aberta, assim que sentiu uma brisa fresca nas suas costas, e resolveu não a fechar; se Ayato a visse, saltar pela janela não seria a pior opção.

 Enquanto procurava na cômoda, um braço encostou-a à parede, e impediu-a de fugir por um dos lados.

 - O que raio achas que estás a fazer no meu quarto? - perguntou, irritado. - Responde, Chichinashi!

 - E-eu... O Laito disse para eu vir buscar uma coisa que roubaste. - disse, mentindo.

 - Mas eu não roubei nada! Para além disso, porquê que obedeceste?!

 - Ele mordeu-me... - mentiu novamente.

 Aproveitou que o ruivo estava distraído, e saiu da sua frente, e antes que Ayato a parasse, ela saltou pela janela, aterrando, deitada, no chão frio e húmido. 

 - Elaine! - gritou. 

 "Vai que agora ela morre? Morro de fome!" - pensou, e a morena levantou-se e correu o mais rápido que poude, porém o ruivo não viu por onde foi, estava fora do campo da sua visão.

 Desceu as escadas na velocidade de uma flecha, atropelando os que estavam à sua frente, sem nem pedir desculpas ou licença, só para saber se a fugitiva tinha sobrevivido à queda. Mas se estivesse impune, Ayato trataria-lhe da saúde.





 Corre, Elaine! :(

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