Untied

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Seiko Shirakami's POV (on)

Andava tranquilamente pela mansão, sem rumo ou à procura de algo. Bom, na verdade, queria ir para o laboratório e impressionar novamente o rapaz de óculos e cabelos escuros que toma conta dos seus irmãos idiotas.

Seria mentira se dissesse que é a primeira vez que tento impressionar alguém; afinal, tentei isso desde que me lembro, inutilmente, mostrar ao meu pai o quão talentosa posso ser, e o quanto útil viria-lhe a ser se me desse uma só oportunidade.

Então, o respeito foi se perdendo, e este sentimento desapareceu ao ser tantas vezes ignorado. Mas fazer o quê? Eu tinha esta ambição estúpida.

Bati à porta do laboratório de Reiji.

-- Reiji-kun? Sou eu, a Seiko. Posso entrar? -- perguntei.

Porém, não obtive nenhuma resposta.

Talvez estivesse farto de mim, afinal, tenho tentado ajudar o de cabelos escuros. Tenho sido uma cola, tentei impressioná-lo, tentei fazer com que se divertisse, mas acho que foi, mais uma vez, inútil.

Acho que a única coisa que posso fazer é, certamente, "cuidar" das minhas cinco irmãs.

Deixei-me escorregar na parede da casa. Estava agora no seu exterior, e o sol brilhava muito, aquecendo assim as minhas pernas e mãos. Abracei os joelhos; questiono-me se eu tenho sentimentos por Reiji porque somos parecidos; ambos usamos óculos, gostamos de ler, adoramos experiências laboratoriais, e somos os segundos irmãos mais velhos. Mas acho que isso é o que se chama de mera coincidência.

Sim, não é mais do que isto...

Não compreendo, será que sou irritante e teimosa o suficiente para não perceber isso? Fui rejeitada pelo meu próprio pai, mas é verdade que ele não está nem aí para mim e para as minhas irmãs.

Não sou especial. Nós não somos especiais, apenas um dos milhares sacríficios que virão por acontecer.

As lágrimas caíam da minha face, sem ter reaparado. Porquê que, logo eu, Shirakami Seiko, haveria chorar por um rapaz? Era conhecida por ter um suposto coração frio por apenas gostar das minhas irmãs e o resto que se dane.

Mas é verdade que ninguém se esforçou para me conhecer melhor.

-- O que uma dama faz sentada no chão? -- perguntou uma voz rígida e masculina, que eu adorava.

Levantei a cabeça, e olhei-o nos olhos, sem expressão definida. O mesmo ajoelhou-se até mim, e limpou as minhas lágrimas com o pulgar.

-- O que aconteceu? -- perguntou, e eu arregalei os olhos. -- Porquê que me olhas assim?

-- Eu... Pensei que estivesses farto de mim, Reiji-kun... -- admiti, desviando o olhar. -- Não seria a primeira vez. -- murmurei.

-- Porquê que achaste isso?

-- Talvez tenha sido uma cola, sempre a invadir o teu espaço, e a obrigar-te a falar comigo quando tu poderias não ter paciência ou disposição para tal. Não te censuro, sou uma teimosa e uma ir....

-- Não é verdade. -- disse, ajeitando os óculos, olhou-me nos olhos, e continuou, -- Para dizer a verdade, até me divirto contigo. Os meus irmãos são um pé no saco, não dá para falar, muito menos perceber.

-- Sabes que vou ficar confiante demais, não sabes? -- perguntei, com um sorriso desafiador.

"Óbvio que sei, mas eu gosto assim, Seiko..."

- ... Sei. -- respondeu, sorrindo pela primeira vez, eu acho.

Sorri-lhe devolta, e fiquei ainda mais feliz ao perceber que tenho um amigo do meu lado, que me ajude, mesmo sendo um vampiro.

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