Capítulo 11

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Julia

A conversa com Henry foi legal. Não, foi mais que legal. Foi confortável e eu não queria que terminasse. Eu sabia que era tarde na França então sabia que tinha que desligar logo. Queria arrancar as tripas de Ingrid Walker depois que Henry confirmou que ela continuava o assediando. Quando ofereci meus serviços, não pensei que ele me consideraria como uma alternativa. Quer dizer, eu era nova na empresa, Henry não tinha como confiar em mim. Eu só estava trabalhando ali há algumas semanas, não tinha como ninguém ter certeza sobre mim, mesmo com minhas horas extra.

Jess não tinha ficado nem um pouco feliz comigo, para começar. Nos encontramos na casa das garotas na noite de quinta-feira. Cassie cozinhou, se é que podia chamar aquilo de cozinhar. Eu tinha outros nomes para aquilo, e nenhum deles era muito educado. Comemos em silêncio, Jess e eu trocando olhares enquanto empurrávamos o que deveria ser frango com molho branco nos nossos pratos. Quando me abri mais cedo e contei tudo sobre Henry, ela teve um ataque e eu quis me esconder. Ela queria confrontá-lo sobre suas mudanças de humor e perguntar qual era a porra do seu problema. Sua natureza protetora veio com tudo, e pode acreditar quando eu digo que ela era uma força a ser respeitada.

— Julia, eu estou muito desapontada por você não ter achado que podia confiar em nós. Somos amigas há anos, pensei que tivéssemos o tipo de relação que significa que podemos falar sobre tudo uma com as outras, especialmente sobre homens.

— Jess, me desculpe, okay? Eu só queria tentar entender isso tudo sozinha, organizar as coisas na minha mente antes de falar a respeito. Merda, até agora não sei que diabos está acontecendo. Ele está na França, eu estou aqui, e não nos falamos há uns dias. É tudo muito educado, profissional, totalmente sobre trabalho. Quem sabe, talvez isso tudo seja coisa da minha cabeça. Nesse exato momento eu não faço a menor ideia.

— Você não faz ideia, Jess. Não tem a menor ideia. — eu falei, balançando a cabeça com um sorriso sarcástico no rosto, uma imagem do próprio homem aparecendo na frente dos meus olhos, vinda do fundo da minha mente.

— Eu procurei sobre ele no Google, Julia. Desculpe. — Cassie acrescentou. — Ele é bem gostoso. Tem aquele ar de arrogância... Mas acho que o reconheço de algum lugar. Estava revirando a memória tentando lembrar de onde. Então percebi, ele estava no bar na outra sexta. Era ele o gostoso, o que você fez ir embora. Agora sabemos por quê, você queria ele só para você.

— Cassie, eu ia contar para vocês sobre os sócios, eu juro, só queria me acostumar melhor primeiro. Então ele apareceu no bar e vocês duas já estavam babando, então eu pedi educadamente para ele não ir me cumprimentar. Eu ia falar com vocês sobre Henry, Fred e Adam, só não agora. Henry é muito bom de se olhar, concordo, mas é mais que isso. Eu não tenho certeza, mas diria que é o pacote completo, e não quero nenhum comentário com duplo sentido vindo de vocês. Ele é especial, e não importa como levemos isso, o que quer que isso seja, acho que vamos ser amigos, pelo menos.

— De acordo com a internet, ele não namora. Tem uma mulher diferente para cada evento e nunca repete. Uma noite é a sua regra, se for para acreditar no que li. Você não dá certo com homens e muito menos com relacionamentos, Julia. Quem dirá uma noite... — ela parou no meio do raciocínio. — Desculpa, você falou sócios? No plural? Quer dizer que tem mais que o seu Henry Roger? Ia tentar guardar todos eles para você, Julia?

— Eu não estou nem aí sobre a sua vida privada, Cassie. Ele mesmo me falou que não tem ninguém. E sim, Adam Stark e Fred Parker, eles são os outros sócios. Eu ia contar, juro.

— E de onde saiu esse assunto? — Jess gritou, agarrando minha menção a uma conversa com Henry e rindo da minha vergonha.

— Estávamos conversando sobre o horário dele. Acho que fiz algum comentário sarcástico sobre sua esposa ou namorada amar esse ritmo de trabalho. Ele falou que não tinha nem uma nem outra. Não foi nada demais na hora. Da última vez que conversamos, ele falou algo parecido sobre mim. Contei que não tenho ninguém, também.

— Vocês dois estão solteiros e livres, então o que está esperando? Fiquem juntos, aí você pode nos apresentar para os outros dois parceiros e BUM, de repente todas nós estamos comprometidas.

— Bom, primeiro, eu posso estar vendo coisas demais nisso. Ele pode só estar tentando fazer a nova funcionária se sentir em casa. Ah, e ele é meu chefe e o motivo para ter uma regra de não fraternização no contrato. Então, desculpem, meninas, mas sem sócios para vocês também.

— Quem foi o idiota que insistiu nessa regra?

— Bom, eu acho que devem ter sido os três sócios, apesar de que pelo que sei de Adam e Fred eles não são como Henry. São bem mais relaxados. Certo, eles trabalham duro e sabem das coisas, mas não fazem horas extra como Henry nem o mesmo tanto de julgamentos. Acho que é a forma de Henry manter tudo no escritório com foco profissional, sem distrações.

— Ele parece tão entediante. — Cassie acrescentou, bocejando alto.

Essa era minha dica para ir embora. Nos abraçamos, desejamos boa noite, e voltei para casa. Quando liguei meu celular, fiquei um pouco desapontada por ver que não tinha nenhuma mensagem ou chamada perdida. Decidi ficar acordada mais um pouco e ler a papelada de Henry que Stephanne tinha me enviado. Me enrolei no sofá com uma taça de vinho tinto.

Acordei algumas horas depois. Meu notebook tinha desligado automaticamente. Fiquei aliviada ao ver que minha taça estava vazia, eu não conseguia nem mesmo me lembrar de terminá-lo. Fui para o quarto. Era pouco mais de uma hora da manhã e eu tinha que estar de pé em cinco horas. Estava agitada e me virando na cama, sem conseguir dormir. Tudo que eu conseguia ver cada vez que fechava os olhos era o lindo rosto de Henry, seu olhar penetrante vendo profundamente dentro de mim. Me senti mais que um pouco frustrada e precisava relaxar. Eu sabia exatamente como fazer isto... 

Tentação ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora