Capítulo 11

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-Então, no próximo sábado vai ter uma festa de uma amiga minha, o que você acha de ir comigo?- Vitória pergunta depois do término da sessão daquele dia.

Guilherme está arrumando sua mochila para ir para casa mas pára para estudar a pergunta de Vitória.

-Não sei...- responde.

-Vai ser legal. Pode confiar em mim.

Guilherme ainda não quer aceitar o convite, então Vitória sugere:

-Se você preferir, o Gabriel também pode ir...

-Por quê?- ele questiona um pouco intrigado.

-Porque assim você teria um motivo para ir- ela responde enquanto descasca uma lasca do seu esmalte vermelho de sempre.

-O que você quer dizer?- o garoto pergunta desconfiado.

-Você sabe...

-O quê, Vitória?

-Você sabe o quê... Você gosta dele, não é?

-Você acha que eu gosto dele nesse... Sentido?

-E não gosta?-ela levanta os olhos voltados para suas unhas e o encara.

-Não! Digo... Não. Por que você achou isso?

-Não sei. Tenho reparado em você quando está perto dele. Acho que só concluí o que parecia meio óbvio. E se você gostar dele, não tem problema algum.

-Eu não gosto- ele afirma rapidamente.

-Tudo bem... Mas então, por que você não vai a festa?

-Não é meu tipo do coisa.

-Ah, você vai gostar, confia em mim!

Guilherme pensa na possibilidade de sair de casa e ir a um lugar cheio de gente. No passado, ele diria não na certa, mas agora, ele até considera aceitar o convite.

-Acho que pode ser... Que mal me faria, não é mesmo?

Mais tarde naquele dia Guilherme chegou antes da mãe em casa após a escola. Eles sempre almoçavam juntos. Era a maneira que Nora havia encontrado de se manter presente na vida do filho que pouco conversava com ela.

-Mãe! Cheguei!- Guilherme grita ao entrar em casa, mas ninguém responde. Quando ela chegar, ele não pode se esquecer de pedir autorização para a festa de que Vitória falou.

Guilherme vai andando até a sala para procurar por algum DVD que pudesse ver com Gabriel amanhã na sessão de filmes, no entanto se surpreende ao encontrar um envelope de carta em cima da mesa com seu nome escrito.

Ele o pega nas mãos e o estuda. Ao virá-lo nota o nome do correspondente. Seu pai. O susto é tamanho que ele automaticamente se afasta da mesa. Depois de um tempo, pega o envelope novamente.

A tentação de abri-lo é enorme. Depois de tantos anos sem ouvir de seu pai, uma carta dele chega pelo correio. Como assim? O que ele quer? A curiosidade assume controle e quando ele rasga o lacre do papel, a porta da sala se abre. Sua mãe voltou do trabalho.

Rapidamente Guilherme dobra a carta e a esconde no bolso de sua calça. Aquele envelope estava no monte junto das outras correspondências e contas que sua mãe recolheu da caixa de correio hoje de manhã. Ela provavelmente não o viu, e se depender dele, nem verá.

O Garoto Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora