Eu,Submissa

Aniversário

Há momentos na vida que tudo o que eu queria era ser uma mosquinha, só para poder estar em lugares e ouvir coisas que as circunstâncias não me permitiam.

Uma parte de mim implora para sair dessa banheira afim de ver de perto o que está acontecendo no quarto.

Após mais alguns gritos o silêncio se instala.
Vários minutos se passam e não tenho o menor ânimo para fazer nada, estava exausta.

Passo um tempo analisando meu corpo, faz muito tempo que não faço isso, estar tanto tempo enjaulada me fez perder toda a minha vaidade.

Minhas coxas tinham marcas por toda sua extensão, a maioria delas arroxeadas porém não tão recentes.

Na minha bunda uma marca escura toma forma da palmatória que foi cravada nela pouco tempo atrás.
Me lembro desse dia, eu disse que não queria comer, não que estivesse sem fome mas estava cansada de comer só sopa de legumes com carnes durante, pelo menos, uns dois meses.
Eu apanhei, não que já não estivesse acostumada, mas dessa vez foi com força, muita força.

Estou tão magra, é irônico pensar que já fiz regimes exagerados pra me manter num padrão, que hoje, não faz o menor sentido.

-Annie querida,precisa de ajuda com alguma coisa? -Ele entra no banheiro calmamente.

-Não senhor.

Ele coloca uma sacola em cima da pia, possívelmente com coisas como pasta de dente, sabontes, cremes e produtos de limpeza.

Pega a toalha e vem em minha direção.

-Vamos, você já deve estar com os dedos todos enrugados.

Me levanto e ele me enrola na toalha e me segura em seus braços rumando ao quarto.
Não há nem um sinal de Charlotte quando ele me coloca na cama.

-Vista algo confortável, hoje é um dia especial.

Não faço ideia do que ele quer dizer com isso mas sinceramente não me importo.

-Ah, e antes que eu me esqueça, se mexer nela vai ficar de castigo.

O encaro sem entender e ele sorri.

-Até amanhã, querida -Ele sai fechando a porta logo atrás de si.

Pego uma camiseta larga que encontro no chão, um shorts macio, uma calcinha e me visto.
Me sinto angustiada por não entender o que está acontecendo ao meu redor mas algo no fundo do meu peito diz que algo bom está por vir.

Um miado baixo vindo da sala me arrepia por inteiro e um sorriso involuntário surge.

Levanto apressada, abro a porta que só estava encostada e rumo à sala.
Mas uma cena horrível paralisa meus músculos.

Charlotte estava completamente nua amarrada ao lado do sofá, amordaçada com um pano qualquer.

Seus braços estão totalmente presos nas costas, há cordas que envolvem suas pernas de modo que só é possível mexer os dedos dos pés.
Eu já passei por isso.

Seus olhos estão vermelhos por tanto chorar, ela tenta falar algo, se mexer de alguma maneira, mas logo desiste e grita com todas as forças.
Mesmo amordaçada é muito alto.

Cãibras.

Nunca desejaria isso pra ninguém.

Stalin Jr se esfrega nela como se já tivesse um carinho grande por ela.

-Calma -Digo tentando soltar a mordaça dela, que estava pingando de saliva.

-Ele vai te punir...-Ela diz meio sem forças.