100% DE CHANCE DE SAIR COM VOCÊ

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— Não olhe para os lados, fale baixo e diga o que você quer — disse para Disney assim que processei as palavras que acabara de pronunciar.

— Pegue — disse Disney, segurando um envelope pequeno.

— O que é?

— Duas cartas apareceram hoje no meu armário no segundo horário. Uma tinha o meu nome, e a outra o seu.

— O que estava escrito na carta?

— Diga para ela... eu quero conversar sobre isso.

— Só isso? — Estranhei.

— Sim.

Soltei o fôlego. Então, Disney não sabia do Beco. A questão agora era quem colocara essas cartas em seu armário.

— Era para ter algo mais? Achei estranho essa sua fala de "Não olhe para os lados". Está escondendo alguma coisa? — Dizia ele, encarando-me.

Disney não só parecia ser esperto como na verdade ele era.

— Você é um calouro, Disney. Achou mesmo que nós veteranos não faríamos uma brincadeira com você? — Disse em um tom convincente.

— Então vocês estão zoando com a minha cara? — Disse ele, levantando uma sobrancelha.

— Sim — ele ficou sem graça. — É, eu sei, todos nós já passamos por isso.

Pelo visto consegui fazê-lo acreditar nisso, mas meu coração partiu de dó ao ver aquela carinha de cachorro na chuva.

— Ei, não fica assim. Foi só uma brincadeira. O que tem demais?

— Não é pela brincadeira em si. Esses envelopes me fizeram acreditar que poderia te conhecer melhor. No primeiro momento que cheguei aqui, eu me encantei com aquela garota. E depois ver nossos nomes em envelopes, ali no meu armário, me fez crer que o destino estava ao nosso favor. Mas, minhas expectativas de sair com você se reduziram a zero por cento com essa brincadeira.

Não havia um espelho em minha frente, mas eu tinha certeza que eu estava corada. Aquela garota era eu. Pisquei algumas vezes enquanto acalmava o meu coração. O novato estava flertando comigo. O novato misterioso que eu não parava de olhar na aula de literatura estava flertando comigo. Eu não conseguia acreditar que Disney estava flertando comigo.

— Bom, eu vou nessa. Desculpe-me pelo incômodo — disse ele, começando a levantar-se.

— Espere! — Disse, segurando a sua mão, impedindo-o de levantar-se e ir embora. — O que te impede de me convidar para sair aqui e agora?

Ele abriu um sorriso. Sentou-se novamente e encarou os meus olhos castanhos.

— O medo de um não. Isso me impede — disse ele com a voz calma.

— Você tem 40% de chance de eu dizer sim.

— Ainda é uma grande margem de um não. Mas, eu vou arriscar assim mesmo. Ellie, você aceita sair para jantar comigo?

Eu o encarei por alguns segundos, deixando-o na expectativa.

— Os outros 60% de chance que você tinha, era de eu dizer com certeza — disse, sorrindo.

Ele sorriu de volta e beijou levemente a minha mão. Sua barba fazia cócegas, provocando um leve arrepio em mim.

— Quarta-feira é um bom dia para você? — Perguntou.

— Um ótimo dia.

— Não conheço muito bem a cidade ainda, mas conheci um restaurante muito bom quando cheguei aqui. Gosta de comida japonesa?

Detalhes de um crime - nunca confie em gravatas-borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora