ALGUNS DETALHES NUNCA MUDAM

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Capítulo 38: Alguns detalhes nunca mudam

Abrir os olhos parecia tão fácil agora.

Eu estava deitada em minha cama olhando para o teto do meu quarto. Peguei o meu celular debaixo do travesseiro e olhei as horas. Meio dia de um sábado ensolarado. Levantei da cama e fui ao banheiro, escovei os dentes e vesti uma roupa bacana. Saí do meu quarto e desci as escadas. Quando cheguei na cozinha, me surpreendi por todos estarem lá, o que era muito raro acontecer.

— Bom dia, família...

Família...

Fui invadida por uma onda de memórias em minha mente. Em outra versão essa casa estava toda destroçada pela explosão, minha família havia morrido e...

Respirei fundo...

— Deu certo! Deu Certo! — Comecei a pular de alegria indo abraçar todos eles.

Eu havia reiniciado o universo. Eu me lembrava de tudo. Toda a história louca que vivi nas últimas semanas estava aqui, na minha mente. Agora, ela não passava de uma mera história. A minha mãe estava ali, ela mesma, e todos os meus irmãos.

— O que deu certo, filha? — Perguntou meu pai.

— Tudo, pai! Tudo! — Disse, saltitante, saindo da cozinha.

Peguei o meu celular e liguei para Kath. No terceiro toque, ela atendeu.

— Amiga! Deu certo!

— Eba! O que deu certo?

— Reiniciar o universo!

— Ellie, do que você está falando? Você bebeu, foi isso?

Eu já desconfiava. Kath não se lembrava de nada. Ninguém se lembrava de nada daquele antigo universo.

Agora era começar uma nova vida, seguir em frente, sei lá. A gente sempre arruma alguma coisa.

— Eu estou bem. Eu só liguei para dizer isso. Eu estou bem!

— Louca como sempre.

— Tenha um bom dia amiga.

Assim que desliguei, disquei para Kyle. Ele atendeu no mesmo instante.

— Ellie Noble! Como vai?

— Kyle! Oi! Estou com saudades.

— Você me viu ontem, Ellie.

— Não importa, eu estou com saudade!

— O que você quer? — Disse ele, rindo.

— Não sou tão interesseira assim. Eu só liguei para dizer que você deveria chamar a Kath para sair algum dia desses. Vocês dão um par até legal.

— Eu e a Kath? Você acha?

— Sim, vocês nasceram um para o outro, vai por mim.

— Agora que você falou... vou pensar com carinho.

— O.k.

— Ah, e, Ellie, sobre a reunião do Beco da semana que vem...

— Kyle... eu queria te falar pessoalmente, mas já que tocou no assunto... eu não quero mais participar do Beco. Isso é uma coisa ilegal, Kyle, e digamos que eu dei uma repaginada na minha vida agora. Desculpa, amigo, mas eu estou fora.

Tudo havia voltado ao normal. A minha vida de YouTuber continuava a mesma de sempre, eu tinha os meus melhores amigos, Kyle e Kath, ao meu lado, e apesar de ter perdido o grande homem da minha vida, me sentia feliz por ter a minha família e amigos bem pertos de mim.

Eu havia deixado o Beco. Kath também saiu e Kyle acabou concordando também. A Paradoxal nunca existiu nessa realidade, portanto não teve suicídios. Alana Collins acabou morrendo de problemas médicos. Ela não tinha nada a ver com o caso da droga nem nada. As chuvas repentinas pararam e tudo relacionado àquele tempo não existia mais.

Eu estava com a sensação de missão cumprida. Tinha conseguido e apesar de algumas coisas perdidas eu havia ficado feliz. Mas havia uma coisa aqui por dentro que me deixava vazia. Às vezes é ruim dar fim em alguma coisa. Às vezes é ruim ter que estar no fim de alguma coisa.

Mas o fim significa o começo de um projeto novo. E assim como o tempo, o começo e o fim são um ciclo alterável, mas não destrutível.

Eu havia saído de casa para levar o lixo para fora. Uma leve brisa passou por mim, bagunçando o meu cabelo.

Quando eu o tirei dos olhos, olhei para a casa da frente. Minha mãe disse que havia mudado gente nova para aquela casa. Eu até agora não havia visto ninguém... Espera, tem um garotinho saindo dali.

Bom, Chloe vai gostar de ter alguém para brincar. Quando eu já ia me virar para voltar para dentro, eu vi mais alguém sair da casa. Era um garoto bonito, pele morena clara, um cabelo preto e barba desenhada. Ele era forte e estava olhando para minha direção. Quando foquei no seu rosto, meu coração acelerou. Eu nunca pensei que isso seria possível. Eu não conseguia acreditar em quem estava ali no outro lado da rua. Eu mal podia acreditar que era ele.

— Disney?

Fim...

Detalhes de um crime - nunca confie em gravatas-borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora