NUNCA CONFIE EM GRAVATAS-BORBOLETA

23 5 0
                                    


Capítulo 35: Nunca confie em gravatas-borboleta

Em um estante você é tudo.

No outro, você não é nada.

No intervalo dos dois instantes você é tudo no meio do nada.

E isso se repete por várias e várias vezes em cada átomo seu que se espalha pelo trajeto temporal.

Sinto como se eu fosse eu, um trilhão de vezes. Minhas partes estavam se dividindo e dividindo.

Quando isso para, tudo volta de uma vez.

Seus ecos se juntam para formar você novamente.

Viajar no tempo, certamente era uma experiência única, que só vivendo para saber como é.

Eu havia viajado, na minha versão de realidade, pela primeira vez, mas, para Jade, essa poderia ser a última. Ela arriscou a vida para salvar a gente.

Nick e eu havíamos saído de casa para entregar o vídeo para Kevin, mas no caminho havíamos sido surpreendidos por dois homens em um carro preto. Harry havia nos desacordado. Quando eu acordei, estava em um porão. Jade também estava lá e tinha acabado de acordar. Foi então que Disney chegou com Nick. Eu fiquei decepcionada com a traição de Disney. Ele estava lá com aquela sua gravata-borboleta, sem dar nem uma palavra nem as explicações que me devia.

Nunca confie em gravatas-borboleta.

Jade havia voltado no tempo para nos salvar. Ela dissera que precisava comprovar alguma coisa, precisava ter certeza se era possível reiniciar tudo, fazer com que as coisas não chegassem a esse ponto. Ela me mandara perguntar a Disney se ia dar certo, se ele ia se lembrar. Mas eu ainda não entendi o porquê disso.

Jade ainda me explicara que eu estava vivendo duas realidades e elas estavam se chocando entre si. Perguntei a ela o que eu poderia fazer para acabar com uma realidade, mas ela apenas disse que não importava, ela iria nos tirar dessa.

Encarei a arma em minhas mãos.

Ela pesava tanto na mão quanto na consciência.

Olhei para Nick. Ele fitou a arma depois a mim.

— O que farei?

— Faremos. Eu estou nessa com você e não vou te deixar tomar uma decisão sozinha.

Sorri descontente.

Ele se aproximou para me abraçar. Estávamos no jardim da minha casa, alguns anos no passado. O papel dizia que tínhamos que matar a nossa mãe.

— O crime que a gente cometeu foi esse, não foi? — Indaguei a ele.

— Certamente.

— Eu estou insegura.

— Você está pressionada. O Senhor Davis vai explodir a nossa casa, com toda a nossa família lá dentro.

— Então devemos matá-la?

— Não sei se devemos, mas sei que não quero.

— Nem eu. Pensa no quanto ficaremos arrasados com a morte dela. Hanna vai ficar tão desesperada! E Chloe, ela ainda é um bebê agora! Eles ficarão desolados.

— É, eles vão. Nós vamos, mas pelo menos Hanna e Chloe estarão vivas, assim como os outros irmãos.

— Uma vida por sete. Mesmo perdendo um, ainda não é uma matemática tão ruim.

Nick segurou a minha mão.

— Vamos nessa. Podemos fazer isso juntos.

— Como na outra realidade?

Detalhes de um crime - nunca confie em gravatas-borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora