O BECO

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Capítulo 25: O Beco

As coisas pareciam estar ao nosso favor naquele dia. Ouvindo a palavra Paradoxal da boca de outra pessoa me dava a certeza de que realmente esta droga existia. E pela primeira vez eu me sentia perto de descobrir o que estava acontecendo na cidade.

Ao conversarmos mais com Gabriel, conseguimos extrair mais informações sobre a tal droga. Gabriel não teria falado se não fosse Rory. Ele era bom para extrair informações.

— Charlie chegou a dizer que você não encontra a droga, ela meio que encontra você.

— O fornecedor não quer ser achado — concluiu Rory.

— Não é bem isso. Olha só, se ele não quisesse ser achado, ele não distribuiria quantidades para estoque e sim para uso imediato. Sabendo que o produto existe, é claro que alguém vai tentar achar o fornecedor. Pense bem, ele distribui a droga aos poucos, apenas alguns aqui e outros ali. Ele está fazendo parecer que é uma droga rara, fazendo ela ter um valor mais alto no mercado. Ele só está fazendo isso para vender a Paradoxal com preços altíssimos.

Rory podia até ser bom para extrair informações, mas eu era ótima com conclusões.

///

A noite caíra bem monótona sobre Vale Dourado e eu estava em casa contando para o meu pai o que havíamos descoberto hoje. Um fato importante fora descoberto. Charlie usara a Paradoxal antes de suicidar-se. Será que Ralf e Amanda também haviam usado? Eu começava a suspeitar que sim.

Após dar boa noite aos meus pais e ao Zach, fui dormir... aos poucos fui tirada desse mundo e levada para os meus sonhos.

O dia estava ensolarado e uma garota, que eu sabia que era eu, mas não estava enxergando como eu, e sim de uma visão aérea, estava sentada na beirada de uma piscina de águas cristalinas. Uma mão tocou em meu ombro. Quando me virei, vi Kyle me empurrando para trás. Caí em colchões macios e ele deitou ao meu lado. Seu sorriso era incrível. Seus olhos estavam brilhantes. Sua mão tocou em meu rosto.

A brisa do vento soprava meus cabelos. Estávamos sentados debaixo de uma grande árvore com uma sombra enorme. Esquilos passavam por ali e mergulhavam na bacia de água cor de rosa em cima do banco de madeira da minha avó. Kyle havia sussurrado palavras doces em meu ouvido. Eu havia corado e, quando percebi, nós estávamos dentro de um guarda-roupas. Eu perguntei o que estávamos fazendo ali e ele me disse que se atravessássemos o guarda-roupas, nós iriamos para um lugar mágico onde vendiam-se pokébolas. E eu adorava pokébolas. Então, Kyle me prometeu que buscaria uma para mim e ele até foi, mas estava demorando demais para voltar. Quando me veio a saudade dele, já estava escurecendo. Eu voltava para casa pela Rua Nove quando uma mão tocou em meus ombros. Eu me virei e ali estava ele, com uma rosa nas mãos.

Ele entregou-as a mim e beijou de leve o meu rosto. Nossos olhos se encararam. Eu aproximei a minha boca da dele...

Na manhã seguinte acordei com uma disposição incrível. Eu seria capaz até de aguentar as aulas de Educação Física no nível hard. Sorri ao lembrar do sonho que tivera com Kyle.

— Bom dia! — Disse, animada.

— Bom dia! — Responderam meus pais juntos.

— Cadê o Zach? — Perguntei.

— Ele levantou mais cedo hoje.

— Entendi.

— Quer panquecas? — Ofereceu a minha mãe.

— Sim, por favor.

— Como foi o almoço com Rory? — Perguntou ela.

Olhei para o meu pai com cara feia.

Detalhes de um crime - nunca confie em gravatas-borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora