Capítulo Dez

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" Mas ninguém entenderia... Então guardei para mim ".

Um mês. O que seria um mês de férias para você ? Viagens, fotos e praia ? Risos entre amigos e amor compartilhado á dois ? Sentir a liberdade por um curto período de tempo, e mesmo assim, se sentir satisfeito ?
As férias de Alice não foram bem assim. Em vez de viagens, ela optou correr no parque de skate vazio, em vez de tirar fotos em lugares legais, ela tirou fotos do próprio corpo, em vez de rir com os amigos, ela se trancou no quarto e se fechou até para sua própria mãe. Se ela estava satisfeita ? Sim, bastante. Era o que ela queria. E o amor á dois ? Ah, ela tinha Miguel. Algumas semanas depois do primeiro encontro, veio o segundo e nesse houve troca de beijos e depois outro e outro, porém o relacionamento dos dois não se tornou totalmente sério. Mas ela estava "feliz".

Como Ana recomendou, Alice só bebeu água e comeu frutas e nada mais.

– Querida, tem certeza de que não quer comer ? – perguntou Marian preocupada.

– Não, estou bem mãe. – mentiu.

– Tem certeza ? Está uma delicia – sorriu Caterina.

Caterina de férias, passou a ser a hóspede da casa, como era da família não havia problemas morar ali.

Em duas semanas, Alice subiu na balança. Setenta e quatro. Mais uma semana se passou. Sessenta e um. Mais duas semanas passaram. Cinqüenta e cinco quilos.
Foram semana difíceis para ela, mas a obsessão dela estava deixando sua mente cada vez pior.
Sua mente pedia cada vez mais : Alice emagreça. E ela como uma boa menina obedecia.

Suas antigas mensagens com Jefferson, não passavam de palavras sem efeito nenhum. Nunca mais havia falado com ele, não tinha mais notícias dele e muito menos de Taiga. A imagem dos dois no restaurante não saía de sua cabeça, eles com certeza estavam juntos sem ela saber. Mas ela não se importava, tinha Miguel perto dela. E isso era suficiente.

Marian, fazia de tudo para Alice comer, mas ela se recusava...

– Meu bem, como você está emagrecendo tão depressa ?

– Os exercícios mãe. Eu disse que queria emagrecer, e a senhora concordou.

– Sim meu amor. Mas você não está se alimentando, pode ficar doente.

– Mãe, eu estou bem.

– Filha... Você quer conversar ? – segurou no braço dela como fazia com Ária.

– Eu já disse que estou bem – gritou se soltando o braço da mão dela.

Marian olhou para ela assustada. Que tipo de comportamento era aquele ? Apenas abaixou a cabeça e saiu dali.
Magoar a mãe era a última coisa que ela queria, porém estava fazendo isso todos os dias sem perceber.

Muitas vezes, em diversas fases de nossas vidas nos perguntamos sobre porque de ser nós mesmos. Por que ter algo que não vale a pena ter, enquanto outros tem as melhores coisas para eles ? O corpo, é a imagem mais externa que é vista, passar despercebido sendo bonito ou feio, é algo raro. Ou te criticam, ou te elogiam. Ou você é magro, ou você é gordo. Ou você é bonito, ou é feio. Olhar o rosto de alguém pode ser algo comum, mas vai haver sempre alguém que vai olhar para seu corpo, e a partir daí a escolha é sua, ou você reage ou deixa te humilhar.
Em algum momento de sua vida você já deve ter se questionado, ter dito que era feio porque viu no espelho, o que não queria. Mas e se os espelhos pudessem refletir a beleza da alma ? A sua seria bonita ou feia ? Olhar por dentro é impossível, porém​ existiria menos padrões e menos críticas sobre sua roupa, seu cabelo, seus sapatos... Seu corpo.

A Cópia ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora