Jefferson se aproximou de onde Alice estava, mas não sentou ou deitou na cama como fazia antes. Ficou em pé exalando seriedade.– Eu sei de tudo – disse cruzando os braços.
Alice se sentou na beira da cama.
– Do que você está falando ?
– Você sabe muito bem Alice – aumentou o tom de voz – Está anoréxica!
Alice olhou para porta imaginando se sua mãe estaria ali ouvindo tudo.
– Por que não conta para ela ?
– Não, eu não vou fazer isso porque você quer.
– Você tem que contar.
– O que você veio fazer aqui ?
– Não ache que vim aqui por você, eu vim por ela.
Mentira. Uma mentira que deixou Alice boquiaberta.
– Eu me preocupo com a sua mãe. De você Alice, eu sinto é pena.
– Eu não preciso da sua pena.
– Isso já não importa mais. A questão aqui é... Ou você conta ou eu conto.
– O quê ? Ficou louco ?
– Olha para você Alice. Você está irreconhecível.
– Até parece que se importa comigo.
– Eu acho que sua mãe não quer sentir a dor de perder outra filha...
Alice logo lembrou de Ária. Fechou os seus olhos com força tentando não colocar para fora o que ela queria ter contado a alguém.
– Por que você fez isso ?
Mas foi impossível segurar.
– Porque eu queria ser perfeita como ela! – gritou já sentindo as lágrimas descerem – Eu era uma gorda excluída. Eu era horrível. Ninguém gostava de mim. Eu sofria bullying todos os dias, pelo simples fato de ser gorda. – recuperou o fôlego – No dia do enterro dela eu prometi que não ia me tornar alguém como ela...
– E olha que ironia... Você está pior do que ela já foi um dia.
– Eu tenho os meus motivos.
– Seus motivos ? Por algum momento você pensou na sua mãe, na sua família, em mim ? Hein ?! – agora ele gritava.
– Eu só queria ser linda... – disse sentando no chão fraca e sem forças banhada de lágrimas.
– Você disse que era feia naquela época, que ninguém gostava de você. Eu te achava a garota mais linda daquele colégio Alice – disse fazendo ela olha-lo – Eu te admirava todos os dias e me perguntava... Como alguém pode ser tão linda assim ? As atitudes, os sorrisos, o modo de se comportar. E daí que você era gorda ? Eu te amava mesmo assim.
– Amava ?
– Eu sempre fui apaixonado por você, só não falei porque talvez você não me quisesse. Diversas vezes planejei te contar, mas nunca tinha coragem.
Alice abaixou a cabeça chorando ainda mais. A culpa estava pesando sobre ela.
– Olha para você agora... Doente, sem amigos, sem quem estender a mão. Parabéns Alice – bateu almas ironicamente – Você conseguiu estragar tudo. Afastou de você todos que te amavam, que gostava da sua companhia, nem a sua mãe te reconhece mais.
– Eu vou te dá um prazo de três dias. Ou você conta a sua mãe, ou eu mesmo venho contar – e virou as costas abrindo a porta e saindo.
Alice praticamente se arrastou até a escada e percebeu que ninguém estava em casa. Foi até o seu quarto e trancou a porta. A raiva esta subindo, tomando de conta dela. As lágrimas não paravam de descer e seus gritos tomaram de conta de toda a casa. Começou a quebrar as coisas, as pequenas lembranças na prateleiras, logo jogando as roupas do armário no chão. E depois... Foi para o espelho. Ela se olhou novamente. Seu corpo magro.Fraco. Seus olhos fundos.
– Eu não tenho culpa de ser linda – a voz de Ária soprou nos seus ouvidos fazendo ela derrubar o espelho e deixa-lo em pedaços.
Exatamente como Ária fazia.
– Eu sou lindaaaaa! – gritou para o espelho despedaçado no chão.
Saiu do quarto extremamente fora de controle e desceu as escadas indo até a geladeira. Lá havia tudo que ela seria falta de comer.
– Alice emagreça mais – pensou
– NÃO! – gritou como resposta
E avançou a comida que lá tinha, comendo o Frago, as rosquinhas, as geleias, enfiando tudo na boca e sujando toda a cozinha. Comeu tanto que não suportou segurar tudo. Foi em vão. Vomitou toda a comida. Era como se todo seu corpo já estivesse acostumado, inclusive seu estômago. Pois comia e colocava para fora. Subiu as escadas juntando forças e trancou a porta do quarto se jogando na cama e apagando.
×××
Na manhã seguinte foi para escola disposta a acabar tudo com Max. O problema era que as pessoas já estavam notando como ela estava. Extremamente magra. Suas " amigas " nem se aproximaram dela e quando Max a viu, simplesmente a humilhou na frente de todo mundo.
– Max preciso falar com você – disse quase em um sussurro. Estava até fraca para falar
– Eu não tenho nada para falar com você – gritou ele chamando atenção dos outros.
– Max...
– Está tudo acabado. Acha mesmo que eu namoraria alguém como você ? Se bem que sendo gorda excluída é bem melhor que ser uma magrela doente.
Vai se tratar Alice! – e saiu deixando ela passar vergonha sozinha.Correu para o banheiro e entrou olhando diretamente para o espelho. Ficou estressada ao ver Taiga entrando e olhando ela dos pés a cabeça.
– Alice... – disse ela incrédula.
– O que ? – gritou para ela.
– Você está irreconhecível
– Isso não é um problema seu!
Taiga saiu do banheiro para evitar confusões.
E então... Alice passou todos os horários das aulas dentro do banheiro trancada. Assim que o sinal tocou ela saiu correndo indo direto para sua casa.
– Filha... O que você fez ontem ? – disse Marian assim que ela abriu a porta.
– Estava com muita fome mãe. Então ataquei a geladeira.
Marian mudou a cara de preocupada para um sorriso.
– Sua gulosa – apertou o nariz dela e voltou para cozinha.
Subiu para o quarto e trancou a porta indo diretamente para o celular. Ela queria falar com Ana, mas ela não estava online.
Alice : Oi Ana. Preciso muito falar com você. Me liga.
E então seu celular vibrou. Era Jeff. E não era coisa boa.
Jeff : Faltam 2 dias.
Quer ter uma vida dramática ? Seja a Alice... Mentira! Não seja.
:)
Não se esqueça da estrelinha.
Bjos da Lelly :*
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A Cópia Imperfeita
Teen FictionO desejo fixo pela magreza e a busca pelo corpo ideal são características fundamentais de quem possui anorexia, doença onde pessoas tendem a diminuir o peso, recusando-se a comer e alegando falta de apetite. Com Alice, não foi diferente, seu desejo...