Capítulo Dezoito

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Dá última vez em que te vi, você parecia tão bem. E acho que não tem motivos, para eu não ficar também.

Já havia se passado três dias, depois do término de Alice com Miguel. E ela não fazia nada, absolutamente nada.

– Filha... – começou Marian sentando ao lado dela no sofá – Você precisa sair daí, fazer alguma coisa.

– Não mãe, obrigada.

Caterina se aproximou e se sentou no sofá também.

– Você precisa sair, se divertir um pouco. Eu e Júlio vamos à uma pizzaria, quer ir ?

– Nã...

– Vai sim Alice – respondeu por ela – Você precisa comer filha, está muito magra. Marquei até uma consulta para você.

– Consulta ? Pra quê consulta mãe ? Eu não estou doente!

– Calma Alice! É só uma consulta. – disse Caterina se assustando com a reação dela – E se arruma, você vai sair sim.

– Vai lá filha – tentou empolgar ela.

Alice subiu as escadas e rapidamente sentiu uma tontura forte e sua vista ficar embaçada. Ela segurou forte no corre-mão ou cairia dali. Respirou fundo e foi para o quarto.

Escolheu uma roupa em seu armário e entrou embaixo do chuveiro.
Com o shampoo lavou e começou a massagear os cabelos. Foi quando sentiu algo passando pelas suas costas, algo fino. Era seus próprios cabelos que estavam caindo. Começou a se desesperar, cada vez que passava a mão entre seus longos fios loiros, vários deles caíam. Limpou tudo rapidamente e jogou no lixo, sentindo logo após um enjôo terrível. Aproveitando que o vaso sanitário estava ao seu lado, ela abriu a tampa e vomitou, mas depois que viu o que tinha colocado para fora se desesperou ainda mais. Não era restos de alimento, era sangue.

Se abaixou perto do vaso com as mãos nos olhos tentando acalmar a sua respiração, foi como se tivessem dado um replay na cena de Ária no banheiro.

– Vai ficar tudo bem Alice – disse para si mesma – Vai ficar tudo bem.

Saiu do banheiro e vestiu a roupa, não arrumou os cabelos como fazia todos os dias, apenas fez um rabo de cavalo, e a maquiagem ? Nem quis saber. Desceu as escadas e se deparou com a cara de Marian de assustada. Sua filha estava o caos. Fraca. Magra. Feia.

Mas não disse nada, não quis ter uma discussão com ela, Alice já estava triste demais.

Júlio buzinou e Caterina sentou no banco ao seu lado e Alice no banco de trás.

Os pingos de chuva começaram a cair rapidamente. Encostou sua cabeça na janela e começou a pensar na vida. Tudo bem que com o corpo perfeito ela ganhou e fez coisas que ela nunca faria quando possuía seu antigo corpo. Mas, tudo acabou em decepção tanto para os outros como para ela mesma. Ela achou que havia encontrado a felicidade, mal sabia ela que era feliz antes disso tudo.
Seus olhos logo se encheram de lágrimas. Talvez Jefferson estaria com ela. Talvez se abraçando, pois o que Alice mais queria era contar o quanto ela o amava. Lançar para fora o que ela guardou todos esses anos. Talvez Marian estivesse sorrindo mais. Talvez ela não esta doente a ponto de morrer. É... Alice estava morrendo.

Eu não quero morrer – pensou.

– Alice – Caterina a chamou.

– Huh ?

– Aquele ali, não é o Jeff, seu amigo ? – e apontou para fora.

Foi como se uma faca tivesse atravessado seu peito. Estava Jefferson segurando um guarda-chuva e Taiga ao seu lado, os pingos de chuva iam molhando os dois, e pior, eles estavam sorrindo. Felizes. O carro de Júlio parou no sinal vermelho para a infelicidade de Alice. E seus pensamentos começaram a encher sua mente a fazendo chorar mais.
Se ela tivesse chegado um pouco antes, se ela tivesse se aceitado como era antes, ela teria tudo e ainda seria a pessoa mais feliz do mundo.
Talvez Taiga fizesse ele mais feliz do que ela já havia feito um dia. Talvez o amor nem existia para Alice, pois ela sempre estragava tudo. Uma das piores coisas da vida é ver alguém que você ama com outra pessoa e ainda pior que isso, é saber que aquela outra pessoa a faz mais feliz do que você​ já fez.
Ela podia ouvir as gargalhadas deles, e a cada sorriso eram várias lágrimas que caíam de seus olhos.

O carro deu partida lentamente e a única coisa que conseguiu falar foi...

– Eu só quero que você seja feliz. – disse ela com lágrimas nos olhos querendo ser a felicidade dele.



                                ×××



A pizzaria não foi nem um pouco animadora. Alice passou a maior parte do tempo encarando algum ponto lembrando da cena que havia visto. Doía tanto. O que ela mais queria era se esconder e chorar até não sobrar mais lágrimas nenhuma.
Pediu a Caterina para Júlio deixar ela em casa, e assim ela fez. Quando o carro parou na sua porta, ela agradeceu e entrou se deparando com outra mãe lavando a louça.

– Por que chegou tão cedo ? – disse ela saindo da cozinha e vindo na direção de Alice.

– Mãe... – sussurrou fechando os olhos lentamente, sentindo sua visão ficar escura.

– Alice! – gritou Marian. E foi a última coisa que ela ouviu antes de cair desmaiada nos bracos da mãe.

Alice abriu os olhos e sentiu o cheirinho do perfume da sua mãe. Se levantou e ficou aliviada por saber que não estava em nenhum hospital ou no seu quarto – que ficava trancado – e sim no quarto da sua mãe.

A porta deu dois toques e ela disse " entra ".

– Oi filha – disse Marian entrando com uma bandeja de comida.

Droga!

Você está fraquinha. Fiz uma sopa para você.

Para não entristecer a mãe, Alice teve que tomar toda a sopa. Tudo bem para ela, ela poderia vomitar tudo depois.

– Eu já ia esquecendo – disse saindo. – Tem alguém aí que quer falar com você.

Por um instante Alice pensou que fosse Miguel, ou até mesmo Taiga que viesse ver ela. Mas ao sua mãe sair e ver Jefferson entrando, o seu coração acelerou.

– Jeff – sussurrou.

– Oi Alice – disse ele fechando a porta – Precisamos conversar.



:( ... ( Tô sem Palavras )

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Beijos da Lelly :*

A Cópia ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora