A Cópia Imperfeita

Capítulo Quartoze

Na manhã seguinte, Alice não foi para escola. Estava toda machucada e queria poupar ela mesma de responder perguntas falsas como : "Você está bem ?" " Se machucou ?"      " Quem te fez essa maldade ?". É claro que ela sabia que todos que estavam ao seu redor agora eram as mesmas pessoas que praticavam bullyng com ela no passado e que não iria se deixar levar por aquelas pessoas, mas olha que ironia, Ária havia dito a mesma coisa antes de se tornar uma delas. A pior delas, na realidade.

Tomou um banho e fez cara de dor quando sentiu a água passar pelo seu corpo, provocando uma ardência nos machucados que ganhara.

– Ai! – exclamou baixinho – Se eu soubesse que isso iria acontecer...

Desligou o chuveiro e se enrolou na toalha indo em direção ao espelho. Penteou os longos cabelos loiros e colocou pomada nos machucados.
Logo trocou de roupa e foi para o celular, ver se tinha algo de interessante, e ela achou, algo de tão interessante e surpreendente que lhe causou raiva. Na foto do perfil do aplicativo de mensagens, estava Jefferson juntamente com Taiga lambuzados de chocolate na cara, e pior, ainda estavam rindo, como se a vida fosse a mais perfeita das perfeitas.

Que injusto – pensou.

Ele estava tão feliz ao lado de Taiga. Isso significa que ele não era ao lado de Alice ? Se bem que em alguns momentos ela preferia ficar só, mas nunca destratou Jefferson, e nunca quis o mal para ele.

Achei que os melhores amigos nunca desistiam um do outro – pensou.

Foi para a Janela e descobriu depois de anos que o telhado da sua casa era ótimo para se sentar com alguém e desabafar. Logo saiu pela janela e em vez de descer como fez da última vez, ela subiu. Se sentou no meio das telhas e se impressionou com o céu, foi como se ele quisesse ficar lindo especialmente para ela. Era assim todas às vezes que ela e Jefferson iam ver as estrelas e não, não usavam o termo "brega" para definir uma atitude tão linda, afinal, ver o céu estrelado é uma das coisas mais mágicas do mundo. Porém, Jefferson não estava ali e Alice se pegou sozinha de novo.
Ficou mais um tempo ali, até avistar o carro de Miguel estacionando na sua porta e aquela buzina irritante sendo escutada.
Ela não desceu, continuou lá. Ele bateu  em sua porta e Marian abriu. Demorou muito para os dois aparecerem no quarto dela, talvez estivessem tendo uma conversa e com certeza Marian deve ter dito o que houve com Alice.
Miguel chamou Alice da janela.

– Alice! – gritou.

– Estou aqui! – gritou de volta.

Subiu e se sentou ao seu lado.

– Sua mãe me contou tudo.

– É, eu sei.

– Eu sinto muito...

– Sente muito pelo o que ?

– Por não estar lá.

– Você não tem culpa alguma Miguel, eles que tem que me pedir perdão. Olhe para mim, estou toda machucada e as coisas que eles me disseram me magoaram por dentro.

Miguel fechou a mão e deu um soco no telhado, mas a mão delicada de Alice foi de encontro a sua.

– Está tudo bem agora, você está aqui. O que mais eu poderia querer ?

Miguel soltou o ar que estava prendendo. Ficaram ali por mais ou menos uma hora.
Desceram para o quarto e indo para a sala onde Marian pediu que Miguel fosse embora, pois estava ficando tarde.

– Eu posso vim amanhã ? – perguntou um tanto nervoso.

– Você sabe que pode Miguel. – seus braços envolveram seu pescoço – Aconteceu alguma coisa ?