Capítulo Dezesseis

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– Alô! – disse a outra pessoa do outro lado da linha.

– Alô, quem fala ? – perguntou, pois o número na tela aparecia como "privado".

– Alice, sou eu... Ana.

– Ana! – se empolgou, era a primeira vez que ouvia a sua voz.

– Estou ligando para confirmar se você irá mesmo no nosso encontro...

– Claro que vou, só precisa me dizer o nome do restaurante.

– A única informação que tenho é que fica no centro.

– Bom... Eu posso ir a pé e vocês me darem dicas para chegar.

– Certo. Faremos isso então. Até mais tarde no grupo. Beijos.

– Até. Beijos.

E desligou.

A voz de Ana não era tão adulta como Alice imaginava, na realidade chegava a ser um pouco infantil, o que despertou uma curiosidade maior em saber quem era ela... Talvez fosse tão mais linda, com um corpo invejável, talvez ela até fosse uma " Ária da vida ". Mas dá última vez que criou tantas expectativas o dia não deu tão certo como ela imaginava.

Lá fora chovia muito forte. Alice se aproximou da janela trancada sentindo o vento gelado passar por debaixo de uma pequena entrada e indo em direção ao seu rosto. As gotas de água caíam rapidamente e um som extremante bom alcançava seus ouvidos.

Estava tão concentrada que nem percebeu que Caterina se aproximava.

– Gosta de chuva ? – disse Caterina descendo as escadas.

Alice a olhou e voltou a encarar a janela.

– Quando foi que chegou ?

– Ainda eram cinco da manhã, não queria acordar vocês.

– Cinco da manhã ? Imagino que sua noite tenha sido muito boa.

Caterina riu baixo e ficou calada.

– E então... – insistiu Alice – Como foi ?

Caterina desceu o último degrau e ficou ao seu lado, também observando a chuva

– Ah! – deu um suspiro apaixonado – Foi maravilhoso – e por fim sorriu grande.

Alice riu. Nunca havia visto a tia desse jeito. Até em momentos de tédio ela via Caterina de longe suspirando com aquela cara de " Eu estou tão feliz ".
O estranho para Alice é que ela não se senti​a dessa forma, tudo bem que nas primeiras paixões da vida sempre tem aquele frio na barriga e as mãos soadas, quando vai ver a certa pessoa, mas depois de um tempo some e você acaba se acostumando a ver aquela pessoa todos os dias. Miguel de certa forma fazia Alice feliz, mas ela sentia dentro dela que não era com ele que ela deveria compartilhar sua felicidade. Afinal... Eles nunca haviam trocado um " Eu te amo ".

– Tia...

– Sim ?

– Você acha que o você sente, é amor ?

Caterina passou alguns minutos calada pensando no que dizer para ela.

– Eu acredito que o amor nasce com o tempo... Eu e Júlio nos conhecemos faz pouco tempo, trocamos mensagens particulares sobre nossas vidas entende ? Isso é uma paixão, eu gosto dele e aceitei o pedido de namoro porque sabia no fundo que ia dar certo. Eu depositei minha confiança nele.

– Então você o ama ?

– Sim, eu o amo.

Olhou para ela e viu que tinha algo a incomodando.

A Cópia ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora