Capítulo Vinte e Um

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Depois que Ana passou o endereço da sua casa, Alice simplesmente correu para chegar logo e se esconder, antes que a encontrassem.
Estranhou ao se aproximar de um ponto distante da cidade, mas continuou o caminho entrando na mata deserta. As árvores pareciam maior e as plantas emitiam um som nada interessante de se ouvir. Pensou que ouviu algo e parou vasculhando os olhos pelos cantos, mas não encontrou nada. Continuou andando até ver uma casa simples, de madeira, digamos que um pouco velha.
Subiu a pequena escada e parou em frente a porta batendo palmas.

– Ana! – gritou – Sou eu, Alice.

Mas nenhum rastro dela. Alice ainda bateu umas cinco vezes na porta e nada. Olhou para trás encarando aquela floresta assustadora e alcançou a maçaneta, logo rodando e abrindo a porta.

– Ana – gritou entrando na casa, que por sua vez, estava escura demais. – Ana ? – Alice viu uma sombra atrás dela através de uma iluminadora encostada na parede, e não viu mais nada quando sentiu uma pancada forte em sua cabeça, fazendo ela desmaiar.

Acordou meio zonza sentindo a dor onde havia sido a pancada.

– Ai – sussurrou levantando.

Mas só aí percebeu, que estava amarrada, seus pés, e suas mãos, enquanto estava sentada na cadeira.
Tentou se mover, mas foi em vão.

– Socorro! – gritou.

– Não adianta gritar – uma voz que ela não sabia de que lugar vinha tomou conta do espaço.

– Quem é você ?! O que você quer comigo ?!

– Não está reconhecendo minha voz ?

Alice parou de se mover na cadeira e rapidamente lembrou... Era a voz da Ana.

– Ana ?

As luzes então se acenderam, o que fez seus olhos arderem um pouco. Fazendo ela baixar a cabeça e os apertarem para se acostumar com o ambiente iluminado.

– Sim, sou eu – sua voz estava mais próxima.

Alice ergueu a cabeça e ao ver quem realmente ela era, não teve como não se chocar.



                                ×××


E lá estavam elas, se encontrando pela primeira vez. Alice arregalou os olhos para ver se era realmente aquilo que ela estava vendo.
Ela imaginava Ana como uma garota perfeita, como uma Ária. Com suas curvas invejáveis e um rosto angelical.
Mas ao vê-lá de perto estava impossível de acreditar. Ana era... Gorda ?
Sim, gorda. Foi como se Alice estivesse se olhando no espelho como ela era há alguns meses atrás.

– Não pode ser... Não pode ser.

– Sim, sou eu – se aproximou dela a abaixando em sua frente.

– Você não é a Ana! – gritou para ela

– Sim, eu sou! – gritou de volta, fazendo Alice se calar.

– Eu vou te contar Alice... Vou te contar tudo.

– Eu não quero ouvir.

– Mas você vai. – pegou uma cadeira e colocou a uma certa distância de Alice e se sentou. – Tudo começou quando eu estava voltando da escola. Eu tinha uma irmã gêmea chamada Luna – fez uma pausa – E meu nome não é Ana. É Lara. – e se ajeitou na cadeira – Nós duas sempre fomos gordas, e eu sou feliz sendo assim, do jeito que eu sou. Mas ela não se aceitava, ela achava que tinha quer ser outra pessoa para ser feliz. – olhou para a parede como se a história passasse por ali como um filme – E então, ela começou a praticar bulimia e depois ficou anoréxica. Eu pedia para ela parar, mas ela não me escutava. Ela continuou e continuou e depois seu corpo não aguentava mais e ela morreu – uma lágrima solitária estava prestes a descer, quando ela a limpou. – Eu estava com um ódio tão grande no meu coração, que eu simplesmente tive a ideia de criar um site, onde várias meninas gordas começaram a acessar para ver as dicas de como perder peso, e de todas ela Alice, você foi a minha preferida, nós temos histórias parecidas.

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