1. Matt

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Acordar de manhã e dar de cara com uma garota que eu não fazia idéia de como se chamava já era uma bosta e receber a notícia pelo meu advogado e irmão de que eu não tinha conseguido comprar a empresa do meu pai biológico completava a cagada toda. Porra! Eu odiava meu pai e prometi a mim mesmo que o faria pagar por todo mal que ele tinha feito. Aquele estava sendo mesmo um dia de merda.

- Amorzinho!

Puta merda! Que voz irritante. Como eu transei com essa mulher? Ela se espreguiça se desfazendo do lençol que a cobria deixando seu corpo todo a mostra. Ah, já sei. Ela é gostosa pra caralho. Mesmo com esses peitos siliconados.

- Vamos repetir a dose. - ela fala toda melosa com aquela voz insuportável olhando pra mim tentando ser sedutora.

- Eu não sou homem de repetir, querida. - dou um sorrisinho cafajeste.

Levanto-me da cama e vou tomar uma ducha deixando-a com um olhar raivoso. Retorno do banho, coloco minha roupa que cato espalhada pelo chão e a olho ainda na cama com a cara zangada. Nada pessoal querida.

- Vou deixar dinheiro pra você pagar a conta do hotel quando resolver se levantar dessa cama.

Disse e deixei mais dinheiro que o necessário. Eu sou um cara fodido mesmo. Tenho todo o dinheiro do mundo, mas nada me satisfaz. Eu trabalho feito um condenado na empresa que construí à base do meu próprio esforço e talento, tenho uma família que me ama, mas eu me sentia vazio pra cacete.

Entrei no meu carro e saí sem rumo. Aquela vida sem perspectivas estava acabando comigo. Parei numa praia deserta, saí do carro e me sentei na areia. Meu olhar era distante e eu voltei a divagar pelo passado.

Talvez crescer num orfanato tenha me tornado frio, duro e distante. Eu não tinha tempo pra sentimentalismos. Nunca tive o direito de chorar quando criança, se o fizesse era considerado fraco e sofreria as consequências.

Eu tinha que ser forte e temido, impor respeito. A minha sorte era que eu era mais inteligente que a maioria dos internos do orfanato e soube me fazer respeitar. Comecei a trabalhar logo cedo de tudo que eu conseguia e fui juntando dinheiro. Eu pulava o muro do orfanato pra ir conseguir uns trocados, só aparecia lá à noite pra dormir.

Foi numa dessas fugas que conheci o John. Eu tinha 15 anos e ele 10. Eu o vi correndo em disparada e atravessou a rua sem olhar. Um carro vinha em sua direção e sem pensar fui ao encontro daquele garoto e consegui salvá-lo do carro desgovernado. John saiu ileso, mas eu machuquei feio meu joelho. A mãe dele cuidou do ferimento. Eu quis demais uma mãe daquelas.

John era um garoto que tinha uma família legal e unida. Aquilo me dava uma inveja do caralho. Os pais de John ficaram muito agradecidos e quando souberam a minha história quiseram me adotar. Eu quase não acreditei. Eu nunca tive sorte na minha merda de vida e aquelas pessoas queriam me adotar. No começo fiquei desconfiado, afinal, a vida nunca havia sido boa comigo. Eu só acreditei quando eles me mostraram os documentos. Aceitei porque queria sair daquele maldito orfanato, mesmo assim fui com o pé atrás. Quem em sã consciência adotaria um garoto problemático de 15 anos? Eles deviam estar tramando algo sórdido. Meu nome seria Matthew Wright. Eu era um Wright agora, com pais e um irmão. Conhecê-los foi uma das melhores coisas que podia acontecer a um filho da puta como eu. John também era adotado, só que ele foi viver com a família Wright aos cinco anos de idade.

A seus pés (finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora