12. lugar

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Querida Amelia,

O que você faz quando o seu lugar preferido do mundo é uma pessoa e não um ponto num atlas geográfico?

Não posso viajar para você, comprar passagens e aterrissar dentro de suas fronteiras. Não posso ler sobre sua história na biblioteca pública como eu faria se meu país favorito fosse a França ou a Itália. Não preciso de um visto para ver você, para me perder nos seus olhos amendoados, mas às vezes... às vezes eu gostaria disso tudo. Dessa burocracia chata que nos permite cruzar fronteiras, conhecer lugares novos. Maravilhar-se. As coisas seriam mais fáceis se você fosse uma coordenada geográfica.

Às vezes me pego pensando nisso. Minha vida seria mais fácil se você fosse um país. Eu estudaria cada detalhe da sua História e tentaria entender a Geografia fascinante da sua pele. Quem sabe até me arriscaria na Astronomia, tentando formar constelações com os sinais espalhados pelo seu corpo? Só sei que se você fosse um país, eu compraria todos os seus suvenires, ficaria no seu território para sempre e escolheria você como minha casa.

O que você responde quando alguém pergunta qual é o seu país preferido? A resposta vem fácil aos seus lábios ou você é como eu, uma alma atormentada tentando dizer o nome de uma nação ao invés do nome de uma mulher?

Sinto muito. Sei que a conversa sobre lugares é a última coisa que você quer ouvir depois de tudo o que eu disse no seu casamento, mas me perdoe. São 3 horas da manhã e eu perdi o sono. Estou pensando em você. Outra vez.

Me perdoe para que meus pensamentos possam decolar do seu aeroporto e encontrar outro lugar para pousar, Amelia.

Sempre seu cidadão idiota,
James.  

Sempre Seu Idiota, James | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora