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Mikael Bastos

Preciso andar mais rápido, ela viu o que fiz. Estou praticamente correndo pela estação, as pessoas me olham curiosas.
Você é realmente estúpido, sabia?
A voz me disse impaciente.
Perdão mestre.
Respondo.
Ela é uma moça bem bonita sabia devia sequestrá-la e abusar dela.
Não gosto de provocar sofrimento dessa forma, mestre.
Não é um pedido é uma ordem.
Ok, mestre.
Sei que a garota me seguiria, pra onde fosse, ela achava que eu não tinha percebido, tolinha.
Começo a ir para fora da estação ando mais alguns metros e acabamos chegando em um lugar deserto da rua. Olho para trás e ela parece assustada.

- Oi docinho,perdida? -pergunto sorrindo.

- E-eu não estou perdida! -disse visivelmente nervosa, soltei uma gargalhada.

- Não é o que parece. -dou um passo a frente, e ela recua- Eu poderia cuidar de você.

- Tchau. -disse mais antes dela conseguir sair a dei um soco no queixo a deixando inconsciente.

- Bom sonhos, docinho.

Hannya Asahara

Acordo em um quarto escuro, com muita dor de cabeça. Olho ao redor devagar e posso ver o que tem no quarto: uma pia, uma privada, uma cadeira e um colchão gasto e encardido. Não há janelas.

Demoro um tempo para me lembrar do que houve.

A estação. A mulher. O homem. O beco. O soco.

Meu Deus. Meu Deus. Meu Deus.

Só consigo pensar nisso. Calma, Hannya. Calma. Raciocina.

O homem me deu um soco e me trouxe para um porão escuro e agora eu vou morrer. Eu preciso sair daqui agora. Tento me levantar, mas minha visão ficou turva e minha cabeça latejou fortemente.

Tantos pensamentos invadiam minha cabeça e eu me sentia sonza e impotente. Meu pai ia me buscar na escola. Mas eu disse que não precisava. Eu disse. Eu peguei o metrô.  Se eu não estivesse tão indisposta, socaria meu próprio rosto agora. Meu pai, minha mãe... será que nunca mais os verei?

A vontade de chorar vem sem pedir e eu caio no choro ruidosamente. Choro genuíno. Choro de desespero. Choro de menininha indefesa que acabou de ser sequestrada e está no corredor da morte.

Estava tão perdida no meu transe que nem percebi a porta do quarto se abrir. Era o homem da estação. Eu não sei se era por estar deitada no colchão muito fino mas ele parecia terrivelmente alto e musculoso. Eu podia sentir que tremia.

Ele parecia mais velho que eu, não tão mais velho uns 25 anos, eu acho. Branco, cabelo castanho claro e olhos verde-azuís. Seu rosto era bonito, mas sua expressão era cruel.

- Levante-se - ele disse alto e autoritário. Não pensei duas vezes antes de obedecer.  Não sabia o que ele poderia fazer comigo.

Ele se sentou na cadeira que era a única coisa naquele cubículo que não parecia velho, imaginei que fosse justamente por que ele sentava nela.

- Venha cá. - ordenou e eu andei até ele com receio - Qual é o seu nome,docinho?- perguntou alisando o meu rosto.

O toque era delicado mas eu senti vontade de afastar sua mão, me contive.

- Ha-Hannya - gaguejei nervosa.

- É um nome bem bonito, como você, quantos anos tem? - ele parecia natural como se estivéssemos numa fila da padaria.

- Eu tenho dezesseis. - falei tentando deixar a voz firme

- Você tem um cheiro tão bom. - ele  puxava levemente  meu pulso respirando fundo.

- N-não me machuque.- pedi já querendo chorar.

Ele gargalhou alto com um jeito terrivelmente insano. Isso me assustou, e se ele fosse louco como eu?
Sua risada se foi tão rápido quanto veio.

- Não vou te machucar. - ele agora estava sério -  Mas, eu quero algo de você. - falou me olhando nos olhos e eu senti que ele podia ver minha alma.

- Olha, minha família  não tem dinheiro pra resgaste... Me deixa ir por favor, eu prometo que eu não falo nada.

Ele me olhou com desdém.

- Fique tranquila quanto a isso. Dinheiro não me falta. - me esperancei - Mas eu não vou te deixar ir.

- O quê? Por quê? Você vai me matar? - voltava à ficar nervosa.

- Não. - ele sorria.

E do nada  ele me beijou. Comecei a me debater então ele me deu um tapa na cara tão forte que me fez cair no chão.

- Isso é pra você aprender, a não me desafiar! -ele chutou a minha barriga e eu gritei de dor. -Boa noite, docinho.

Foi tudo tão rápido que eu só estava atordoada jogada no chão chorando por instinto.

E agora Deus o que será de mim?

Toda Minha (Em Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora