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Já se passaram dois dias após aquele ocorrido no quarto. Mikael continua frio e indiferente comigo. Era de tarde, Mikael estava no quarto dos meninos os colocando pra dormir.

Eu estava no corredor o esperando sair. Ele sai e me olha, parecia leve,calmo o que o deixava mais bonito ainda. Caminha até mim e eu me encolho por instinto.

- Comprei um vestido novo pra você,vamos sair hoje. Vou no centro agora, falar com Ruth volto a noite por volta das dez.

- Eu... Acho que não é bom os meninos saírem de noite, são tão novos e...

- E quem disse que eles vão? - suas sobrancelhas estavam franzidas.

- Não podemos deixá-los sozinhos!

- Eles não ficaram sozinhos. - ele revira os olhos - Uma amiga minha vem ficar aqui.

- Mas... Quem é ela? Mikael eu acho melhor não... Essa moça...

Ele põe as mãos nos meus braços e aproxima o rosto do meu. Por dois segundos eu pensei que ele fosse me beijar.

- Relaxa Hannya. Sei que você tá amando fazer a sua primeira ceninha de mãe superprotetora, mas ela é de confiança. - depois disso ele anda e desce saindo de casa.

Fico a tarde inteira sem fazer nada tomei banho de piscina, assisti filme e amamentei os meninos.

Liguei pra Mikael do telefone fixo e e perguntei que horas ele chegaria ele disse que tava saindo e a tal menina já estava vindo.

Vou até o quarto e vejo algumas sacolas  sobre a cama. As sacolas apresentavam o nome de lojas caras. Mikael me dava muitas roupas boas o que me deixava até triste por quase nunca sair de casa. Pego a da Luiggi Bertoli que tinha o vestido que era muito bonito por sinal.

Era vermelho vinho e tinha uns fiapos brilhantes. Pego uma da Vizzano e observo o salto agulha vermelho.
Pego a outra sacola que tinha um conjunto de colar e brincos. Corro pro banho.

...

E até que eu estava bonita. Tinha feito algumas ondas em meu cabelo e passado maquiagem. Até que escuto uma buzina. Desço descalça e sem o colar pois sabia que não era Mikael.

Abro o portão e entra um sedan vermelho na garagem. Espero a tal moça sair. Era uma mulher branca, ruiva com muito delineador e uma bunda enorme.

Ela me olha de cima a baixo me deixando desconcertada. Sorri e vem até mim.

- Ele me disse que você era nova mas não imaginei que fosse tanto. Era só o que me faltava aquele filho da puta ainda ser um pedófilo. - ri e eu entro.

- Onde estão os bebês Hannya? - me surpreendo por ela saber meu nome mas ignoro.

- Lá em cima. - respondo.

Me assusto quando sem nenhum aviso prévio ela levanta meu vestido e bate na minha bunda. Ela percebe meu susto e cai na gargalhada.

- Nada mal hein pirralha?! - continuou a rir e eu estava morrendo de vergonha.

- Como... Como é o seu nome? - perguntei.

- Ah! Eu tenho vaaaarios! Mas me chame Lola.

Chegamos ao quarto e então ouvimos o som de uma buzina. Ela diz pra mim calçar o sapato. Calço e quando desço eles conversam animadamente.

- Cara... Eu não consigo te ver pai... - Mikael ri.

- Grande coisa, você tá casada e eu não disse nada. Falando nisso como está a Natália?

- Viajando... Pouco tempo de casamento e já estamos em crise.

Ei... Então ela era casada com uma mulher? Ela é lésbica? Mas ela é tão feminina...

Na minha antiga escola tinha uma menina lésbica. Mas elas são tão diferentes...

Mikael olha pra mim com um sorriso divertido no rosto. Puxa a minha mão e me olha de cima a baixo.

- Ficou melhor do que eu pensei. Bom Lola, nós já vamos. Qualquer coisa liga.

Me leva pelo braço até o carro sem me dar oportunidade de me despedir.

...

A ida foi demorada, demorou mais de 1 hora. Estávamos em um lugar que eu não conhecia. Estava tudo escuro, e deserto. Aquele lugar era assustador.

- Vem. - ele me puxa novamente.

Nunca pela mão, sempre pelo pulso.

Chegamos a um prédio que parecia que cairia aos pedaços, cheio de pixações e eu fiquei bem surpresa por não encontramos nenhum mendingo usando crack.

Eu me agarrava ao braço dele com medo. Eu pensei que ele me levaria pra jantar, comprou um vestido bonito e tudo!

Subimos várias escadas devia ter uns 8 ou 10 andares. Chegamos até uma espécie de terraço, mas este estava vazio e a única vista que tínhamos era uma imensa escuridão. Eu não fazia ideia de onde estávamos.

Até que reparo uma mesa. Com um dorcel por cima e uma linda toalha creme de renda. E velas. A mesa estava cheia de velas.

Eu me sentia em um filme. Olhei pra ele com lágrimas nos olhos e ele sorriu.

Caminhamos e ele puxou a cadeira pra mim. Ele disse que voltava logo e voltou com um carrinho cheio de bandejas. Entre elas uma linda lagosta que me deu água na boca. Faziam
tempos que não comia.

...

O jantar foi ótimo. A comida deliciosa me dava curiosidade de saber se foi ele que fez. Eu não sei se foi por causa do vinho, mas eu me sinto tão feliz... tão leve...

- Ei, vem cá. - ele me dá a mão e eu o sigo.

Me leva até a beira do terraço que por sinal não tinha proteção alguma.
Ele percebeu que eu estava meio insegura e disse.

- Relaxe... Não veja, não escute... - passava as mãos no meus braços. O vento forte bagunçava o meu cabelo.

- Só sinta.

E nesse momento sinto suas mãos fortes por um segundo nas minhas costas.

Ele me empurrou.

Sabe quando você está em uma montanha russa descendo o pico mais alto e o seu coração parece que vai sair pela boca? Então, eu me sentia assim.

Meu corpo dava voltas no ar, minha cabeça chacoalhava. Estava demorando muito... Quantos andares tinham?

Dizem que quando você está morrendo vê a sua vida passa pela sua mente como um filme. Mas isso não aconteceu comigo.

Só ficou tudo escuro.

Toda Minha (Em Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora