Toda Minha (Em Hiatus)

XXIV

Hannya Asahara:

- Só tem uma explicação para isso tudo.

Meu Deus. É isso mesmo?
Eu estou grávida? Tem uma criança dentro de mim?

- Mik... - tento falar, mas a perplexidade não permite.

- Calma, calma... - pedi Mikael, mas ele está ainda mais nervoso que eu. - Eu... Eu vou comprar um teste. Fique aqui. Tome cuidado. Não tome os seus remédios.

- Tá. Bom.  -  ele me beija e sai.

Mikael Bastos:

Saio pisando fundo no acelerador. Quase batento o carro. 

"Presta atenção, barbeiro!"

Grita um motorista.

Abro a janela, coloco a mão para fora e levanto o meu dedo do meio.

Você vai ser pai! Não é maravilhoso?!

Diz o lado são, com um entusiasmo que eu não sei.

Isso pode ser produtivo... Criar alguém do começo, fazer como você quiser que ele seja.
Estou tendo muitos pensamentos aqui...

Diz o lado insano, com uma malicía no tom.

Não me pertubem! Estou dirigindo.

Chego a farmácia em tempo recorde, pela velocidade que dirigi e entro.

Vou até o balcão e a moça passa a língua pelos lábios. Oferecendo-se a mim na cara dura.

Mal ela sabe o quanto eu acho isto ridicúlo.

- Boa tarde. Você tem um teste de gravidez?

- Sim senhor. Só isso? Anticoncepcional... companhia...

- Sim. Só isso.

Pago o produto e dirijo novamente como se eu estivesse em uma pista de cart.

...

Entro em casa praticamente arrombando a porta.

- Hannya? - pergunto em um tom um tanto desesperado.

- Aqui! - sigo o som da sua voz e chego a cozinha. Ela bebe água.

- Trouxe o teste. - digo tenso.

Ela vem até mim e pega o saco.

- Instruções:
Urine na parte rosa do frasco e espere 3 minutos para o resultado.
1 traço= negativo.
2 traços= positivo.

Ela vai ao banheiro, levanta o vestido e abaixa a calcinha.

Senta no vaso e começa a urinar.
Termina e limpa o frasco que ficou sujo de mijo.

Se enxuga e levanta.

- Agora é só esperar. - diz.

Fomos em direção a sala e sentamos no sofá.

Ligamos a TV, estava passando jornal, mas ninguém prestava atenção.

Pim!

- IAÍ?! - pergunto/grito nervoso.

- Positivo. - diz com os olhos lacrimejando.

Não consigo acreditar...
Vou ser pai, vou ter um filho...

Se for um menino...
Irei levá-lo para acampar;
Jogar futebol com ele;
Lhe dar dicas sobre mulheres...

Se for uma menina...
Vou levá-la para ir ao shopping com as amigas;
Brigar com ela quando chegar tarde em casa;
Sentir ciúmes quando arrumar um namorado...

É algo dificíl de se assimilar.

Eu vou ser pai. Eu vou ser pai.
Eu vou ser pai. Eu vou ser pai.

- Mikael... - Hannya fala, me dispertando. - Vamos... Vamos ter esse filho...?

- O quê? Você não quer?

- Não... é que eu pensei...

- Claro que vamos ter esse filho, Hannya.

Finalmente a primeira lágrima cai dos olhos de Hannya.

Eu a abraço. Ficamos bons minutos assim, refletindo.

Nos separamos, eu a olho aliso o seu cabelo e beijo a sua testa.

- Eu te amo. - digo.

- Eu também te amo. - fala.

- Eu não falei com você. - digo e ela parece confusa.

- Hã? - pergunta.

- Falei com o meu filho. - digo e nós rimos juntos.

- Mas eu amo você também. Amo vocês dois.

Falo e acontece algo inesperado, algo que não acontecia a décadas.

Uma lágrima desceu.

Dos meus olhos.