Toda Minha (Em Hiatus)

L

Se passaram 3 dias após o nascimento dos meninos. Já não doía. Marina ainda estava aqui. Ficaria por mais 2 dias e eu temia que esse dia chegasse não sabia se daria conta sozinha.

Então ouço o telefone tocar, levanto do sofá com Atena nos braços.

- Alô?

- Oi Hannya. Só liguei para avisar que Mikael recebeu alta. Estamos a caminho. - e desliga. Eu nunca vou me acostumarcom a falta de educação ao telefone de Leonardo. Mas isso não importava agora.

Recebeu alta? Eu nem sabia que ele tinha acordado! Me sinto chateada por Léo não me contar algo tão importante.

Mas isso é o de menos. Mikael estava vindo. Eu estava com tanta saudade.
Vou abraça-lo e beijá-lo.

Espero que ele me perdoe. O acidente aconteceu por minha causa. Eu não devia ter feito aquele escândalo todo. Só de pensar que Mikael poderia ter morrido...

Passavam alguns minutos e eu estava morrendo de ansiedade. Iria tomar um banho, lavar o cabelo. Tentar desfarçar a cara de espantalho que eu estava.

...

Depois do banho o meu cabelo estava sedoso, coloco um vestido leve.

Na sala vejo a porta da frente abrir. Ele estava bem vestido como sempre, mas a pele estava mais branca do que o normal. O cabelo bagunçado e ressecado. Mas pra mim ele continuava lindo.

Corro até a porta e pulo em cima dele o abraçando forte. Ele me abraça de volta meio duro, mas abraça.

Ele separa o abraço e segura nos braços me olhando sério.

- Eu quero ver os meninos. - não gostei do jeito frio que ele falou comigo, mas ignorei.

O puxei pela mão até os fundos, abro a porta de vidro que dava acesso à área da piscina.

Marina estava ajoelhada em frente ao carrinho duplo onde os meninos estavam.

- Marina. - a chamo. Ela olha pra mim depois pra Mikael.

Parecia espantada. A pele amarela ficou branca. Resolvi ignorar, eu não tinha avisado a ela que ele estava vindo.

- Este é Mikael, o pai dos meninos.

- Creio que nós já nos conhecemos. - ouço Mikael dizer - Já precisei desses serviços à domicílio outras vezes. 

O que ele disse era simples. Mas ele tinha um sorriso sacana e ela parecia que teria uma parada cardíaca a qualquer momento.

- Bom ver você Marina, mas... Posso ver meus filhos? - Marina levanta rápido e quase corre até mim.

Mikael anda com calma ao carrinho.
Se ajoelha como Marina estava.

Ele murmura alguma coisa pra eles sorrindo. Eu observava a cena até que Marina me puxa dentro.

- Por quê você não me avisou que ele chegaria hoje? - ela estava nervosa.

- Eu também não sabia. Me ligaram 40 minutos atrás. O que foi Marina??

- Eu... Não quero ficar perto dele...

- Por quê? - perguntei.

- Lembra que ele disse que já precisou antes desses serviços à domicílio? - concordo e ela continua - Na última vez que estivemos aqui... Viemos cuidar de uma garota que ele... ele... - ela estava chorando.

- O que ele fez?! - estava agoniada.

- Ele arrancou os olhos dela. - como um instinto levo as mãos até  a boca.
Estava chocada.

- Mas... Mas... Como vocês não denunciaram? - ela enxuga as lágrimas e olha pra mim.

- É... A gente... Trabalha com esse tipo de coisa.

- Tipo o quê?

- Tipo quando... Acontece algo grave com alguém e ela não pode sair de casa.

- Você quer dizer quando pessoas como Mikael...?

- Sim. - perguntei porque ela não denunciava.

- Eu não posso. Eles ameaçam minha família. Quando eu me formei em enfermagem pouco tempo depois meu pai morreu e minha mãe entrou em depressão. Ela parou de trabalhar e não saia de casa, precisava de tratamento mas os remédios eram tão caros!

-  Então eles me acharam. Ofereceram oum ótimo salário até mais do que se eu trabalhasse em um hospital comum. Aceitei na hora. Quando soube o que acontecia mesmo... Tentei me demitir. Mas fui ameaçada. Hannya, eu queria poder te ajudar. Mas não posso. - e começou a chorar.

- Relaxa... - a abraço e sem ver, comecei a chorar junto.

...

Mikael tinha voltado desde ontem.
Marina pediu pra ir embora antes e eu deixei. Estávamos só eu e Mikael em casa eram 23 hrs da noite e os meninos só dormiram agora.

Estava morrendo de sono. Queria tomar um banho, vou ao banheiro.

Levanto o vestido e meu coração para quando eu vejo Mikael me encarando pelo espelho da pia. 

- Oi. - fico meio sem graça estava indo tomar banho estava só de calcinha.

- Oi. - Ele anda até mim e me vira pra ele, me pressiona com força no mármore o que fazia minha lombar doer - Sentiu saudades de mim docinho? - ao terminar de falar beija meu ombro.

- Senti mas... Mas... - ele tinha toda a sua atenção no meu pescoço - Eu não estou pronta.

Ele revira os olhos. Me puxa do banheiro pra dentro do quarto.
Tento protestar mas ele me ignora. Ele era bem mais forte que eu.

Eu já estava chorando. Ele não iria fazer isso. Ele não podia fazer isso. Até que escuto o choro de Júpiter. Olho para ele em súplica.

- O... Júpiter... - eu soluçava.

- Ele pode esperar um pouco. - tremi.

O que mais me doía no meu coração era ver os meus bebês chorando.
Mas com o medo não me importei muito com isso.

Ele me beija meio com força e sem jeito. Tento o empurrar. Mas ele me joga no chão.

- Mikael... Por quê você tá fazendo isso comigo? - ele andou até mim, a testa vermelha e as mãos tremendo.

- Sabe... Eu te amo... tanto... - digo que se ele me ama deve parar de me machucar - Não. O meu amor por você é tanto que me faz querer te machucar. Eu quero te ver agonizando Hannya... Quero te ver sofrer...

Coloca a cabeça entre o meu ombro e meu pescoço. Eu só sabia chorar.
Em um sobressalto, suas duas mãos estavam em volta do meu pescoço apertando com força.

Tentei murmurar pra ele parar mas ele não parava, fecho os olhos com força me concentrando em puxar o ar. Quando abro os olhos ele chorava.
E continuava apertando e apertando. Comecei a ficar tonta, minha visão turva.

Era isso. Eu iria morrer. Então ele me solta brutalmente e sai do quarto.
Eu tossia e chorava muito, engasgava.

Eu não imaginava que ele ia fazer isso. Ele estava tão frio. E o pior, pelo o que ele disse ele iria me machucar mais... Eu não posso com isso... Eu não vou suportar isso.

Sempre que eu tentava deixar as coisas mais leves, diminuir o clima de tensão... Ele fazia alguma coisa pra me lembrar que ele era o homem malvado que me tirou dos meus pais e abusou de mim.

Eu só estou cansada disso.

Dessa instabilidade.

Eu vou fugir.