Atitude Ousada

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Tiago

Me ama... Eu poderia jurar que ela tinha dito isso, ou poderia ser a necessidade desesperada de meu coração por ser correspondido, mas mesmo ser ter certeza isso me afetou de tal modo que eu não consegui controlar minha ansiedade e sentimento de posse.

O ciúme me dominou quando vi sua desenvoltura ao conversar com esse tal de Marcos, a facilidade com que eles se entendiam me irritou e acabei maquiando esses sentimentos possessivos com a minha preocupação que apesar de verdadeira não era o motivo para meus excessos idiotas.

E aquele toque tão singelo dela em meu ombro... Ela estava tão perto que eu poderia toma-la nos braços e esquecer até mesmo o motivo que me levou ali, precisei fazer imenso esforço para não fazer loucura, porém para ajudar meu raciocínio a falhar completamente, ela não parava de me encarar com aqueles olhos enormes e azuis que me deixavam ébrio de sentimentos conflitantes. Amor, raiva e ciúmes brigando dentro de mim me fazendo como sempre, falar merdas sem pensar.

Mas como eu podia me controlar a vendo conversando tão desenvolta com o filho de Uzias?

E agora, enquanto observava impotente ela tomar distancia, sentia ribombar em meu estômago o receio de que tinha acabado completamente com qualquer chance. Maldição! Como pude ser tão rude a afastando ainda mais de mim quando na verdade eu queria era me aproximar mais e mais?

Mas eu não estava de todo errado, realmente era perigoso, aliás, mais perigoso do que ela podia imaginar, ainda assim isso agora não tinha importância, pois novamente falhei na parte de apoiá-la. Mas como eu iria explicar a ela o profundo ódio que os de casta mais alta sentiam por mim e por André? E que aqui tão distante ela seria uma presa fácil? E como eu poderia explicar que sentia uma fúria insana só de imaginar ela ao lado de outro homem que não fosse eu?

Mas que merda de sentimento de posse que me fazia ter medo de perdê-la, será que ela não entendia a proporção da crueldade dos meus inimigos? Quando ela ia entender que para eles não haveria limites já que consideravam as mulheres meros objetos? Eu poderia estar agindo errado e não sabendo como expor o que sentia em palavras, pelo menos palavras adequadas e menos duras, mas eu jamais iria permitir que a usassem para me ferir, que a ferissem para me machucar porque é isso que vai acontecer, se alguma coisa acontecer a ela eu nunca conseguiria me perdoar.

Mas... Será que eu estava certo ao privá-la de liberdade por conta do sentimento de ódio que tinham por ela e que ela nem sabia existir?

Soltei um longo suspiro me sentindo derrotado por minhas dúvidas. Sempre que eu tentava explicar a ela que eu queria protege-la de meus inimigos, eu usava de palavras erradas e acabava a ferindo. E isso já estava a tomar proporções dantescas, eu tinha que fazer alguma coisa. Não podia prendê-la isso já estava se tornando ridículo! E se eu não podia controlá-la então teria que pelo menos dar a ela um local descente. Olhei para a caverna e franzi o nariz.

Não... Nesse buraco cheio de umidade e panos sujos ela não ia ficar. Eu não sabia lidar com ela ainda, menos ainda com os sentimentos que tinha por ela, mas cuidar dela eu ia, mesmo que fosse de longe.

Em minha comiseração acabei me esquecendo de Marcos que me olhava esperando com dignidade a maldita conversa que eu havia dito que iriamos ter, mas agora isso não parecia ter importância, na verdade nem me lembrava do assunto, a única coisa que tomava meus pensamentos naquele momento eram aqueles olhos magoados de Amélia.

Limpei a garganta, ainda assim minha voz saiu embargada. — Há outro cavalo por aqui?

Marcos anuiu. — Sim há.

Tratado dos Párias- O rei rebelde. ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora