"- Sei bem a educação que você dá pra sua filha Caroline..."
Eu ainda não havia acordado 100%. Era como estar presa na linha que separa sonho de realidade.
Meus olhos abrem um pouco, deixando apenas a luz do ambiente entrar.
"Ele vivia a provocando e de uma forma pacifica e madura, Isa sempre relevou."
Uma luz dificultava ainda mais. Pareciam ser as lâmpadas do teto.
Eu podia ouvir Melli mesmo ela parecendo falar baixo.
" Mas o que ele pôde ter dito que irritou tanto minha filha?"
Impossível não sorrir ao ouvir a voz de minha mãe. Ela nem havia me tocado, ou falado comigo, mas eu já me sentia segura, me sentia revigorada.
" Foi tudo muito rápido Caroline... Mas dessa vez ele queria mesmo magoar Isa."
"E pelo jeito conseguiu..."
A conversa foi ficando cada vez mais nítida. Meus sentidos ainda despertavam devagar.
- Como?
- Sim Marli, não foi isso que ele buscou? Foi o que conseguiu... - A voz de mamãe estava dura.
- Esse não é o caso aqui Caroline! - Melli se altera, mas ainda sussurrava - Eu tenho responsabilidade sobre ele. Como você acha que a mãe de Isaque ira reagir ao saber que Isa quase deformou o rosto de seu filho, a base de socos?
- Me desculpe, mas Isaque sempre maltratou Isa. Mesmo sendo uma menina doce e madura, uma hora ela iria explodir.
- Então o que ela fez não foi errado? - Melli agia sarcástica. - Então quando alguém encher muito você, é justificável quebrar a cara da pessoa?
- Claro que não Marli. - A discussão começava. - Você sabe que não foi isso que eu quis dizer...
- Eu sei Caroline, mas Isa sabe?
- O quê?
- SIM Caroline! Isa sabe? Será que ela aprendeu alguma coisa hoje de manhã?
- Não venha distorcer minhas palavras! - O bate boca somente se alastrava. Com apenas os olhos abertos, eu observava as luzes no teto.
- Eu só quero que entenda a gravidade do problema aqui. Isa atacou gravemente Isaque. Não foi apenas uma briga de criança. Isa estava fora de controle...
- Eu sei Marli, caramba! - Mamãe falava indignada. - Mas o que você quer que eu faça?
- Que converse com ela...
- Marli eu sei bem como cuidar da minha filha...
- Mas não é o que parece!
- Mamãe... - Tão baixa minha voz que eu sabia que ela não iria escutar. Elas estavam brigando por minha culpa. A dor não tinha acabado. Minha incrível capacidade de fazer as coisas desandarem continuava viva.
- Marli obrigada por tudo que fez por mim e por Isa. Eu realmente sinto muito pelo ocorrido, mas deixe que de minha filha, eu cuido.
- Mamãe... - Consigo falar mais alto, sabendo que ainda não era o suficiente.
- Certo Caroline. - Melli desce a voz.
- Mamãe... - Tento me levantar.
- Isa! - Ouço ela gritar. - Filha fique deitada.
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Outras Proporções de Dor - Ato 1
AdventureAté que ponto somos considerados "resistentes" ao sofrimento? Isabelle ainda não descobriu o grau de maturidade e ingenuidade que uma criança de 7 anos e meio deve ter. Dona de uma mente inalcançavelmente fértil, Isa observa, imagina, cria, aprende...