Hospital Geral, 23:44. Sexta-feira.
-Ai meu Deus ela acordou... Isa... Isa? Queridinha sou eu, Marli... Isa...
Hospital Geral, 01:20, sábado.
- Ela tem se recuperado muito rápido.
- Que ótimo. Será que eu posso...
- Sinto muito garoto, mas ela precisa descansar.
Hospital Geral, 09:15, sábado.
- Mas Melli, será que ela está bem?
- O médico disse que o ferimento na cabeça foi apenas superficial...
- Então Cesar, isso significa que podemos ficar com ela um pouco?
- Não é tão simples. O médico prefere deixar ela descansar. Afinal se passou apenas uma noite Isaque, fique calmo.
- Mas eu queria apenas...
Hospital Geral, 16:05, sábado.
- Olha, ela vai abrir os olhos!
- Ela continua dormindo Isaque, não precisa ter pressa pra acordá-la.
- Eu vi os olhos dela tentarem abrir, eu vi sim. Talvez ela precise de ajuda.
- Calma Isaque!
- Doutor, por favor!
- Isaque se acalme.
- Não! Doutor ela não consegue abrir os olhos, alguma coisa está acontecendo.
- Isaque saia de perto da porta!
- Não! Me solta Cesar! Me solta!
- Ai meu Deus...
- Fica sentada Marli! Deixa que eu cuido disso.
- Por favor, acalme seu filho senhor.
- Ele não é meu pai! Isaa! Isaa! Estamos aqui!
- Segura ele César! Isaque por favor filho, fique calmo...
- Isaaa! ISAAA!
Hospital Geral, 17:03. Sábado.
Boca seca, olhos pesados, corpo gelado e duro como uma estrutura de gesso. Tudo ainda estava escuro. Meus olhos abriam lentamente. Pareciam estar grudados.
- Querido... Querido, olha lá... – A familiar voz de Melli sussurrava.
- Ai caramba... – Demorei alguns instantes pra decifrar aquela voz. – Ela acordou! – Mesmo falando tão baixo, era impossível não o reconhecer.
- Calma Isaque, não toque nela.
- Isa... Pode me ouvir?
Sinto sua respiração bem próxima ao meu ouvido.
Consigo finalmente abrir os olhos.
Ainda enxergava tudo borrado e exageradamente claro. Ao lado direito da cama, estava Melli e Isaque. À esquerda somente um armário com uma placa grande com diversas coisas escritas que para mim, era impossível de entender.
Logo à frente uma porta branca ao lado de uma janela toda de vidro. Algumas pessoas olhavam através dela, como se aquela sala fosse um gigantesco aquário e eu a grande criatura marinha presa em uma cama. A porta se abre e no mesmo instante um forte zumbido penetra em minha cabeça. Minha visão se torna ainda mais turva, e a forte dor de cabeça se faz presente. Não pude ver quem havia atravessado a porta. Somente consegui decifrar uma calça jeans apertada com um par de sapatos pretos de bico fino. Um camisa azul clara, quase branca, dobrada na altura acima dos pulsos.
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Outras Proporções de Dor - Ato 1
AdventureAté que ponto somos considerados "resistentes" ao sofrimento? Isabelle ainda não descobriu o grau de maturidade e ingenuidade que uma criança de 7 anos e meio deve ter. Dona de uma mente inalcançavelmente fértil, Isa observa, imagina, cria, aprende...