Cap VI - Obrigado, Jasão

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Humilhado, imundo, e melado, comecei a desatar meus pés quando vi o farol de pitbull sumir. Levantei-me ainda cambaleante por causa do porre e segui automaticamente para a casa de Jasão. Escondido nas sombras, não poderia deixar ninguém me ver naquele estado. Cheguei e bati na porta esperando ele abrir e me receber com aquele sorriso tímido. Bati mais uma vez. Insisti. Mas tristemente deduzi que ele ainda não havia voltado da festa. Sentei-me triste na soleira da porta e baixei a cabeça sobre meus joelhos. Eu Estava fedendo.
— Diacho, onde você se meteu, moleque? — Ouvir sua voz me fez tão feliz quanto aliviado. Jasão surgiu carregando o lampião e o Bárbaro pelas rédeas. Parecia estar chegando aquela hora. E não trazia uma cara de muita satisfação. — E que raio de roupa imunda é essa? Tava de caso com as porcas? — Como eu queria lhe falar a verdade, mas não disse nada. Exibi somente um sorriso amarelo. — Tu tá fedendo, ainda por cima!
— Preciso de sua ajuda, cara! Preciso tomar um banho, qualquer coisa para me fazer melhorar essa ressaca.
Ele me encarou com certo receio. Sem dizer nada fez sinal para que eu o seguisse. Fomos até o estábulo onde ele guardou os cavalos. Eu ainda estava imundo, e o cheiro de pitbull cada vez mais forte. Comecei a caminhar rumo a saída quando ele me chamou. Estranhei quando ele acedeu a luz da parte central do estábulo. Era um lugar redondo rodeado de baias, onde geralmente se dava banho nos cavalos. Quando percebi o que ele queria, fiz que não com a cabeça. Ele caminhou até mim e puxou pela nuca.

— Bora tomar banho moleque. — Disse ele me jogando no centro do circulo e pegando a grossa mangueira.
— Porra Jasão , ta môo frio cara. Me leva prum banheiro. — implorei me encolhendo. Jasão pareceu ignorar. Ligou a mangueira no jato maximo e o mirou contra mim. — Para porra! Vou congelar. — A água estava trincando.
Ele começou molhando minhas pernas. Subiu o jato até minha cintura e em seguida molhou meu tórax. Eu já estava batendo queixo quando ele jogou em meu rosto. Me virei de costas e ele pareceu não se importar. Continuou a me molhar todo. Abaixou o canudo d’agua por um segundo e eu o encarei. Jasão era nitidamente sádico, e por mais que eu sentisse que ele havia desenvolvido um sentimento de amizade e proteção por mim, eu via que ele gostava de me ver sofrer e depender cada vez mais dele.
— Não sei como é na cidade, mas aqui a gente na toma banho de roupa não. — Disse ele me encarando com um olhar gélido.Senti um cheiro de vingança no ar.
— Vai se foder, cara! – Respondi por entre os dentes cerrados de frio.
— Vai tira logo. — Ele agora mirou o jato diretamente contra meu rosto e só o baixou novamente quando eu comecei a desabotoar a camisa que estava colada em meu corpo.
Despi a camisa com todo o meu peitoral liso arrepiado de frio. Ele agora virou o jato e molhava meu peito nu.
— O resto.
— Para porra. Deixa e ir embora!
— Não, Tira.
— Eu vou gritar.
— E eu vou rir.

Abri a boca para assustá-lo, mas senti uma grande quantidade de água descer garganta abaixo. Quase me afogando parei um pouco e descalcei as botas. Ele começou a mirar a água rumo ao teto, e fantasiou uma chuva. Embaixo dela eu descalcei as meias e toquei minhas solas no chão gelado a contra gosto.
— Eu achei que tu fosse meu amigo. — Falei enquanto desabotoava o cinto. A chuva de Jasão continuava a cair e a trincar meus ossos.
— E sou, uai. Que amigo dá banho no outro assim.
Eu queria odiá-lo, queria muito. Mas era impossível pra mim. Baixei as calças e fiquei somente de cueca. Era uma box branca com listras vermelhas, que agora estava semi transparente e colada em meu cacete meio bomba. Jasão Me fitou por completo, como um leão faminto observando a presa indefesa.
— Tudo. — Soprou ele.
— Que isso cara, eu estou morrendo de frio. Já estou limpo.
Jasão voltou o jato para o meu peito. A água parecia cortar minha pele. Com o peitoral vermelho e arrepiado resolvi ceder. Baixei a cueca em um ato e fiquei completamente nu perante o peão. Humilhado, meu pau parecia diminuto pelo frio, percebi que ele riu. Baixou a mangueira em direção a meu cacete e esguichou a água. Saltei pra trás de dor e o cobri com as mãos.
— Agora você vai ficar rodando aê. Pra gente acabar logo com isso e você ficar limpinho.
Seguindo sua ordem comecei a dar voltas sobre o meu próprio eixo enquanto ele jogava água. Batia queixo quando ele finalmente parou e fez sinal para que eu me aproximasse dele.
Como um zumbi soterrado na neve eu me aproximei. Estava quase roxo quando parei rente a Jasão. Sentir seu hálito quente foi uma das melhores sensações que já experimentei na vida. Estático e tremendo, minhas mãos estavam sobre meu cacete. Como um obediente cão treinado eu fiquei parado apenas esperando um pouco de compaixão.

Meu primeiro mestre [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora