The end -1

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Fiquei tentando calar a adrenalina que fazia meu coração pular. O vento frio nos açoitava. Olhei para a palma da minha mão totalmente vermelha e ouvi sua respiração fraca. Corri meus olhos por toda a vastidão do campo, mas não vi ninguém que pudesse ajudar. Arrastei Jasão com muita cautela e esforço para dentro da casa. Ele parecia pesar uma tonelada, acho que a aflição me fez perder as forças. Depois de muito tempo finalmente consegui colocá-lo sobre a minha cama. Sua roupa estava imunda. Devagar descalcei-lhe as botas rotineira. Naquela ocasião era a tensão quem comandava, e não o tesão. Seus pés estavam suados e pregados na meia social marrom. Parecia ter corrido muito. Tão curioso quanto preocupado, comecei a desabotoar-lhe a camisa empapada de sangue e lama, e estilhaçada. A medida que libertava seu peito nu via os rasgões por onde o sangue brotava. Parecia que Jasão havia sido atacado por alguma arma bastante afiada. Desabotoei mais um botão e ele deu um leve gemido.

— Jasão? — Chamei. Ele continuava com os olhos fechados e a boca semi cerrada. — Eu to aqui cara. — Terminei de desatar a camisa. Os riscos vermelhos dançavam sobre seu abdômen. — Eu vou cuidar de você, e vou te levar no médico. — Deduzi que ele estivesse me ouvindo, apesar de imóvel. Tentei reconfortá-lo. Me levantei e decidi sair em busca de um kit de primeiros socorros. Já estava sumindo pelo vão da porta quando ouvi sua voz arrastada.

— Fabio... — Chamou com um suspiro e ensaiou um sorriso. Mas ele não concluiu a frase.

— Descansa cara. Já volto. — Então sai. Rodei a casa a procura do kit. Cozinha, banheiro, sala, e fui para no antigo quarto dos meus pais. Em meio ao fedor de mofo e abandono, encontrei uma caixa branca dentro de um armário. Uma cruz vermelha em sua tampa me animou. Corri de volta para o quarto onde Jasão estava como eu o havia deixado. Voltei a cozinha e mornei um pouco de água, busquei toalhas limpas e corri para o pé da cama. 

Umideci a ponta da toalha e comecei a limpar as feridas. O sangue havia parado de sair. Mas Jasão ainda sentia dor, pois a cada vez que corria o pano sobre seu corpo rígido, ele gemia. Tentei ser o mais delicado possível, enquanto tentava afastar minha curiosidade. O que diabos haveria de ter derrubado um homem como Jasão? Talvez ele tenha sido assaltado. Ou se meteu em alguma briga. Mas eu duvidava das minhas especulações. 

Terminei de limpar todo o seu tronco da maneira que pude. Seus ferimentos davam na carne. Segurei meu estomago e fiz o que achei que deveria fazer. Passei uma pomada cicatrizante que estava vencida a alguns anos e em seguida fiz curativos tortos. Jasão ainda gemia inconsciente. Peguei uma outra toalha e molhei numa nova água que eu tinha trago. Comecei a limpar-lhe o rosto agora. Contemplei sua face agora machucada. Continuava belo. Pela barba áspera o pano deslizava com dificuldade. Da boca suja de sangue seu hálito quente brotava e me dava segurança de que ele estava vivo.

Enquanto acariciava seu rosto achei curiosa aquela situação. Jasão pela primeira vez dependente de mim. Aquele ser que exalava confiança, e segurança, deitado como um boneco de pano. Gostei daquela sensação de controle. Por mais que eu quisesse pertence-lo , queria provar que se fosse necessário eu estaria lá por ele. Estaria ate disposto a dar minha própria vida. Enquanto me perdia em meus pensamentos não reparei quando ele abriu os olhos devagar. Sorri confiante, ele tentou responder, mas pareceu sentir dor.

— Que bom que você está bem cara. — Falei contente ao ver seus olhos me fitarem em silencio.

— Brigado... — Suspirou ele com dificuldade. — Mas tenho que ir pra casa. — Estranhei o que ele havia dito.

— Calma, amanha cedo a gente vai no hospital e depois te levo pra casa.

—Não posso ir para o hospital.

— por que cara? — O papo corria como uma incógnita para mim. Jasão mal sustentava os olhos abertos. — Descansa, dorme, amanha a gente resolve isso.

Meu primeiro mestre [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora