Capitulo 33

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Arthur

Acordo com meu braço dormente, logo olho para o lado e vejo aquela imagem gloriosa em meus braços, dormindo tão serena quanto à noite e nossa, o que eu estou me tornando, Arthur, você não era assim, pensei, o que ela está te tornando.

Ela começa a se movimentar e abre vagarosamente os olhos, fitando o teto pensativa, não me olhou, foi então que percebi que seu arrependimento estava surgindo.

- Nossa, acabamos pegando no sono, não é melhor irmos embora ? Meu pai e sua mãe devem estar preocupados - Foi a primeira vez que ela me olhou, mas pela primeira vez não conseguia compreender aquele olhar.

- Ainda são seis horas, mas já que você quer ir, vamos nos arrumar - Falei meio irritado, depois de tudo ela ainda consegue ser fria.

- Arthur ?

- O que ? - Falei olhando o teto.

- O que você está pensando? - Que ela não tem coração.

- Que isso foi um erro, porque você está arrependida e chega de negar - Já deu, eu tentei, mas ela não colabora e agora definitivamente não vou dar o braço a torcer.

- Sério mesmo que você achou um erro ? Mas quem disse que... - Ela tentou se justificar, por um momento pensei que ela estava surpresa pela minha reação e até pensei na possibilidade dela não estar arrependida. Mas eu não estava com paciência de ouvir o mesmo repertório de sempre.

- Bom, vamos embora - Dito isso levantei da cama e fui me trocar. Ela ficou na cama perplexa por alguns segundos e depois foi se vestir também.

Já prontos, tranquei o chalé e fomos a caminho da camionete. Ela seguiu todo o percurso em silêncio, só que ainda havia um grande problema, a camionete estava encravada. Depois de muito tentar, ela saiu do barro e fomos direto para casa. Algumas vezes sentia o olhar dela recaído sobre mim, mas eu estava irritado e frustado demais para retribuir.

Estacionei em frente à casa e desci, ela veio atrás e me puxou pelo braço me fazendo parar.

- Olha, eu só queria que você soubesse... - Não deixei ela continuar.

- Para, eu já entendi seu jogo e nele eu não caio mais - Me soltei de sua mão que ainda estava segurando meu braço e entrei na casa.

Melissa

Eu Ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu em menos de 24 horas, foi uma das melhores noites da minha vida, eu me senti de alguma forma preenchida por completo e aquele vazio desapareceu. Ele conseguiu me acalmar depois daquele episódio tenso que o Thiago me fez passar, quando eu ia imaginar que ele, além de tentar me obrigar a fazer algo que eu não queria, engravidou a Bianca, não que eu tenha ficado com ciúmes, mas era uma coisa que eu realmente não esperava.

No quesito Arthur, pode ter certeza que ele superou todas as minhas expectativas, ele era sensacional e me fez sentir sensacional. Mas a melhor parte foi quando ele disse que gostava de mim, porque ao ouvir isso, tirei aquele peso que eu carregava, era recíproco, eu gosto dele, gosto de verdade e foi ótimo sentir que não estou sozinha nessa.

Quando acordei, mil coisas vieram à cabeça e uma delas por incrível que pareça foi foda-se, isso mesmo, foda-se para todos, eu estava disposta a dar continuidade naquilo, me perdi em meus pensamentos, a cada toque, beijo que eu lembrava conseguia me deixar Ainda mais boba.

Por algum motivo Arthur achou que eu estivesse arrependida, e pela milésima vez, NÃO, só que às vezes ele consegue ser mais cabeça dura que eu, tentei falar com ele várias vezes, mas ele estava irritado e não queria me ouvir.

Arthur entrou e foi direto para o quarto, fui até a cozinha, Marta estava preparando o café.

- Bom dia minha menina - Ela se aproximou e deu um beijo em minha cabeça já que eu estava sentada na mesa - Está com fome ?

- Estou sim - Falei meio cabisbaixa.

- Olha, fiz um achocolatado delicioso, toma - Ela colocou em uma caneca e me entregou - Eu sei quanto é difícil gostar de alguém.

- Como ? - Acabei engasgando e olhei pra ela surpresa, meu Deus, será que ela sabia ?

- Querida, fique tranquila, eu sei muito mais do que você imagina, o que os olhos não veem, as paredes me contam - Será que ela viu algo ? Mas nós nunca fizemos nada na presença dela, será que ela está falando do Thiago, tomara - Só tenho uma coisa para te dizer, dê tempo ao tempo.

- É isso mesmo que eu vou fazer, estou cansada, muito obrigada por essa maravilha e seus conselhos Martinha, sei que vão me ajudar, vou subir - Fui até ela e dei um abraço carinhoso, depois segui em direção ao meu quarto.

Ao passar em frente ao quarto da bipolaridade em pessoa, eu fiquei parada lá por alguns segundos, talvez eu devesse tentar mais uma vez e falar com ele. Mas meu orgulho não deixou, eu tentei, se ele não quis me ouvir, problema dele.

Chegando no quarto fui tomar um banho e logo em seguida deitei para dormir um pouco.

Acordei com meu celular tocando sem parar, tirei ele de baixo do meu travesseiro e atendi.

Ligação on

- Diga - Falei com a voz mau humorada.

- Nossa Melissa, ainda dormindo ? - Era a Gabi - Onde você se meteu ontem, não te achamos em lugar algum.

- Miga, o que você quer, estou com sono - Falei.

- Ok vai, vou ser rápida, vamos nadar na cachoeira à tarde, vamos a cavalo, fique pronta as três que passamos aí, não aceito não como resposta, beijo - Então antes que eu pudesse abrir minha boca para responder um sim, ela desligou.

Mais que droga, o que deu nessa gente hoje de não me escutar, olhei a hora, o almoço já estava na mesa, então fui até o banheiro, escovei os dentes e desci. Já estavam todos postos à mesa, Arthur não levantou o olhar para me analisar como sempre fazia.

- Boa tarde senhora atrasada - Meu pai falou, estranhamente bem humorado, a filha posou sabe-se lá onde e ele continua feliz.

- Boa tarde gente, qual o motivo dessa felicidade matinal ? - O questionei.

- Logo vocês vão ficar sabendo, mas então, foi muito difícil desencravar a camionete ? Foi até melhor vocês terem passado a noite no chalé, a estrada estava perigosa demais - Parai de comer e fiquei olhando meu pai com uma cara de paisagem, sem entender bosta nenhuma, como ele sabia.

- Com toda certeza foi pai - Joguei uma indireta para aquele que não havia dado um murmuro sequer desde que cheguei à mesa.

- Você fez certo em ligar para avisar filho, estávamos muito preocupados - Dani disse e então eu o olhei perplexa.

Agora tudo fazia sentido, ele ligou avisando provavelmente enquanto estava dormindo, em partes a culpa não foi minha, ele fez certo, mas não tinha como eu saber sobre a ligação, então quando acordamos eu automaticamente pensei no meu pai e na Dani, eles não poderiam desconfiar, justo agora que estava dando tudo certo, ele acha que eu usei isso como um motivo para fugir dele mais uma vez, como se eu fosse uma criança e não assumisse a consequência dos meus atos.

- Ficamos tão felizes que vocês deixaram as indiferenças de lado e estão se tratando como verdadeiros irmãos - Eu apenas olhei para o meu pai que estava sorrindo.

- Amor, vamos contar ? - Dani disse empolgada.

- Vamos - Ele segurou a mão dela - Me prometam que vão ser ótimos irmãos.

- Não estou entendendo pai - Eu disse.

- Dani está grávida - Eu apenas olhei para o Arthur e ele me olhou.

A Garota do Campo (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora