Amanheceu e o que restou da noite passada foi uma tremenda ressaca e péssimas lembranças da qual eu eliminei da minha cabeça a partir de agora, ainda sonolenta, estico meu braço e alcanço meu celular vendo a hora.
Era 9 horas, acredito eu que todos já estavam postos à mesa para tomar café, não estou com saco para bancar a familiar, porém com relutância me levanto e vou fazer minha higiene matinal, quando acabo vou até o closet e coloco um vestido simples e chinelo.
Começo descer as escadas e já consigo ouvir o falatório, céus como essa família consegue acordar de bom humor, eu definitivamente não entendo, quando chego a mesa me deparo com aquela assombração sentada junto dos demais lanchando, aquilo me deixou mais de mal humor, achei que ele não tivesse essa cara de pau.
- Bom dia filha, achei que não ia descer - Meu pai alegre como sempre - Sente-se a mesa - Pediu calmamente.
- Bom dia - Respondi secamente sem olhar nos rostos que estavam postos à mesa.
- Filha você não vai dar as boas vindas para a amiga do Arthur ? Ele a convidou para tomar cafa conosco - A claro, era só o que me faltava, meu pai não sabia que ela posou aqui em casa, deve ter saído cedo e quando voltou a encontrou aqui.
- Não precisa pai, ela já é de casa, conhece bem tudo isso aqui - Falei irônica e lancei um olhar para ela e Arthur como se soubesse de tudo o que aconteceu.
- Parece que alguém acordou com o pé esquerdo hoje - Arthur me provocou e a Biska (olha um novo apelido, junção de Bianca com biscate, as vezes me adoro por ter essa mente tão criativa) soltou uma risada de deboche.
Decidi deixar ele sem resposta, apenas revirei os olhos, como parte do plano, ignorar ia ser uma das principais regras.
Continuei meu café impaciente, enquanto todos gesticulavam sobre diversos assuntos, até que para o meu grandioso azar a Biska abre aquilo que ela chama de boca.
- Então Melissa, você e o Thiago estão tendo algo ? - Ela me disse e se virou para Arthur colocando sua mão em cima de seu braço que estava sobre a mesa.
A cara de Arthur ficou pior que a minha com essa comentário totalmente desnecessário, uma careta surgiu em seu rosto.
- Hum, como assim ? - Dani perguntou empolgada.
Meu pai somente observava a conversa com uma expressão indecifrável.
- A gente é apenas amigos, não temos nada - Era só o que me faltava, não sou mais criança para ficar dando satisfação do que eu faço ou deixo de fazer.
- Se você diz, mais eu ainda acho que ... - Arthur interrompeu ela.
- Bianca vai logo, tenho que ir para a cidade e já aproveito e te deixo em casa - Ele falou impaciente.
- Tudo bem - Ela murchou igual uma flor com o tom estupido usado por ele
Quando todos acabaram, dei uma desculpa e voltei ao meu quarto, minha cabeça continuava a latejar, um remédio ajudaria muito, porém só tinha no quarto daquele idiota, já que ele havia ido levar a garota não tinha problema eu ir rápido lá pegar.
Entrei com cuidado analisando se estava vazio, ao constatar que sim, adentrei e fui direto ao criado-mudo, peguei e quando me virei tomei um susto.
- O que faz mexendo nas minhas coisas ? - Ele perguntou irritado.
- Vim pegar um remédio, agora se me dá licença, tenho coisas mais importantes para fazer - Isso, seja forte, evitá-lo em primeiro lugar.
- Tipo o que? Falar com o namoradinho? - Ele cruzou os braços e me fitou.
- Talvez seja isso mesmo, não importa, já vou indo, passar bem - Dei as costas para ele e sai rumo ao meu quarto vitoriosa.
Uma semana se passou e posso dizer que o plano funcionou quase perfeitamente, digo quase porque era inevitável alguma vezes trocarmos farpas, tirando isso estava o evitando ao máximo e por incrível que parece, tudo estava conspirando ao meu favor.
Durante a semana conversei com frequência com o Thi, hoje resolvi chamar ele e as meninas para vir aqui, durante a semana não teve festas o que me fez ficar enformada em meu quarto.
Diversas vezes Arthur tentava puxar assunto, mas era sem sucesso, eu inventava um desculpa e sumia do seu campo de visão.
Estou estirada na cama juntando forças para começar a me arrumar, daqui duas horas eles vão chagar e nem banho tomei Ainda.
A Dani e meu pai foram em um jantar beneficente em uma cidade não muito próxima e só voltariam amanhã. CASA LIBERADA.
Entrei calmamente no banheiro, coloquei minha roupa no cesto e quando fui entrar no chuveiro um monstro, uma gigantesca e abominante barata sai do ralo.
- ARTHURRR - Comecei a gritar igual uma louca - SOCORROOO - Peguei a toalha e me enrolei já que estava sem roupa, subi na privada e comecei a chorar de medo.
Como um vulto ele apareceu no banheiro assustado tentando compreender o motivo do meu desespero.
- O que foi ? - Perguntou eufórico, deve ter vindo correndo.
- Tem uma barata ali - Choraminguei indicando que ela estava em baixo da pia.
- Porra Melissa, eu achando que fosse alguma coisa séria e você faz todo esse drama por causa de uma barata ?
- Só mata logo por favor, eu te imploro - Fiz cara de piedade.
- E o que eu ganho com isso ? - Ele se aproximou e encarou a toalha.
Nesse meio tempo de distração, sorrateiramente o mostro fugiu para o meu quarto.
- EU VOU TE MATAR ... ERA PARA VOCÊ TER MATADO SEU IMBECIL - Que saco, como vou achar aquele bicho nesse quarto.
- A me poupe desses seus surtos vai garota, logo ela vai embora, deixa a janela aberta.
E lá se vai o resto da minha paciência.
- Tá louco ? E se entrar outro bicho - Desci da privada olhando para todos os lados, liguei o meu alerta.
Ele não disse nada, apenas suspirou e revirou os olhos. Deu as costas e seguiu em direção à porta no quarto.
- Aonde você pensa que vai ? Pera aí né, você não vai achar ela pra mim ?
- Depois de tudo o que você me disse ainda quer que eu procuro essa merda de barata ?
- Sim - Respondi como se fosse óbvio.
- Vai ficar querendo - Deu as costas e saiu de uma vez por todas.
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A Garota do Campo (EM REVISÃO)
Novela JuvenilMelissa é uma garota mimada, tem 18 anos, é dona de uma personalidade forte e sempre teve tudo o que deseja, perdeu sua mãe ainda pequena, o que fez com que ela fosse para São Paulo morar com sua tia. Depois de anos sem voltar para a fazenda em que...