Heitor
Deixo o pequeno apartamento de Ana Letícia com uma boa sensação por a ter conseguido ajudar. Mesmo que esta ajuda quase tenha colocado a construtora em maus lençóis com um de nossos melhores clientes. Mas no final ele entendeu que minha razões tinham fundamento e que acatá-las evitariam problemas futuros.
Ignoro os olhares dos curiosos quando atravesso os estreitos corredores de sigo em direção a saída. Aceno para duas senhoras sentadas na calçada antes de entrar no meu carro e dirijo de volta para o escritório.
Assim que chego me tranco em minha sala e peço a Silvia que não deixe ninguém me incomodar a menos que seja alguma urgência. A pilha de papéis em minha mesa é um tanto desanimadora. Para ajudar Ana Letícia com suas questões acabei deixando muito trabalho de lado e agora preciso correr atrás do prejuízo ou isso vai afetar o seguimento do resto da semana.
Me livro do paletó o deixando sobre o encosto do meu sofá de canto, dobro a manga da camisa até a altura do cotovelo e folgo um pouco a gravata para ficar um pouco mais a vontade.
Faço uma lista mental de prioridades antes de começar a trabalhar. No primeiro instante leio e assino os documentos que precisam ser enviados ainda hoje para o pessoal do jurídico e financeiro. Quando termino passo para a analise de algumas plantas aprovando algumas e mandando outras para serem revisadas.
Assim que a questão das plantas estão resolvidas passo para os e-mails. Respondo apenas aqueles que inspiram urgência deixando os outros para serem respondidos amanhã. Ainda que tenha feito dessa forma sou o último a deixar o escritório.
Minha cabeça lateja um pouco quando dirijo de volta para casa sonhando com um banho quente e minha cama aconchegante. Como de costume deixo o carro em frente a entrada principal para que algum funcionário o guarde depois.
_ Boa noite, senhor Heitor. – Cumprimenta Guadalupe assim que entro.
_ Boa noite, Lupe. – Digo beijando seu rosto. – As meninas já foram dormir?
_ Sim, senhor. Deseja que sirva o seu jantar agora?
_ Não estou com fome. Só quero tomar um banho e dormir. – Falo seguindo até as escadas. – Pode se recolher também. Até amanhã, Lupe! – Grito quando chego ao topo das escadas.
Antes de ir para o meu quarto passo no quarto de Valentina para saber se está realmente dormindo ou se está perdida nos livros.
Entro depois de uma leve batida e sorrio com a cena que encontro. Minha irmãzinha dorme com um livro aberto sobre seu peito. Comprovando que estava lendo antes de cair no sono. Com cuidado para não a acordar tiro o livro e uso o marcador no seu móvel de cabeceira para marcar a página antes de deixa-lo sobre o mesmo. Arrumo suas cobertas e beijo levemente o topo de sua cabeça antes de sair.
Também paro no quarto de Sofia. Quando entro a encontro dormindo completamente enrolada as cobertas. Algo que não é comum da minha irmã. Geralmente ela atira os cobertores para longe enquanto dorme. Preocupado me aproximo para saber se está tudo bem com ela, mas assim que puxo um pouco o cobertor me deparo com várias almofadas.
_ Você não fez isso, Sofia. – Sussurro para mim mesmo enquanto deixo o cômodo arrancando a gravata.
Desço as escadas apressado. Olho de relance o relógio de pulso quando desço o último degrau e vejo que são 22hrs55min.
_ Só pode ser brincadeira. – Bufo pegando o telefone da sala e discando para o ramal da segurança.
_ Portaria. – Reconheço a voz de Mariano, chefe da segurança, do outro lado da linha.
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Vidas Opostas
RomanceAna Letícia é uma jovem de 23 anos que batalha desde muito nova para ajudar com as despesas da casa depois que seu pai foi embora por não aceitar ter um filho deficiente visual. Mesmo passando por algumas dificuldades ela nunca se deixou abater. Mas...