Capítulo 5

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Heitor

Deixo o pequeno apartamento de Ana Letícia com uma boa sensação por a ter conseguido ajudar. Mesmo que esta ajuda quase tenha colocado a construtora em maus lençóis com um de nossos melhores clientes. Mas no final ele entendeu que minha razões tinham fundamento e que acatá-las evitariam problemas futuros.

Ignoro os olhares dos curiosos quando atravesso os estreitos corredores de sigo em direção a saída. Aceno para duas senhoras sentadas na calçada antes de entrar no meu carro e dirijo de volta para o escritório.

Assim que chego me tranco em minha sala e peço a Silvia que não deixe ninguém me incomodar a menos que seja alguma urgência. A pilha de papéis em minha mesa é um tanto desanimadora. Para ajudar Ana Letícia com suas questões acabei deixando muito trabalho de lado e agora preciso correr atrás do prejuízo ou isso vai afetar o seguimento do resto da semana.

Me livro do paletó o deixando sobre o encosto do meu sofá de canto, dobro a manga da camisa até a altura do cotovelo e folgo um pouco a gravata para ficar um pouco mais a vontade.

Faço uma lista mental de prioridades antes de começar a trabalhar. No primeiro instante leio e assino os documentos que precisam ser enviados ainda hoje para o pessoal do jurídico e financeiro. Quando termino passo para a analise de algumas plantas aprovando algumas e mandando outras para serem revisadas.

Assim que a questão das plantas estão resolvidas passo para os e-mails. Respondo apenas aqueles que inspiram urgência deixando os outros para serem respondidos amanhã. Ainda que tenha feito dessa forma sou o último a deixar o escritório.

Minha cabeça lateja um pouco quando dirijo de volta para casa sonhando com um banho quente e minha cama aconchegante. Como de costume deixo o carro em frente a entrada principal para que algum funcionário o guarde depois.

_ Boa noite, senhor Heitor. – Cumprimenta Guadalupe assim que entro.

_ Boa noite, Lupe. – Digo beijando seu rosto. – As meninas já foram dormir?

_ Sim, senhor. Deseja que sirva o seu jantar agora?

_ Não estou com fome. Só quero tomar um banho e dormir. – Falo seguindo até as escadas. – Pode se recolher também. Até amanhã, Lupe! – Grito quando chego ao topo das escadas.

Antes de ir para o meu quarto passo no quarto de Valentina para saber se está realmente dormindo ou se está perdida nos livros.

Entro depois de uma leve batida e sorrio com a cena que encontro. Minha irmãzinha dorme com um livro aberto sobre seu peito. Comprovando que estava lendo antes de cair no sono. Com cuidado para não a acordar tiro o livro e uso o marcador no seu móvel de cabeceira para marcar a página antes de deixa-lo sobre o mesmo. Arrumo suas cobertas e beijo levemente o topo de sua cabeça antes de sair.

Também paro no quarto de Sofia. Quando entro a encontro dormindo completamente enrolada as cobertas. Algo que não é comum da minha irmã. Geralmente ela atira os cobertores para longe enquanto dorme. Preocupado me aproximo para saber se está tudo bem com ela, mas assim que puxo um pouco o cobertor me deparo com várias almofadas.

_ Você não fez isso, Sofia. – Sussurro para mim mesmo enquanto deixo o cômodo arrancando a gravata.

Desço as escadas apressado. Olho de relance o relógio de pulso quando desço o último degrau e vejo que são 22hrs55min.

_ Só pode ser brincadeira. – Bufo pegando o telefone da sala e discando para o ramal da segurança.

_ Portaria. – Reconheço a voz de Mariano, chefe da segurança, do outro lado da linha.

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