Capítulo 4

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Ana Letícia

O meu dia não poderia terminar pior. Usei o meu horário de almoço para ir até o prédio da construtora para conversar com o responsável pelo lugar e pedir um pouco mais de tempo, mas tudo o que consegui foi ser atirada para fora por aquela gente metida a besta e perder a minha hora de almoço.

Para ganhar um pouco mais de dinheiro fiquei até mais tarde no trabalho. Quando sai do trabalho as ruas estavam desertas e fiquei com tanto medo de ser assaltada ou coisa pior quase fui atropelada pelo mesmo babaca que me expulsou da construtora.

Agora estou com um pé machucado, sob efeitos de analgésicos e indo para casa no carro de um completo desconhecido. Vamos no mais completo silêncio durante todo o caminho.

_ É aqui. – Aponto a construção antiga e quase caindo aos pedaços. – Obrigada por ter me trazido. – Digo começando a tirar o cinto de segurança assim que ele começa a estacionar.

_ Era o mínimo que poderia fazer depois de quase te atropelar. – Fala virando um pouco o corpo para ficar de frente para mim. – Era sobre este lugar que estava falando quando foi me procurar na construtora? – Pergunta esticando um pouco o pescoço para observar pela janela.

_ Sim. – Digo atraindo novamente sua atenção. – Sei que não é grande coisa, mas é um teto que nos abriga da chuva e paredes para proteger do frio.

_ Por que foi me pedir para aumentar o prazo para desalojarem?

_ Porque o antigo dono vendeu sem nos dar qualquer aviso. Quando nos comunicou da venda a princípio nos deu três meses para encontrarmos algum lugar, mas ontem ele esteve aqui para dizer que temos apenas uma semana para sairmos daqui.

_ Isso não está certo. Vocês deveriam ser avisados antes da venda para se prepararem.

_ Então você vai dar mais tempo para a gente? – Pergunto com o peito cheio de esperança.

_ A construtora não tem muito poder a respeito dos prazos de desalojamento. Isso é decidido pelo comprador que nos contratou para o trabalho. Sinto muito não poder ajudar. – Diz com certo pesar.

_ Tudo bem. – Suspiro cansada. – Pelo menos eu tentei.

_ Precisa de ajuda para chegar em casa? – Pergunta quando faço menção em abrir a porta.

_ Não. Consigo me virar sozinha. Boa noite, senhor Lombardo.

_ Boa noite.

Sem esperar mais salto do carro atraindo a atenção dos vizinhos. Com certa dificuldade caminho para dentro. Subir as escadas é um pouco complicado e faz o pé dor um pouco mais, mas consigo fazer sem qualquer acidente no percurso.

Por sorte estão todos dormindo e não preciso explicar o meu estado a ninguém. Tomo um banho tendo completo cuidado para não molhar a bota, visto um pijama e finalmente me deito sentindo o pé latejar bastante pelo excesso de esforço.

Dormir é algo complicado. Em parte, por conta da dor. Mas também tem a questão do trabalho. Com a perna desse jeito não vou conseguir ir trabalhar amanhã. O que na minha situação é ainda pior.

Com certeza o meu chefe não vai gostar nada dessa novidade e isto vai me custar uma parte do meu salário. O que me coloca ainda mais distante de uma forma de resolver o nosso problema de moradia.

Quando finalmente consigo dormir passa um pouco das 3hrs da manhã e o sono é agitado e nenhum pouco revigorante.

Acordo pontualmente as 6hrs como todos os dias. Antes de sair da cama ligo para o meu chefe para avisar sobre o meu acidente e que não poderei ir trabalhar nos próximos dois dias. Ele não fica nada contente por ter a equipe reduzida, mas aceita.

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