Capítulo 14

418 48 2
                                    

Heitor

Encaro a porta fechada por um tempo ainda processando o que acaba de acontecer. Acho que nunca havia visto a Bárbara tão descontrolada quanto agora. Ela simplesmente ficou fora de si. Entendo que me ver beijando outra pessoa não deva ser fácil para ela já que faz pouco tempo que terminamos. Mas jamais imaginei que ela teria uma reação dessas.

Olho para o lado e vejo que Ana Letícia também tem os olhos colados na porta fechada tão atônita quanto eu com a cena que presenciou.

_ Me desculpa, Ana. – Peço atraindo a sua atenção. – Não era para as coisas terem acontecido desse jeito.

_ Também acho que nos beijarmos foi um erro. – Ela fala recolhendo sua bolsa do chão.

_ Não me desculpei por causa do beijo, Ana. – Digo erguendo levemente o seu rosto com o indicador e o polegar para a fazer me encarar. – Estava me referindo a Bárbara. Não queria que ela soubesse sobre a gente dessa maneira.

_ Não existe a gente, senhor Lombardo. – Diz se afastando. – Apenas nos beijamos. Um beijo que deve ser esquecido. Porque não deveria ter acontecido. – Ela não olha diretamente para mim enquanto continua a falar. – Agora o melhor a se fazer é voltarmos a trabalhar.

Pretendia continuar a nossa conversa e dizer que não quero esquecer o que foi o melhor beijo da minha vida, mas ela começa a me passar minha agenda sem me dar espaço para falar nada. Quando termina de listar os meus afazeres do dia se retira da sala ainda sem me dirigir nenhum olhar direto.

Durante toda a manhã tento falar com ela sobre o nosso beijo e sobre nós dois entre uma reunião e outra. Mas ela sempre dá um jeito de fugir do assunto e falar sobre trabalho.

Enquanto Ana Letícia é tão fria quando um iceberg comigo Bárbara age de modo raivoso. Parece rosnar cada palavra quando as dirige para mim. Deixando o clima pesado cada vez que precisamos nos falar.

_ Então é isso. Já temos tudo pronto para a entrega do La Luna. – Digo fechando a pasta com os últimos relatórios da obra. – Você pode avisar entrar em contato e informar o cliente, Bárbara?

_ Claro. Afinal, esse é o meu trabalho. – Diz antes de deixar a sala pisando firme fazendo seus saltos ecoarem.

_ O que foi isso? – Diego pergunta confuso. – Por que a Bárbara parece estar tão brava? Por acaso vocês brigaram?

_ Nós terminamos, Diego. – Conto com um suspiro cansado.

_ Hoje?!

_ Não. Já fazem quase duas semanas.

_ Mas por que vocês terminaram? – Questiona sentando um pouco mais na ponta da cadeira para ficarmos mais próximos.

_ Porque percebi que não a amava mais e que só estava junto com ela por comodismo. – Digo deixando o meu lugar para encarar a avenida agitada lá embaixo. – A Bárbara sempre foi uma boa amiga e esteve ao meu lado nos piores momentos da minha vida. Acho que confundi os sentimentos. – Me volto para ele. – E continuar com a nossa relação seria injusto para ela.

_ Tem razão. Não seria justo com ela. – Fala deixando o seu lugar e caminhando em minha direção. – Posso perguntar mais uma coisa, Heitor? – Assinto com um maneio de cabeça. – Você esteve com a Bárbara por quase oito anos. Por que só agora notou que não a amava?

_ Apareceu outra pessoa que me faz sentir coisas que nunca senti antes. – Conto sem conseguir evitar um meio sorriso ao pensar em Ana Letícia e em nosso beijo esta manhã.

Vidas OpostasOnde histórias criam vida. Descubra agora