Ana Letícia
Aperto o banco de couro com toda a minha força à medida que o carro avança cada quilômetro a toda velocidade. Estamos tão rápido que vejo apenas os vultos dos carros que ultrapassamos.
_ Vai mais devagar, por favor. – Peço um tento ofegante.
_ Cala a boca! – Bárbara grita apontando a arma para mim dirigindo com apenas uma mão. – Não quero ouvir essa sua maldita voz. – O seus descontrole é assustador. – Se falar mais alguma coisa juro que acabo com você agora mesmo. – Grita ultrapassando um sinal vermelho.
Ouço o som de buzinas e pneus cantando antes de recebermos um forte impacto que me deixa tonta. Demoro um pouco para conseguir focar melhor a minha visão e percebo que nosso carro bateu de frente com um outro carro. Olho de lado procurando por Bárbara e vejo que a mesa está desmaiada com a cabeça sobre o volante.
Tento me mexer, mas todo o meu corpo dói. Alguém fala comigo, mas suas palavras não fazem qualquer sentido na minha cabeça. Sinto a boca seca e a garganta arranhando. Minha cabeça não para de girar e me sinto enjoada. Preciso manter os olhos fechados para não vomitar.
Ao fundo escuto um barulho persistente que depois me dou conta de que se trata de sirenes de uma ambulância.
_ Oi, moça. – Uma voz masculina fala um pouco mais atrás de mim. – Me chamo Victor Cruz. Eu vim aqui para ajudar você. Pode me dizer qual é o seu nome?
_ Ana Letícia. – Balbucio com certa dificuldade.
_ Ana, preciso que fique acordada e fale comigo. – Pede e sinto quando colocam alguma coisa em meu pescoço. – Pode me dizer onde mais dói?
_ Minha cabeça. – Falo tentando abrir os olhos, mas é um péssima ideia.
_ Bom, Ana. Além da cabeça dói em mais algum lugar?
_ Não.
_ Certo. – Fala ao mesmo tempo que ouço um barulho alto que faz a minha cabeça latejar ainda mais. – Vamos tirar ela daqui.
Ele fala com mais alguém e instantes depois sinto o meu corpo ser colocado sobre uma espécie de prancha. Depois disso sou puxada para a escuridão por completo. Ainda os ouço gritar e falarem de forma frenética, mas não consigo entender o que falam. Será que é assim que as pessoas se sentem quando estão morrendo?
HEITOR
_ Admita que perdeu a prática. – Lorenzo diz em tom zombeteiro quando deixamos a quadra pela lateral.
_ Você é que trapaceou. – O acuso atirando em sua direção a toalha que estava usando para secar o meu suor.
_ Não seja um mal perdedor, Heitor. – Continua a brincar. – Sabe que ganhei de modo honesto.
_ Vou querer um revanche. – Digo antes de tomar um longo gole de água da minha garrafa.
_ Prometo que vai ter outras chances para perder para mim. – Diz arrumando sua mochila nos ombros. – Mas o que acha de uma pausa para o almoço antes disso. Tudo por sua conta. – Fala passando o braço sobre os meus ombros.
_ Nada disso. – O empurro. – Vamos dividir a conta igualmente.
_ Eu tinha que tentar. – Dá de ombros com o seu ar sapeca de sempre.
Antes de irmos para o restaurante fazemos uma pausa no vestiário masculino para tomarmos um banho e trocarmos de roupa. Afinal, não queremos que ninguém passe mal por causa do nosso cheiro.
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Vidas Opostas
RomanceAna Letícia é uma jovem de 23 anos que batalha desde muito nova para ajudar com as despesas da casa depois que seu pai foi embora por não aceitar ter um filho deficiente visual. Mesmo passando por algumas dificuldades ela nunca se deixou abater. Mas...