Capítulo 22

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Ana Letícia

Aperto o banco de couro com toda a minha força à medida que o carro avança cada quilômetro a toda velocidade. Estamos tão rápido que vejo apenas os vultos dos carros que ultrapassamos.

_ Vai mais devagar, por favor. – Peço um tento ofegante.

_ Cala a boca! – Bárbara grita apontando a arma para mim dirigindo com apenas uma mão. – Não quero ouvir essa sua maldita voz. – O seus descontrole é assustador. – Se falar mais alguma coisa juro que acabo com você agora mesmo. – Grita ultrapassando um sinal vermelho.

Ouço o som de buzinas e pneus cantando antes de recebermos um forte impacto que me deixa tonta. Demoro um pouco para conseguir focar melhor a minha visão e percebo que nosso carro bateu de frente com um outro carro. Olho de lado procurando por Bárbara e vejo que a mesa está desmaiada com a cabeça sobre o volante.

Tento me mexer, mas todo o meu corpo dói. Alguém fala comigo, mas suas palavras não fazem qualquer sentido na minha cabeça. Sinto a boca seca e a garganta arranhando. Minha cabeça não para de girar e me sinto enjoada. Preciso manter os olhos fechados para não vomitar.

Ao fundo escuto um barulho persistente que depois me dou conta de que se trata de sirenes de uma ambulância.

_ Oi, moça. – Uma voz masculina fala um pouco mais atrás de mim. – Me chamo Victor Cruz. Eu vim aqui para ajudar você. Pode me dizer qual é o seu nome?

_ Ana Letícia. – Balbucio com certa dificuldade.

_ Ana, preciso que fique acordada e fale comigo. – Pede e sinto quando colocam alguma coisa em meu pescoço. – Pode me dizer onde mais dói?

_ Minha cabeça. – Falo tentando abrir os olhos, mas é um péssima ideia.

_ Bom, Ana. Além da cabeça dói em mais algum lugar?

_ Não.

_ Certo. – Fala ao mesmo tempo que ouço um barulho alto que faz a minha cabeça latejar ainda mais. – Vamos tirar ela daqui.

Ele fala com mais alguém e instantes depois sinto o meu corpo ser colocado sobre uma espécie de prancha. Depois disso sou puxada para a escuridão por completo. Ainda os ouço gritar e falarem de forma frenética, mas não consigo entender o que falam. Será que é assim que as pessoas se sentem quando estão morrendo?

HEITOR

_ Admita que perdeu a prática. – Lorenzo diz em tom zombeteiro quando deixamos a quadra pela lateral.

_ Você é que trapaceou. – O acuso atirando em sua direção a toalha que estava usando para secar o meu suor.

_ Não seja um mal perdedor, Heitor. – Continua a brincar. – Sabe que ganhei de modo honesto.

_ Vou querer um revanche. – Digo antes de tomar um longo gole de água da minha garrafa.

_ Prometo que vai ter outras chances para perder para mim. – Diz arrumando sua mochila nos ombros. – Mas o que acha de uma pausa para o almoço antes disso. Tudo por sua conta. – Fala passando o braço sobre os meus ombros.

_ Nada disso. – O empurro. – Vamos dividir a conta igualmente.

_ Eu tinha que tentar. – Dá de ombros com o seu ar sapeca de sempre.

Antes de irmos para o restaurante fazemos uma pausa no vestiário masculino para tomarmos um banho e trocarmos de roupa. Afinal, não queremos que ninguém passe mal por causa do nosso cheiro.

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