Capítulo 10

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Heitor

Pensei que durante o almoço conseguiria me aproximar mais de Ana e quem sabe conseguir a sua confiança. A quem estou querendo enganar? A convidei para almoçar e a trouxe num dos melhores restaurantes italianos da cidade com a intenção de impressioná-la com o meu prestígio. Mas logo no primeiro instante percebi que este não é o tipo de coisa que a impressiona.

Nenhuma mulher com quem saí se importou que eu arcasse com as contas. Já ela fez questão de dividir mesmo sabendo que gastaríamos boa parte do seu dinheiro. Isso mostra muito sobre o seu caráter e me faz repensar o tipo de pessoas que me rodeiam.

Quando voltamos ao escritório ela se apressou em lidar com as mudanças que pedi que fizesse em minha agenda e fui direto para a minha sala cuidar dos papeis que Bárbara me enviou mais cedo.

São os documentos para a entrega do La Luna e a autorização para começarmos com a reforma em um Hotel Resort em Acapulco. Leio tudo com atenção e depois que assino ligo para Ana e peço que venha até a minha sala.

_ Precisa de algo, senhor? – Pergunta ao de entrar depois de bater levemente na porta.

_ Sim. – Digo organizando todos os papeis de volta na pasta. – Quero que entregue esses documentos para a senhorita Bárbara. – Estendo a pasta e ela pega com cuidado.

_ Vou fazer isso agora mesmo. – Garante sem me olhar diretamente nos olhos. – Precisa de mais alguma coisa, senhor?

_ Por enquanto é só.

Com um maneio de cabeça ela deixa a sala apressada. Tenho uma tarde tranquila sem muitas reuniões. Ainda não me encontrei com Bárbara depois do nosso término. O que é algo quase impossível de se fazer já que trabalhamos no mesmo lugar. Mas acredito que seja melhor assim por enquanto.

Quando chego em casa deixo o cansaço do trabalho para me dedicar as minhas irmãs. Pedimos pizzas e fazemos uma noite de cinema na sala de TV. Lógico que tem uma pequena discursão quanto ao gênero do filme e depois de tirarmos na sorte é Valentina quem ganha e assistimos a sua sugestão.

Na hora de dormir Ana Letícia invade meus pensamentos sem pedir licença e é pensando nela que adormeço e desperto na manhã seguinte. Deixo a cama com certa tristeza por saber que vou passar todo o final de semana sem a encontrar.

_ Como vou passar todo esse tempo sem vê-la? – Pergunto a meu reflexo no espelho. – Preciso dar um jeito de me encontrar com ela. – Digo decidido. – Mas como vou fazer isso?

Me apoio na pia do banheiro pensativo. E enquanto busco meios e desculpas para ir encontra-la lembro que no almoço que tivemos ontem ela comentou sobre se mudar hoje com a família para a nova casa.

_ É isso! – Exclamo animado. – Vou ajudar com a mudança.

Contente com a minha ideia me apresso em tomar meu banho e vestir roupas confortáveis para o trabalho.

Essa necessidade de estar perto de alguém é algo novo e completamente desconhecido por mim. Com Bárbara não sentia essa dependência. Mesmo envolvidos a tanto tempo havia ocasiões que passávamos dias sem nos vermos e estava tudo bem. E agora isso me prova mais uma vez de que o que tinha com ela não passava de comodismo.

_ Vai sair, senhor? – Lupe pergunta quando nos encontramos próximos as escadas.

_ Sim. E avise as minhas irmãs que vou passar o dia fora, mas que ela devem se comportar. – Digo beijando sua bochecha antes de seguir em direção a porta.

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