Capítulo 26

361 49 1
                                    

Ana Letícia

Aos poucos as coisas vão voltando ao que eram antes e a normalidade está voltando a fazer parte da nossa rotina. Quer dizer, ainda não me acostumei com a mudança para a mansão e muito menos mamãe. Ainda nos perdemos um pouco pela casa. Já Gael está bastante familiarizado com tudo. As meninas fizeram questão de o ajudar no reconhecimento do lugar. De todos acho que ele é o único que nunca se perdeu a caminho da cozinha ou em busca de um banheiro.

Devido as recomendações médicas estou afastada do trabalho. Em outros tempos isso me deixaria maluca, mas tenho consciência que é para o bem do meu filho. Mas ficar sem trabalhar não significa ficar parada sem fazer nada o dia todo como uma dessas dondocas.

Aproveito o tempo livre para organizar os preparativos do casamento com a ajuda de Alicia e mamãe. Heitor e eu decidimos nos casar no final do mês que vem. Afinal, porque esperar mais para sermos felizes.

Porém mesmo mantendo minha cabeça ocupada com a lista de convidados, buffet, vestido e decoração não consigo parar de pensar em como Bárbara deve estar. Já faz uma semana desde que ela foi presa. E ontem recebi uma intimação da delegacia para depor sobre como tudo aconteceu.

_ Tem certeza de que está se sentindo bem para ir hoje? – Heitor pergunta parado logo atrás de mim enquanto me assiste terminar de arrumar o cabelo. – Posso falar com o delegado para que você vá até lá um outro dia.

_ Sei que pode, mas quero acabar logo com isso. – Digo deixando a escova sobre a bancada. – Quero deixar a cabeça livre para pensar apenas no nosso casamento e no nosso filho.

_ Tudo bem. – Fala me envolvendo pela cintura. – Mas vou ficar com você durante todo o tempo.

_ Não vou recusar. – Acaricio o seu rosto e beijo levemente os seus lábios. – Eu te amo, sabia?

_ Eu também te amo, Bonita. – Beija o topo da minha cabeça e depois os meus lábios. – Agora vamos descer para tomar um bom café da manhã. – Faço uma careta. Tem dois dias que a simples menção sobre comida durante a manhã revira o meu estômago. – Sei que está enjoada, mas só vamos para a delegacia depois que você comer.

_ Não podemos comer depois? – Pergunto com uma voz manhosa.

_ Isso não é negociável. – Ele diz com um meio sorriso.

_ Não custava tentar.

Deixamos o nosso quarto de mãos dadas e vamos direto para a sala de jantar. Gael, Tina e Sofi conversam animados sobre a chegada das férias enquanto mamãe conversa com Lupe. As duas se tornaram boas amigas desde que viemos para a mansão.

Por conta do enjoo matinal belisco apenas algumas frutas e bebo um copo de suco de limão sob a supervisão de Heitor. Ele tem se mostrado muito cuidadoso comigo desde que descobrimos sobre o bebê.

Vamos para a delegacia logo depois que termino. O advogado que está nos representando está em frente a entrada da delegacia nos esperando. Trocamos um formal e rápido cumprimento antes de entrarmos.

Não tem fila de espera ou nada parecido. O delegado me chama assim que é avisado da minha presença. Queria que Heitor entrasse comigo, mas o protocolo da situação não permite e entro apenas com o doutor Mendes.

_ Pode começar a falar quando quiser, senhorita Diaz. – O delegado fala cruzando os dedos sobre a mesa.

_ No dia do acidenta tinha um almoço marcado com a senhora Alicia Aguilar. – Começa torcendo as mãos sobre o colo. – Estava saindo de casa quando a Bárbara apareceu. Ela me ameaçou com uma arma e me obrigou a entrar no carro.

Vidas OpostasOnde histórias criam vida. Descubra agora