Capítulo 8

529 61 1
                                    

Heitor

_ Não acredito que contratou aquela mulher para ser a sua secretária. – Bárbara diz enquanto me segue até a minha sala. – Ela não tem o perfil da empresa. Mal deve saber ler. E não deve ter nem onde cair morta.

_ Não admito esse tipo de preconceito na minha empresa. – Pontuo pegando minha pasta.

_ Só estou tentando te fazer entender que contratar essa morta de fome não é o mais querente para a construtora.

_ Chega desse assunto, Bárbara. – Falo elevando um pouco a voz. – A contratação de Ana Letícia não está em discussão. Preciso de uma secretária e ela preenche muito bem os requisitos.

A deixo plantada no meio da sala e sigo ao encontro de Ana Letícia que segura sua bolsa junto a sua mesa.

_ Está pronta para irmos? – Questiono parando diante dela que assente em resposta. – Então podemos ir.

Encontramos com Bárbara no caminho até o elevador privado. Ela não diz nada, mas pela forma como me olha sei que a nossa conversa sobre Ana Letícia trabalhar aqui ainda não acabou.

Seguimos no meu carro até o escritório do nosso fornecedor. O homem me atende no mesmo instante que digo quem sou. Peço que Ana entre comigo e anote tudo o que for falado. Não preciso de mais que trinta minutos para que o prazo de uma semana se tornasse dois dias. Isso ainda vai atrasar a obra, mas é melhor do que nada.

Não paro um segundo sequer quando voltamos à construtora. A reunião com o pessoal do prédio comercial se estende um pouco, mas encerramos com tudo certo para começarmos a construção. Com a equipe do La Luna é mais rápido já que é apenas a apresentação dos relatórios da obra e o fechamento da entrega.

Ana Letícia volta a me acompanhar quando saio para visitar um terreno com Diego Aguilar. Ela toma nota de tudo o que falamos.

_ Quando acha que podemos liberar o início da obra? – Pergunto a Diego quando deixamos o terreno.

_ Acredito que amanhã mesmo. – Ele garante. – Vou cuidar disso pessoalmente.

_ Ainda vai voltar para o escritório? – Questiono quando chegamos perto dos nossos carros.

_ Não. Por hoje chega de trabalho. Tudo o que quero é ir para casa e encontrar com minha esposa. Estou morrendo de saudades dela. – Fala com um sorriso de bobo apaixonado.

_ Então nos vemos amanhã. – Digo trocando um aperto de mão com ele. – Mande lembranças a Alicia.

_ Mando, sim. – Garante destravando seu carro. – Até amanhã, senhorita. – Acena para minha secretária que corresponde ao aceno timidamente.

Fico parado ao lado dela assistindo o carro de Diego se afastar. Quando o perdemos de vista é que entramos no meu carro.

_ Nós vamos voltar para o escritório? – Ana pergunta quando nos coloco em movimento.

_ Não. – Digo sem tirar os olhos da estrada. – Nós já encerramos a agenda do dia.

_ Então para onde estamos indo?

_ Estou te dando uma carona para casa. – Respondo dando de ombros.

_ Mas não precisa fazer isso, senhor Lombardo. Posso pegar um ônibus e ir para casa sem qualquer problema. – Argumenta e pelo canto do olho a vejo torcer os dedos sobre o colo.

Vidas OpostasOnde histórias criam vida. Descubra agora