Heitor
_ Não acredito que contratou aquela mulher para ser a sua secretária. – Bárbara diz enquanto me segue até a minha sala. – Ela não tem o perfil da empresa. Mal deve saber ler. E não deve ter nem onde cair morta.
_ Não admito esse tipo de preconceito na minha empresa. – Pontuo pegando minha pasta.
_ Só estou tentando te fazer entender que contratar essa morta de fome não é o mais querente para a construtora.
_ Chega desse assunto, Bárbara. – Falo elevando um pouco a voz. – A contratação de Ana Letícia não está em discussão. Preciso de uma secretária e ela preenche muito bem os requisitos.
A deixo plantada no meio da sala e sigo ao encontro de Ana Letícia que segura sua bolsa junto a sua mesa.
_ Está pronta para irmos? – Questiono parando diante dela que assente em resposta. – Então podemos ir.
Encontramos com Bárbara no caminho até o elevador privado. Ela não diz nada, mas pela forma como me olha sei que a nossa conversa sobre Ana Letícia trabalhar aqui ainda não acabou.
Seguimos no meu carro até o escritório do nosso fornecedor. O homem me atende no mesmo instante que digo quem sou. Peço que Ana entre comigo e anote tudo o que for falado. Não preciso de mais que trinta minutos para que o prazo de uma semana se tornasse dois dias. Isso ainda vai atrasar a obra, mas é melhor do que nada.
Não paro um segundo sequer quando voltamos à construtora. A reunião com o pessoal do prédio comercial se estende um pouco, mas encerramos com tudo certo para começarmos a construção. Com a equipe do La Luna é mais rápido já que é apenas a apresentação dos relatórios da obra e o fechamento da entrega.
Ana Letícia volta a me acompanhar quando saio para visitar um terreno com Diego Aguilar. Ela toma nota de tudo o que falamos.
_ Quando acha que podemos liberar o início da obra? – Pergunto a Diego quando deixamos o terreno.
_ Acredito que amanhã mesmo. – Ele garante. – Vou cuidar disso pessoalmente.
_ Ainda vai voltar para o escritório? – Questiono quando chegamos perto dos nossos carros.
_ Não. Por hoje chega de trabalho. Tudo o que quero é ir para casa e encontrar com minha esposa. Estou morrendo de saudades dela. – Fala com um sorriso de bobo apaixonado.
_ Então nos vemos amanhã. – Digo trocando um aperto de mão com ele. – Mande lembranças a Alicia.
_ Mando, sim. – Garante destravando seu carro. – Até amanhã, senhorita. – Acena para minha secretária que corresponde ao aceno timidamente.
Fico parado ao lado dela assistindo o carro de Diego se afastar. Quando o perdemos de vista é que entramos no meu carro.
_ Nós vamos voltar para o escritório? – Ana pergunta quando nos coloco em movimento.
_ Não. – Digo sem tirar os olhos da estrada. – Nós já encerramos a agenda do dia.
_ Então para onde estamos indo?
_ Estou te dando uma carona para casa. – Respondo dando de ombros.
_ Mas não precisa fazer isso, senhor Lombardo. Posso pegar um ônibus e ir para casa sem qualquer problema. – Argumenta e pelo canto do olho a vejo torcer os dedos sobre o colo.
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Vidas Opostas
RomanceAna Letícia é uma jovem de 23 anos que batalha desde muito nova para ajudar com as despesas da casa depois que seu pai foi embora por não aceitar ter um filho deficiente visual. Mesmo passando por algumas dificuldades ela nunca se deixou abater. Mas...