Capítulo 11

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Ana Letícia

As palavras de Heitor ainda ecoam em minha cabeça mesmo horas depois dele ter ido embora. Ainda não consigo acreditar no que me disse por mais que tenha sentido um tom de verdade no que dizia. Acho que além de não conseguir eu me nego a acreditar em sua paixão por mim.

_ Ele não pode estar apaixonado por mim. – Murmuro para mim mesma na tentativa de me convencer que coisas como essas não acontecem com pessoas como eu.

Não volto a encontra-lo no domingo e tento me concentrar em terminar de desempacotar algumas caixas que sobraram ao invés de ficar pensando nele e nas coisas que disse. E até consigo fazer isso por um tempo, mas sempre que baixo a guarda ele invade meus pensamentos com aquele sorriso de lado e olhos verdes que fazem meu coração querer saltar pela boca.

Quando a segunda-feira chega trazendo com ela a certeza de que vou voltar a vê-lo me sinto tão nervosa quanto estava no meu primeiro dia de trabalho. O nervosismo é tanto que me tira o apetite e saio de casa sem tocar no café da manhã.

Sinto as mãos suarem e tremerem quando entro no elevador e aperto o botão da cobertura mesmo sabendo que ele só vai chegar ao escritório daqui uma hora.

Tento manter a calma e me focar no trabalho. A primeira coisa que faço é cuidar da agenda de hoje e confirmar todos os compromissos do dia antes de passa-los para Heitor.

Estou terminando de colocar tudo em ordem quando uma rosa vermelha atravessa o meu campo de visão. Fico alguns segundos encarando o objeto antes de ergue os olhos e encontrar Heitor a me olhar com aquele sorriso que faz meu coração acelerar.

_ O que...o que significa isso? – Pergunto alternando o olhar entre ele e a rosa que ainda me estende.

_ Não é óbvio? Estou dando uma rosa para a mulher por quem estou apaixonado. – Fala deixando a rosa sobre a mesa quando percebe que não vou pegá-la.

_ Dá para parar de falar isso. – Peço olhando para os lados verificando se não tem ninguém por perto que possa tê-lo ouvido falar.

_ Não vou parar de falar porque é a mais pura verdade. – Diz se apoiando na mesa reduzindo a pouca distância que existia entre nós dois. – Eu estou apaixonado por você. – Dá uma piscadela antes de ir embora para a sua sala.

Fico a observar o caminho que ele fez até que os meus olhos recaem sobre a rosa solitária que descansa sobre uma pequena pilha de papéis. Ainda um tanto hesitante a pego e aspiro o seu perfume. Gosto do aroma doce e suave que ela exala. Preciso admitir que foi fofo da parte dele me presentear com essa rosa.

Mas o que estou pensando? Me recrimino mentalmente afastando um pouco a rosa. Não posso achar nada disso lindo ou fofo. Tenho que lembrar que isso tudo não passa de diversão para ele e que assim que encontrar uma mulher da sua classe social e vai esquecer que existo.

_ Só estou aqui para trabalhar. – Digo a mim mesma em voz alta enquanto coloco a rosa em um vaso com água e a deixo em um aparador ao lado da minha mesa.

Respiro fundo buscando me recompor antes de pegar o tablet onde tenho anotada toda a agenda do meu chefe e sigo ao seu encontro. Ele está folheando alguns documentos quando entro na sala, mas os deixa de lado para ouvir os seus compromissos do dia.

Procuro me manter profissional e não me deixar afeta quando ele me lança aquele olhar que me faz esquecer a forma correta de respirar e me tira o fôlego. Mas pela naturalidade como fala sobre o trabalho tenho a impressão de que ele não sabe que possui esse olhar.

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