Capítulo 13

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Ana Letícia

Ver o meu irmão todo machucado daquela maneira me rasgou a alma e me deixou completamente sem ação. Acho que se Heitor não estivesse comigo ainda estaria plantada naquela enfermaria o ouvindo gemer de dor.

Meu coração ainda está um pouco agitado mesmo agora que já sei que tudo está bem e o tenho diante de mim. Os hematomas ainda estão presentes e assustam um pouco. Mas Lorenzo garantiu que em um par de dias eles somem e tudo volta ao normal. Seguro sua mão com cuidado e a trago até meus lábios depositando um beijo suave.

Sorrio fraco enquanto toco o seu rosto com cuidado. Meu irmão é um lutador que não pensa duas vezes antes de defender alguém e não se importa em sair machucado se for preciso. Essa é mais uma razão que me faz o admirar ainda mais.

Aproveito que ele está dormindo para ligar para a minha mãe e contar o que houve. É uma pequena batalha convencê-la de que tenho tudo sob controle e que não existe necessidade de que ela venha para o hospital.

Todos são muito atenciosos com meu irmão. Lorenzo vem até o quarto para ver como ele estar e refazer alguns exames a cada uma hora. Quando finalmente somos liberados já começa a escurecer e estou exausta.

Chamo um táxi para nos levar para casa. Assim que ganhamos as ruas ligo para a minha mãe avisando que já estamos voltando e depois envio uma mensagem para Heitor como ele havia pedido. Mas assim que o faço me arrependo. O cara quer saber sobre todos os meus passos.

_ Por que está tão irritada, Aninha? – Gael pergunta virando um pouco a cabeça em minha direção.

_ Não estou irritada. – Digo atirando o celular dentro da bolsa. – Por que a pergunta?

_ Você está respirando forte como faz quando tenta controlar a raiva. – Comenta com um meio sorriso.

_ Não estou, não. Você está imaginando coisas. Só estou cansada. Foi um dia cheio.

_ Se você está dizendo. – Fala deixando claro que não acreditou em nada do que eu disse.

Fazemos o resto do caminho em silêncio. Quando chegamos em casa mamãe vem nos receber no portão. A assisto encher meu irmão de beijos e inspecionar seus machucados com seu olhar experiente.

Quando entramos ela prontamente ajuda meu irmão com o banho, mesmo ele protestando, e depois o obriga a comer sopa na cama como se ele estivesse doente do estômago ou com gripe. Arrisco dizer que se ele fosse um pouco menor e mais leve ela o colocaria no braço para fazê-lo dormir como costumava fazer quando ele era pequeno.

A deixo o mimando e trato de tomar um banho. Agora que todo o desespero e aflição passaram me sinto exausta e todo o meu corpo dói. Depois do banho tomo um pouco de sopa e vou para o quarto me deitar.

Estou quase dormindo quando ouço o meu celular tocar sobre o móvel ao lado da cama. Ainda os olhos fechados ateio o móvel até encontrar o aparelho e atendo a ligação sem nem mesmo ver quem está ligando.

_ Alô. – Falo sem ânimo.

_ Vocês estão bem? Chegaram em casa? Aconteceu alguma coisa? – Heitor pergunta afobado do outro lado da linha.

A angustia em sua voz me desperta por completo e me sento na cama para conseguir conversar melhor.

_ Calma, Heitor. – Peço arrumando o cabelo atrás da orelha. – Nós já estamos em casa e está tudo bem.

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