The Secrets

789 47 3
                                    

Point of view Charlotte Adams 

- Eu não sei quase nada sobre você Char. - Justin diz, estamos deitados em sua cama, enquanto ele acaricia meus cabelos, o tempo parece passar mais depressa quando estamos juntos, e eu odiava isso.

- Você sabe tudo sobre mim, Justin. - Levanto minha cabeça encarando seu rosto, lindo de morrer.

- Não. Não como você era antes daqui, antes desse lugar. Não sei o que aconteceu com você, você ao contrário sabe tudo sobre mim, meus segredos mais obscuros. - respiro fundo. - Me conte a primeira coisa ruim que aconteceu com você.

'' A base de qualquer relação é a sinceridade, Charlotte, por isso eu cobro muito isso de vocês. Eu preciso saber seus segredos, pra conhecê-los de verdade.. É assim tanto na amizade, no namoro, ou na relação com sua família.''

As palavras da psicóloga se passavam por minha cabeça, me deixando zonza.

- Muito bem. Lá vai.- Respirei fundo antes de começar, sentindo-me tonta pelo batimento acelerado do meu coração. Não conseguia me lembrar da última vez que havia ficado tão nervosa e com o estômago tão embrulhado. - Meu pai morreu quando eu tinha 5 anos, e Olívia, minha irmã ainda era um bebê recém nascido, quando o câncer, que já era parte dele, o dominou. - Ainda estou deitada em seu peito, e ele continua com o carinho em meus cabelos. - Depois de uns anos, minha mãe se casou novamente. Era um viúvo com um filho 5 anos mais velho que eu, então acho que todos pensaram que o casamento seria muito conveniente para ambas as partes. Ele viajava muito e quase não parava em casa. Minha mãe poderia gastar o dinheiro dele à vontade e em troca assumiria a criação do garoto.

Nossos olhares se encontraram. Alguma coisa se fortaleceu entre nós naquele momento de sinceridade. Isso tornou mais fácil para mim continuar a história. — Eu tinha dez anos quando o filho do meu padrasto me estuprou pela primeira vez...

Ouvi o coração de Justin começar a bater com uma rapidez absurda, bem embaixo de meu ouvido. Suas mãos sairam de meus cabelos, e eu me sentei apressada, vendo as mesmas fechadas em punho. Ele se levantou e eu fiz o mesmo, em seguida.

- Sente-se, Charlotte. - Olhei para ele. Estava tenso, com os olhos gelados. Ele acariciou meu rosto e falou num tom mais suave: -Sente-se... por favor.- Minhas pernas bambas cederam, e eu me sentei na beirada da cama. Justin permaneceu de pé, andando de um lado para o outro. - Você disse que essa foi a primeira vez. Houve mais quantas?

Respirei bem fundo, lutando para me acalmar. -Não sei. Perdi a conta.

- Você contou para alguém? Contou para sua mãe?

- Não! Nathan fez de tudo para me deixar apavorada, de modo que não tocasse no assunto.- Tentei engolir, mas minha garganta estava rígida, fechada, e a queimação que sentia fez com que eu me encolhesse toda. Quando voltei a falar, minha voz não passava de um sussurro. - Teve uma época em que a coisa ficou tão feia que eu quase contei mesmo assim, mas ele percebeu. Notou que eu estava prestes a abrir a boca. Foi quando quebrou o pescoço da minha gata e deixou o cadáver na minha cama.

Ele estava ofegante, passou as mãos no cabelo nervoso. Essa era a última reação que eu esperava de Justin. Eu pensei que ele fosse gostar do meu sofrimento, como gosta do sofrimento de qualquer um.

- Os empregados da casa deviam saber -continuei, de cabeça baixa, olhando para minhas mãos contorcidas. Eu só queria acabar logo com aquilo e fazer as lembranças voltarem para um compartimento da minha mente no qual elas não atrapalhassem minha vida com Justin.- Como não disseram nada, acho que também tinham motivos pra ter medo. Eles eram adultos e não abriram a boca. Eu era uma criança. O que eu poderia fazer se os adultos não faziam nada?

ManicômioOnde histórias criam vida. Descubra agora